A primeira contratação “de impacto” para o Flamengo 2015 é a de um diretor executivo de futebol.
Confinado durante anos aos caprichos e loucuras de dirigentes estatutários (a figura do famigerado Vice de Futebol) e dos “gerentes”, o futebol rubro-negro viveu, pós-92, uma estranha realidade paralela, onde “querer” um atleta e “precisar” de um atleta se confundiam e, no final das contas, notava-se que o clube nem queria tanto assim e, em muitos casos, sequer necessitava de determinado jogador.
Dá para montar uns 5 times (reservas inclusos) com o que o Flamengo contratou nos últimos 20 anos. Fácil. E alguém provavelmente já o fez.
Essa prática acabou por cavar um buraco financeiro que parecia, pelo menos até fins de 2012, sem fundo. E pior, impagável.
Plenamente consciente da situação financeira do clube e, sobretudo, do que precisa para saná-la (também conhecido como dinheiro), a atual diretoria do Flamengo faz um trabalho digno no que chama de “recuperação de credibilidade” – o que quer dizer que o nome da instituição, sujo e mal falado, está sendo limpo e desinfetado com rigor.
Ao mesmo tempo, esse grupo de gestores demonstrou pouquíssima habilidade no manejo do departamento de futebol. Pouco dinheiro e pouco conhecimento dos meandros do mercado de futebol resultaram, nenhuma surpresa, em muito pouco até aqui.
A Copa do Brasil, muito mais que o título no torneio estadual deste ano, foi fruto da velha parceria entre a luta em campo e daquela energia emanada pela Magnética. Teve pouco a ver com a montagem do elenco ou de quem era o técnico, o gerente, o diretor e o vice-presidente. Ganhar o Carioca é obrigatório. A possibilidade real de rebaixamento serviu para alertar essa gente, bem como a eliminação nas semi da CdB.
A contratação de Rodrigo Caetano é, como foram as de Paulo Pelaipe e Felipe Ximenes, a tentativa de aplicar no futebol a austeridade e o rigor que os tempos exigem, sem o apelo da “solução criativa”, aquela contratação que rende muita manchete e nenhum gol. Há sete anos no Rio de Janeiro, Caetano esteve envolvido no título vascaíno da Copa do Brasil em 2011 e trabalhou no Fluminense, onde, ao que parece, soube lidar com a interferência direta do agora defunto patrocinador.
Dizer que as coisas no Flamengo são diferentes, “Isso aqui não é Vasco” e essas conversas, acrescenta muito pouco para a análise e deixa o trabalho do novo executivo sob uma suspeita injustificada. Tentar achar cabelo em ovo e dizer que a dupla Caetano e Luxemburgo foi responsável pelo rebaixamento tricolor ano passado também.
Em resumo? Deixem o homem trabalhar.
Fonte: ESPN F.C.