Usar o clube de maior torcida do Brasil como vitrine. E esquecer o Santos. Esse é o plano simples, mas efetivo da Doyen Sports, fundo de investimento maltês. Com dívidas que batem nos R$ 750 milhões, o Flamengo recebe de braços abertos a iniciativa da empresa. Está pronto para receber Marcelo Cirino. Atacante revelação do Atlético Paranaense. E quem mais vier.
Parceria com Doyen Sports pode trazer craques ao Fla.
Com o aval de Vanderlei Luxemburgo, a Doyen não perdeu tempo. Comprou por R$ 13,1 milhões 50% do artilheiro de 22 anos. E está fechando os últimos detalhes do repasse para o clube carioca. A intenção é valorizá-lo e vendê-lo para a Europa. Ao clube carioca caberia apenas pagar os salários do atleta.
A transação fechada em Curitiba foi tratada em sigilo. Levou mais de dois meses. Antes, a Doyen já havia comprado 70% de Douglas Coutinho, jovem atleta de apenas 20 anos. E busca colocá-lo no mercado europeu nesta janela do final de ano. O primeiro alvo é o Porto, clube português que serve de trampolim para brasileiros aos maiores times do mundo. Se não der certo, a Gávea é opção.
Em relação ao Flamengo, tudo parece ser mais simples. O responsável pela Doyen Sports no Brasil é Renato Duprat. Ele é o homem que levou a MSI para o Corinthians. As transações com dinheiro vindo da Rússia, via Inglaterra, despertaram a atenção da Polícia Federal. A parceria teve de ser rompida depois da devassa no clube paulista. Desde então, o empresário se mantém longe do Corinthians.
A proximidade de Vanderlei Luxemburgo e Duprat começou no Parque São Jorge. Continuaram amigos quando ele comandava o Santos. Neste ano, Duprat tentou ajudar o técnico a assumir o Palmeiras.
A relação de amizade entre os dois pode facilitar a vida da diretoria do Flamengo. Marcelo Cirino pode ser apenas o primeiro jogador da Doyen a desembarcar na Gávea. A relação com a nova diretoria santista é muito mais fria do que era com a anterior.
O novo presidente, Modesto Roma Júnior, já afirmou que não ficará refém do fundo investidor. Com dívidas batendo nos R$ 300 milhões, quer se livrar de Leandro Damião de qualquer maneira. Acredita ser um desperdício ter de pagar R$ 500 mil mensais ao atleta, fora os R$ 50 mil de auxílio moradia.
Negocia seu empréstimo com o Cruzeiro. O clube mineiro queria pagar R$ 250 mil, 50% de seu salário. Modesto disse não. A proposta subiu para R$ 400 mil. Mas os dirigentes santistas desejam que os mineiros paguem integralmente os vencimentos do atacante.
Leandro Damião não quer mais jogar no Santos. Seu empresário, Vinícius Prates, não para de repetir. Não há como seu atleta seguir em uma equipe que não acredita no seu potencial. É verdade. Os dirigentes têm certeza que o atacante não acrescenta nada ao elenco.
A Doyens Sports tem deixado o clube santista tratar diretamente do empréstimo do atacante. Em compensação, Renato Duprat está sendo muito procurado em relação a Lucas Lima. O meio-campista foi muito bem na Vila Belmiro. Seria ótimo negócio levá-lo a um clube que dispute a Libertadores. Ou então para o Flamengo. A política santista será investir na base, economizar em 2015.
Luxemburgo não é exatamente manager. Mas, depois de salvar o Flamengo do rebaixamento no último Brasileiro, ganhou muita moral. E tem a liberação dos dirigentes para trabalhar junto com o executivo Rodrigo Caetano. E ele tem apelado a amigos. Como Renato Duprat.
O treinador quer reforços importantes para o próximo ano. Ele renovou seu contrato com o Flamengo até 2015. Recusou o Internacional por conta de seu mais novo projeto. Classificar o clube para a Libertadores de 2015. Há até um bônus milionário prometido pela direção do clube. Além de continuar no firme propósito de recuperar sua desgastada carreira.
Para isso, precisará de reforços. Marcelo Cirino, Jadson, Arthur Maia são nomes considerados certos na Gávea. A relação com Duprat pode abrir outras possibilidades. Como Lucas Lima, Douglas Coutinho. Ou até, quem sabe, Leandro Damião.
O sucesso de Everton no Flamengo serviu como grande incentivo na negociação envolvendo Marcelo Cirino. A diretoria do Corinthians, que quase o contratou no meio do ano, considerou o atleta muito exigente, difícil de negociar. Pior até mesmo do que o problemático Mario Celso Petraglia.
O dirigente não desistiu da sua primeira pedida por 50% do atacante: cinco milhões de euros, cerca de R$ 16,4 milhões. De uma vez só. O clube paulista pretendia parcelar em cinco vezes. Nada feito.
O mercado brasileiro é visto como um campo de oportunidades para 2015. A recessão chegou para valer. Os grandes patrocinadores estão fugindo do futebol. Há clima de desespero nos grandes clubes brasileiros. Negociar com o fundo maltês pode ser a salvação.
Vanderlei Luxemburgo enxergou a possibilidade. Ter grandes jogadores sem o Flamengo investir. Servir apenas de vitrine para a Doyen. Ao contrário do que acontece na Vila Belmiro, os dirigentes cariocas prometem não criar obstáculos para a Doyen.
Eduardo Bandeira de Mello sentiu durante todo o ano. É impossível ter paz na Gávea se esquecer o futebol. A estratégia de ‘bom e barato’ quase levou o Flamengo à Segunda Divisão. O presidente jurou que não passaria novamente por tanto sufoco. Dentro desse cenário, chega Renato Duprat.
A Doyen Sports é apenas um braço do Grupo Doyen. Ele se apresenta como um fundo de investimentos nos países emergentes do mundo. Suas aplicações vão de extração de minerais, construção de hotéis, prédios. Até o futebol.
A Ilha de Malta, onde a Doyen Sports concentra o seu patrimônio, é considerada um paraíso fiscal. Cobra taxas baixíssimas aos investidores. Além de preservar suas identidades. São esses especuladores que estão por trás de Marcelo Cirino, Leandro Damião, Lucas Lima, Douglas Coutinho no Brasil. No Exterior, o jogador mais representativo é o colombiano Falcão Garcia…
Para Vanderlei Luxemburgo nada disso importa. Ele quer é o Flamengo forte em 2015. Renato Duprat e seu fundo de investimento podem oferecer um time muito competitivo. Por isso o treinador está tão feliz neste final de ano…
Fonte: Blog do Cosme Rimoli
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