Conca, Montillo ou Robinho?

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Antes que os mais chatos venham dizer algo, esse não é um post de um especialista em marketing ou especialista em programas de sócio torcedor, mas sim de um especialista em amar o Flamengo, e analisar minimamente as coisas que giram em torno do Flamengo.

Essas semanas muito se falou sobre a vinda de Robinho, Montillo e Conca, e em como tais jogadores alavancariam nosso programa de Sócio-Torcedor. Até que ponto o programa realmente evolui com a vinda de um “craque” (tem que ser entre aspas nos três casos, pelo menos pra mim)? Até que ponto esse crescimento é sólido? Até que ponto dá pra contar com a manutenção desse ST?

O torcedor mais abnegado, como eu, entra todo dia no torcedômetro e acompanha quantos novos sócios nosso Fla fez no dia anterior, dá uma olhada e projeta quantos ele pode fazer ainda hoje e aproveita pra dar uma espiada nos outros times. Isso não toma mais que um minuto da sua vida, então recomendo que o faça, é razoavelmente interessante e acaba dando força pro próprio Movimento por um Futebol Melhor.

Depois de um bom tempo olhando os números diariamente, dá pra perceber alguns movimentos de entrada e saída de sócios provocados por determinado assunto, que acontecem invariavelmente com todos os times. Contratações definitivamente alavancam o ST. Pra ser bem sincero, pra quem acompanha diariamente, percebe que até especulações sobre contratações já fazem o aumento ser “fora da curva”. Outras duas coisas que fazem o ST aumentar muito: estádio e vitórias.
O “Guarani da capital” tem aproveitado muito bem esses 3 índices pra explodir seus números de ST fazendo ir de 38 mil em junho pra 74 mil hoje. A projeção é de que até o fim do mês o Grêmio deixe de ser o segundo lugar e o mesmo passe a ser do Palmeiras. Mas será que isso se mantém? Quando o Palmares sofrer sua clássica goleada pra um time pequeno (todo ano tem uma) ou não chegar nas semis do Paulista ou perder para o XV de Deus me Livre na Copa do Brasil, será que seu programa será sólido o suficiente pra sustentar esses 80 mil ST’s?
Minha humilde opinião diz que não. Quando o crescimento não se faz em bases sólidas a queda é iminente, e os números vão variar rotineiramente. Grêmio e Internacional são a prova de que bases sólidas não vão ruir. Em nenhum mês esses times apresentaram sequer queda no número. Sabemos que vários fatores influenciam tais bases: programas mais antigos, votação para presidente, rivalidade entre os programas, percepção da torcida que essa é a única maneira de competir financeiramente com os demais clubes, sentimento de pertencimento e participação no clube, entre muitos outros.
Qualquer outro time do país ainda vai demorar muito pra ter o programa sólido dos gaúchos, ainda que o Palmares ultrapasse o Grêmio hoje. O mais perto disso, pra mim, é o Cruzeiro, que apostou no seguinte lema (ainda que não oficialmente): “o melhor marketing é vencer!”. Não fez nenhuma contratação de parar o trânsito nos últimos dois anos (embora tenha gasto quantia razoável em contratações), mas apostou em times fortes e competitivos, e sua aposta deu certo.
Nosso próprio Fla é prova de que vencer é o melhor marketing: até hoje o recorde de adesões em um mês é o nosso, pré final da Copa do Brasil 2013. Ao não ver investimento feito no time, ao ver perdido o maior ídolo à época (Elias, que, pelos valores ditos, foi ótimo negócio pra nós ele ter ido pra SP e o Canteros pra cá), ao ver o time eliminado na Libertadores, ao ver nosso tão “querido” professor (?) Ney Franco afundar nosso time num poço de “confusão” e “saco de cimento”, entre outros, foi completamente natural uma certa debandada de torcedores, até porque, como dito, não foram constituídos em bases tão sólidas.
“Mas um craque de nível internacional faria os números do Benfica parecerem pequenos”, diria o mais fanático rubro-negro. Iria mesmo? Voltemos 4 anos no tempo, em janeiro de 2011, época em que Ronaldinho era apresentado na Gávea. Se tivéssemos ST naquela época (parabéns, Tia Paty, por ter assinado um contrato, mas nunca ter levado à frente o programa), certamente teria bombado, com a perspectiva de ter o “melhor do mundo” jogando no Maior do Mundo. Daria pra pensar que chegaríamos a uns 100 mil de ST’s (puro palpite).
Voltemos menos no tempo, 2 anos e meio atrás, em maio de 2012. Flamengo eliminado da Libertadores, eliminado do Carioca (que só serve de parâmetro quando o time vai mal) nos dois turnos em semifinais para o Vasco (acredite se quiser), jogador aparecendo na webcam, jogador aparecendo bêbado e virado pra treinar, briga de Luxemburgo e Gaúcho, “diretor” passando uma cartilha falando em “força de vontade para deitar cedo”, e outras coisas patéticas que só dão saudades pra certos “capitães”. Quantos daqueles supostos 100 mil continuariam? Você continuaria? Você apoiaria financeiramente aquele povo, que fez o que fez com nossos cofres? Meu amor pelo Clube é maior que tudo, mas jamais faria a M de dar dinheiro pra maluco ficar torrando por aí… Acho que o craque internacional não seria suficiente pra manter um bom número de ST, afinal, se o campo não estivesse rendendo direito.
O que eu quero dizer é que tem vários fatores que alteram os números de sócios-torcedores sendo, na minha opinião:

1º) bons benefícios somados com o sentimento de pertencimento ao clube;
2º) times vencedores;
3º) jogadores-estrela.

Ou seja, não dá pra contratar uma estrela se ela não render em campo! Sendo assim, vamos analisar os alvos do Fla pra camisa 10, o quanto eles poderiam render com a fama e o quanto poderiam render em campo:
Conca tem estrela e seria bem chamativo pro Nação Rubro-Negra, mas não tem o apelo internacional de Robinho, isso é certo. Por outro lado, seu rendimento em campo é inquestionável, já que, além de constante presença em campo, sua contribuição também é constante. Segundo números do Footstats, jogando 37, dos 38 jogos em que fazia parte do elenco: – gols: 10º no campeonato; – finalizações certas: 10º no campeonato; – finalizações erradas: 6º no campeonato; – cruzamentos certos: 20º no campeonato; – cruzamentos errados: 8º no campeonato; – dribles certos: 6º no campeonato; – dribles errados: 20º no campeonato; – assistência para gol: 2º no campeonato; – assistência para finalização: 4º no campeonato.
Montillo não tem a estrela de Conca e Robinho, tampouco o apelo de ambos. Dá ainda pra dizer que, todos em seu auge, foi o menos qualificado dos três. O “chinesão” não serve pra efeito de comparação, então busquei números do Brasileiro de 2013, onde jogou 26 jogos dos 38 em que fazia parte do elenco: – gols: 43º no campeonato; – finalizações certas: 50º no campeonato; – finalizações erradas: 27º no campeonato; – cruzamentos certos: 28º no campeonato; – cruzamentos errados: 37º no campeonato; – dribles certos: 44º no campeonato; – dribles errados: 98º no campeonato; – assistência para gol: 6º no campeonato; – assistência para finalização: 6º no campeonato.
Robinho tem estrela, tem mídia, tem um nome internacional e tem tudo pra que fizesse o nosso ST aumentar muito, certamente o nome mais forte nesse aspecto. Mas e no campo, será que rende tanto? No Brasileiro de 2014, em que jogou 16 dos 25 jogos que esteve com o elenco, seus números foram: – gols: 52º no campeonato; – finalizações certas: 80º no campeonato; – finalizações erradas: 96º no campeonato; – cruzamentos certos: 110º no campeonato; – cruzamentos errados: 108º no campeonato; – dribles certos: 37º no campeonato; – dribles errados: 34º no campeonato; – assistência para gol: 272º no campeonato; – assistência para finalização: 54º no campeonato.
É claro que Robinho jogou menos, então fiz uma tabela, baseada na quantidade de jogos em que cada um esteve com o elenco, ou seja, 38 para Conca e Montillo, e 25 para Robinho, para achar uma média por jogo em que o jogadora poderia ter jogado:


* assiduidade, ou seja, em quantos jogos esteve à disposição com relação ao número de jogos que poderia estar à disposição, por já fazer parte do elenco.

** passes certos
Eu sei que algum chato vai perguntar porque eu fiz os números por partida disponível e não por partida jogada. Simples. Eu quero saber em quem contar pra temporada toda, e não pra um único jogo. De nada me adianta ter o Messi no elenco se ele só vai poder jogar uma partida do campeonato. Esses dados demonstram que Conca seria nossa melhor opção pra temporada, já que sabe-se que dá pra contar com ele ao longo de todo o campeonato, enquanto Robinho e Montillo não são assim tão confiáveis.
Mas, pra todo mundo ficar feliz, eu me dei o trabalho de fazer as estatísticas por jogo jogado, ou seja, com 37 para Conca, 26 para Montillo e 16 para Robinho, assim dá pra saber quem se sai melhor por jogo:


Aqui os dados são mais equilibrados, mas, ainda assim, pelo menos pra mim, demonstram certa vantagem pra Conca, que é tão decisivo quanto Montillo (finalização + assistência), mas dribla melhor e participa mais do jogo (passes).

Pelo que fazem ao programa ST e à marca Flamengo, acho que Robinho seria o melhor nome, seguida de Conca e Montillo, ao menos num primeiro momento. Pelo que fazem em campo, eu prefiro Conca, depois Montillo e, só então, Robinho, de forma que aqueles podem ser melhores ao programa de ST a longo prazo. Pelo que fazem fora de campo, penso que Conca e Montillo se equivalem, pois são jogadores mais família e extremamente profissionais, já Robinho adora confudir “futebol moleque” com “futebol de moleques” com suas dancinhas ridículas e sua preferência pela noite, principalmente a carioca…
E você torcedor, prefere quem?
SRN!
Seja sócio-torcedor!
Róbson Coimbra
robsoncoimbrafla@gmail.com

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