Alexandre Wrobel: Está confirmado (em Atibaia). O Flamengo recebeu um convite há duas semanas atrás para fazer a pré-temporada na Turquia. Não era nem em Istambul, mas numa cidade a 40 minutos dali. E aí nós mandamos pra o Gabriel Skinner, Gerente de Futebol, junto com o Deivid, que é o assistente do Vanderlei, para verificar toda a parte de instalação, logística… Mas o que acontece? Além da questão logística, o Flamengo tem alguns jogos já contratados em janeiro aqui, em Manaus, num triangular, com São Paulo e Vasco, com contrato já assinado. Nós temos que estar de volta no dia 20 para o dia 21. Então, existia toda uma dificuldade na questão de transporte, e começamos a avaliar que poderia trazer algum tipo de transtorno. Qual seria o ideal? Seria aliar, com uma pré-temporada fora, ganhando dinheiro com isso, mas preparando o time para a temporada. Não podemos correr o risco de jogar a pré-temporada por água a baixo. E num determinado momento a dúvida surgiu, ficamos receosos e optamos por Atibaia.
Quais os amistosos confirmados?
A princípio, o triangular e mais um jogo com o Shakhtar.
Planejamento para a disputa do Carioca.
Vamos fazer uma preparação normal e em algum momento a gente vai definir o que vai ser feito. Mas a princípio, vamos com o time completo.
Troca de VP de Patrimônio para VP de Futebol.
Nunca tive essa intenção. Eu já estava no Patrimônio a um tempo, e até tinha comentado com o Eduardo Bandeira de que estava um pouco cansado dessa parte, se poderia ele colocar alguém, e começamos esse papo. O Wallim acabou saindo de VP do Futebol e foi feito um apelo do Conselho Diretor para que eu assumisse a pasta. Aí eu fiquei noites sem dormir pensando nessa loucura, porque naquele momento o Flamengo estava numa situação muito difícil, e isso me trazia uma angústia danada. A gente acabou conversando, o Vanderlei tinha sido contratado, e eu fui um dos defensores na contratação dele, já tinha trabalhado com ele anteriormente, acho um treinador que se identifica com o Flamengo, capaz, competente, um dos melhores do mercado sem sombras de dúvida. Naquele momento eu achei que, de alguma forma, poderia contribuir. Mas lógico, não esperava assumir, é uma mudança radical. O preço é muito alto, principalmente nos jogos do Brasileiro que quando você ganhava não era felicidade, mas alívio, e isso é duro. Eu acho que olhando para trás, conseguimos caminhar bem por escaparmos desse risco com uma certa tranquilidade. Acho que o departamento deu uma acalmada. Agora, tem um longo trabalho pela frente, de reestruturação do departamento, do Futebol de Base, e acho que estamos no caminho certo.
Troca do Felipe Ximenes pelo Rodrigo Caetano
Quando eu cheguei o Ximenes já estava. Eu tive um ótimo relacionamento com ele, não tenho nada para falar nesse sentido. É um profissional extremamente sério e não tenho crítica nenhuma para fazer em relação ao seu trabalho. Pelo contrário, ele fez um trabalho de estruturação sério, e entrou num momento extremamente complicado. Mas várias circunstâncias nos levaram a entender que nesse momento é importante uma mudança na diretoria executiva. Mas ele saiu com as portas abertas, inclusive até hoje passa algumas negociações pendentes e ele mantém contato. A saída dele não atrapalhou nas negociações, até porque ele foi muito correto para dar continuidade a isso, ou seja, a passar pra gente todas as questões envolvidas.
Rodrigo Caetano era o maior sonho da diretoria?
É um profissional extremamente capacidade, estou muitissimamente impressionado com ele, num contato intenso, de várias e longas reuniões. Ele entrou de cabeça, me revelou que já está se sentindo em casa, que já está absolutamente envolvido com tudo, e eu acho que foi uma escolha extremamente acertada e que estamos no caminho certo.
Categorias de Base
A única vez na minha vida que eu tive um ‘pingozinho’ de vergonha, que me senti constrangido de ser Rubro-Negro, foi quando visitei o CT do Flamengo, que era a moradia dos garotos. Ali, eu tive um choque de realidade. Porque a gente imaginava um Flamengo forte, mas quando você chega lá e vê infiltração, tudo descascando, a cozinha descuidada… Você traz um jogador da Base, o cara vem seduzido por ser um Flamengo, mas dá 20 dias e acabou, termina o encanto e acaba sendo seduzido por outros Clubes. E isso vem mudando, na verdade já havia ocorrido um investimento grande no Ninho do Urubu na Gestão anterior, e faço justiça nesse sentido, com o próprio Vanderlei batendo nessa tecla. Hoje temos quatro campos em perfeitas condições, toda a estrutura de treino foi montada, mesmo que de forma temporária. O Rodrigo Caetano realmente ficou muito impressionado, e acabamos de inaugurar as novas instalações das Categorias de Base. Para você ter uma ideia, a Base não tinha sala de musculação. Quando você formava um garoto e via muita gente reclamar que os jogadores subiam para o Profissional muito franzino, é porque não existia um departamento só para a Base nesse sentido. E inauguramos uma sala de altíssimo nível, com várias tecnologias, uma nova ala de alojamento para o Futebol da Base, com parte de psicologia, departamento médico… Agora espero finalizar os módulos definitivos do Futebol Profissional, e toda a Base vai passar a utilizar a atual do Profissional. Então, estamos recriando toda uma estrutura para dar conforto e meios de se ter uma Base estruturada. Estamos mexendo também na parte de organograma, mandando gente para acompanhar torneios de Base pelo País, prospectando jogadores, fazendo toda essa relação através do Biasotto com o Rodrigo. Esse é um trabalho de médio e longo prazo. Você não mexe na Base e tem resultado em 6 meses ou 1 ano depois. Mas, pelo que eu tenho visto, tenho certeza de que estamos no caminho para sermos um celeiro de craques.
Dívida com Denílson
Que eu saiba não existe dívida nenhuma com ele, o Flamengo não deve nada.
Mudanças de comportamento da diretoria para o ano de Eleição?
Chance zero. O pensamento é o Flamengo. Eu não tenho nenhuma pretensão política, e te digo, que o pensamento e que os nossos sonhos são para o Flamengo. É construir um Flamengo que a gente quer. Não existe outro caminho. Se você falar pra mim que se eu sair de lá amanhã e me garantir que vamos ser campeões da Libertadores, do Mundo e etc, eu garanto que vou no cartório, assino e nunca mais piso no Flamengo. Juro pela saúde dos meus filhos, nunca mais coloco meus pés lá dentro, sem problema nenhum. Quem me conhece sabe que eu sempre acompanhei os jogos muito antes de ser dirigente, cansei de acompanhar o Flamengo fora do Rio, fora do País. O que eu tenho é paixão pelo Flamengo, e essa paixão louca que eu tenho, eu até gostaria que fosse menor do que é, porque é bravo o negócio. Mas essa chance não existe, seria jogar tudo por água a baixo.
2015 vai ser melhor que os anos anteriores, e 2016 vai ser ‘o ano do Flamengo’?
Eu não tenho dúvida nenhuma de estamos no caminho certo. Tenho plena convicção. É óbvio, que entre erros e certos, reconhecendo alguns exageros cometidos, não tenho dúvida de que estamos pavimentando um caminho para um Flamengo que a gente sonha, um Flamengo que a gente merece. 2013 foi um ano extremamente difícil, 2014 um pouco menos, 2015 ainda teremos dificuldades, e estamos fazendo de tudo, todos trabalhando para trazer dinheiro novo ao Flamengo e de honrar os nossos compromissos. Mas a tendência é de que em 2016 a gente dê esse salto. É uma virada gradual, mas imaginamos que a virada da chave é 2016. Agora, estamos trabalhando muito para tentar antecipar isso e trazer para 2015, e aí depende muito do que vamos ter, dos acertos. O que estamos tentando fazer é minimizar nossos erros, em próprias contratações, dispensas…
Entrevista realizada pelo Programa Tozzacam*
Matéria redigida por Eduardo El Khouri