O “Arena SporTV” desta quarta-feira discutiu a Lei da Responsabilidade Fiscal no Esporte, que ainda não deverá ser votada em 2014. Representante do movimento Bom Senso, Enrico Ambrogini admitiu que a Câmara dos Deputados não deve tratar do tema neste ano:
– A lei era para ser votada nesse ano, mas a agenda do Congresso estava complicada, teve Copa, eleição, ficou um pouco tumultuado para votar. Temos uma discussão complicada, não é um tema simples e exige que todas os interessados pelo futebol estejam por dentro. Vai demorar um pouco mais – admitiu.
A tendência, portanto, é que tudo fique apenas para 2015, quando novos deputados assumirão os seus cargos e iniciarão novos mandatos na casa. O que também pode dificultar o acordo.
– Pode esfriar muito, nossa intenção era que fosse esse ano, mas faltou um pouco de inteligência de todas as partes – completou o representante dos atletas.
Presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello apontou alguns pontos que não concorda no novo texto da lei, feito sem a sua presença. Para o dirigente, por exemplo, ter de começar o refinanciamento da dívida pagando 10% dela em parcela única é impossível:
– É absolutamente impensável em uma hora em que vários clubes têm dificuldade para pagar salário e 13º, que têm receitas penhoradas, que tenham condições de pagar 10% de sua dívida pública assim em tacada. Queremos uma fórmula para resolver o problema. Estivemos com a Presidente da República e a determinação clara dela foi, em reunião com vários ministros, Casa Civil e clubes, que fosse encontrada uma solução que garantisse a capacidade de pagamento dos clubes. Pagar 10% de entrada no parcelamento é querer que a solução não aconteça. É um dos problemas – destacou ele, sendo apoiado pelo representante do Bom Senso.
– Nós achamos complicado mesmo, pois um clube que deve R$ 700 milhões tem que dar R$ 70 milhões – disse Enrico.
Bandeira de Mello vê ainda outros pontos polêmicos na lei, e acredita que ainda será preciso muita discussão para que o texto fique bom para todos os lados. Ele sugere, inclusive, que novas reuniões sejam feitas ainda neste ano para que, em fevereiro, após o recesso dos deputados, o consenso já tenha sido encontrado.
– É um absurdo discutir um ano e meio, chegar várias vezes na cara do gol achando que a lei vai sair e chegarmos em dezembro de 2014 com uma versão que, cá entre nós, não tem menor condição de ser aprovada pelos clubes. Isso e zero é a mesma coisa, ninguém vai aderir esse projeto. Sai (do Brasil) com versão palatável e encontro uma absolutamente inexequível. Entre as medidas de responsabilidade, tem essa de antecipação de receita. Tem de definir o que é. Um financiamento com garantia de recebíveis é considerado? Mas o que mais o clube pode dar de garantias além do seu recebível? O clube não tem garantia imobiliária, se vai fazer um financiamento só tem a dar o recebível. Se já está proibido o aumento do endividamento, por que colocar restrições a antecipação de receita? – disse o dirigente, que ainda completou.
– O que gostaria era tentar fazer uma coisa objetiva para funcionar e não ficar nesse eterno jogo de arquibancada, tenho certeza que se conversarmos na semana que vem a gente chega a um consenso – afirmou.
Fonte: SporTV