Craque, o Flamengo faz em casa?

Compartilhe com os amigos


Quem já ouviu a seguinte frase: “Craque, o Flamengo faz em casa”? Acho que todo mundo. Até certo período realmente a frase era verídica. O Flamengo revelava pelo menos um bom jogador anualmente e chegou a montar praticamente times inteiros vindos da base, nas décadas passadas (como a de 80 – 90). A copinha acabou ontem para o Flamengo, mas o objetivo do texto não é falar particularmente da atuação do jogo e do campeonato.

Atualmente, dos anos 2000 até agora, pode se dizer que apenas Júlio César e Renato Augusto foram bons jogadores vindos de baixo. Mas, é muito pouco para um time com essa grandiosidade, e que há tempos atrás, revelava de monte. Então vem a pergunta, qual o problema com a base do Flamengo?
Posso dizer que a cultura do futebol e da base sofreu algumas mudanças, dão como prioridade ganhar títulos e não na revelação de jogadores. Muitos olheiros ou treinadores estão preocupados em ter jogadores mais fortes, altos do que algum franzino ou de porte pequeno, mesmo que tenha habilidade, já podemos ver o primeiro erro aí. Há diversos exemplos de excelentes jogadores, que ao realizar peneiras na base foram reprovados, pelo porte físico, ou até mesmo dispensados de seus respectivos times.
Porém mediante esses aspectos vem a pergunta, por que o Santos costuma revelar vários jogadores ano após ano? Posso listar alguns pontos importantíssimos para explicar isso, vejamos logo abaixo.
1°: O Santos coloca os garotos para jogar. Pode observar em qualquer time do Santos, seja de 2002, 2006 ou 2014, sempre terão garotos da base nos times profissionais. Não é por nada que são apelidados de meninos da vila.

2°: Na base santista se cobra a evolução do garoto, e não títulos, sem contar que a estrutura é boa.

3°: No Santos há integração entre os jogadores de base e os profissionais. Segundo Narciso (jogador revelado na base do Santos) em entrevista a ESPN no ano passado afirma “Fiquei 1 ano e meio no Corinthians e 1 ano no Palmeiras e nunca fizemos um coletivo contra o time profissional. Se os nossos jogadores vissem os jogadores do profissional pediriam autógrafo. No Santos, ao contrário, os meninos disputam coletivos contra os profissionais a cada 15 dias, 10 dias, uma semana”.

4°: A técnica é mais importante, acima de tudo. Como foi comentado no terceiro parágrafo. Não importa se o jogador é franzino ou não, ele tendo técnica, é o que importa. Podemos ver exemplo como Robinho e Neymar.

5°: A paciência da torcida com os jogadores. O torcedor santista já tem em mente que todo ano chegarão ao time profissional, novas promessas e que podem se destacar em seu time, sendo assim tem mais paciência com seus respectivos jogadores.
Voltando ao Flamengo e colocando a pergunta no ar, a base rubro-negra está congênere a base do santos? Em alguns pontos sim, mas em outros não. A estrutura ainda está em evolução, com a entrada dessa nova diretoria, mas ainda não é a ideal. Outro ponto que coloco em cima da mesa é a falta de preparação e fundamentos; a falta de bons olheiros (muitos jogadores vêm à base, por meio de indicações e quase nunca funciona).
A torcida rubro-negra é má acostumada aos garotos, à imprensa lista tal jogador como o futuro Zico e a torcida já cria esperanças, o mesmo joga poucas partidas nos profissionais, não rende o esperado e já é vaiado por milhares de torcedores. A pressão é muito grande em cima deles, muito se deve a times fracos que o Flamengo vinha tendo ultimamente, os garotos entravam como soluções para mudar o jogo, e não é bem assim que funciona.

Por fim, não estava esquecendo-se deles: os empresários e os grupos de investidores. Estes procuram os garotos logo cedo na base, prometem mil e umas coisas, fazem a cabeça dos mesmos, que começam a pensar em dinheiro, do que ter uma carreira bem sucedida, um exemplo disso é o Caio Rangel. Talvez com essa nova lei da FIFA que tem como principal objetivo dar os direitos dos jogadores apenas ao clube auxilie nisso.
Bem, poderia me entender em diversos outros pontos, mas não é o caso. Só gostaria de esclarecer tais problemas em nosso ambiente, quem sabe com essa nova diretoria, que está qualificando e dando uma melhor estrutura a base, consequentemente montando um bom time, possa criar um melhor ambiente para estes jovens profissionais, renderem mais do que vem acontecendo ultimamente. Afinal, temos alguns jogadores vindos com destaque nas competições, entre eles Douglas Baggio, Jajá, e outros possam se tornar bons profissionais na equipe rubro-negra. Esperança é o que não falta, porque ainda direi: craque, o Flamengo faz em casa!
Por: Murillo Penze

Compartilhe com os amigos

Veja também