A contratação do atacante Marcelo Cirino é comemorada pela diretoria do Flamengo. Sem dinheiro em caixa para gastar com jogadores de peso, os dirigentes rubro-negros viram a amizade do técnico Vanderlei Luxemburgo com Renato Duprat (veja mais abaixo), representante do fundo Doyen Group no Brasil, com bons olhos visando reforçar o time para 2015. Entretanto, o modelo de negócio faz com que o risco do Fla aumente, fugindo da política de austeridade financeira imposta pelo presidente Eduardo Bandeira de Mello.
O modelo de negócio da Doyen é diferente dos investidores que compram e colocam jogadores em determinadas equipes, como fazem os grupos BMG e Sonda, por exemplo. O dinheiro pode ser resgatado pelo investidor caso o atleta seja vendido antes do término do contrato. E a Doyen ainda faz correção proporcional ao prazo que o jogador ficou no clube. A base de juros é 10% ao ano. Justamente por conta disso, os investidores da Doyen acreditam que não terão problemas com as novas regras da Fifa, por funcionarem praticamente como um banco que empresta dinheiro, cobrando juros e fazendo valer a garantia em caso de inadimplência.
A Doyen tem maioria de sócios turcos e a sede fica no paraíso fiscal de Malta. Ingressou no Brasil em 2013 e firmou parceria com o Santos, ajudando nos acertos com Leandro Damião e Lucas Lima. Apenas com Damião, o juros a serem pagos pelo Peixe são de R$ 19,5 milhões, tornando no fim das contas um negócio lucrativo apenas ao investidor. Isto provocou muita crítica interna na Vila.
No caso de Marcelo Cirino, o Flamengo terá de pagar para a Doyen cerca de R$ 13 milhões, usados pelo grupo para comprar 50% dos direitos do atacante junto ao Atlético-PR, durante os três anos de contrato. Além disto, o Fla precisará pagar aproximadamente R$ 4 milhões de juros. Como garantia caso não consiga quitar o montante durante o período estabelecido, o Flamengo deu a cota da TV Globo pelas transmissões dos jogos da equipe referente a 2018. Um negócio arriscado, que pode dar certo ou errado.
LUXA E DUPRAT: AMIZADE ANTIGA
A amizade entre Vanderlei Luxemburgo e Renato Duprat vem da década de 1990. E os episódios polêmicos foram comuns desde então. De acordo com o “Radar”, da Veja, em 1997, Duprat depositou R$ 179 mil na conta de Luxa, que não declarou no Imposto de Renda. Já em 2001, após a CPI do Futebol, o relatório final denunciou os negócios de Duprat com Santos e mostrou um rombo de R$ 1,2 milhão ao Peixe. Já em 2014, antes de acertar com o Flamengo, Luxa quase parou no Palmeiras com a ajuda de Duprat.
Russel Dias, Setorista do Santos no LANCE!Net
A parceria entre Doyen e Santos começou no início de 2014, quando o Peixe se mostrou interessado em contar com o atacante Leandro Damião e não tinha dinheiro para comprar os direitos do jogador junto ao Internacional. A partir daí, o fundo de investimentos maltês surgiu para fazer um aporte financeiro, emprestando R$ 39 milhões ao clube da Vila Belmiro, que terá que pagar em cinco anos, com juros de 10% ao ano. Além disso, caso o Alvinegro não consiga pagar, o grupo terá como garantia a cota de televisão do ano de 2017.
Mesmo com a parceria mais vantajosa para os investidores, o Santos não desistiu e pediu mais uma vez a ajuda do parceiro, desta vez na compra de Lucas Lima. Com um valor mais baixo, desembolsando R$ 5 milhões, também junto ao Colorado. Sempre gerando muita crítica interna.
POLÊMICAS
MSI/Corinthians
Renato Duprat foi o responsável por levar Kia Joorabchian e a MSI para o Corinthians. As transações envolvendo dinheiro da Rússia, via Inglaterra, causaram suspeita e fizeram a Polícia Federal ficar atenta.
Unicor/Santos
De acordo com o “Radar”, da Veja, em 1997, Renato Duprat, ainda responsável pela Unicor, patrocinadora do Santos na época, depositou R$ 179 mil na conta de Luxemburgo, que não declarou ao Imposto de Renda.
Doyen/Santos
O empresário retornou o contato com o Santos em 2014, já como responsável da Doyen Group no Brasil. Ajudou no acerto com Leandro Damião, que originou R$ 19,5 milhões de juros, provocando muita crítica interna na Vila.
Fonte: Lancenet