Nesta semana fomos surpreendidos com uma notícia um tanto quanto curiosa. A FFERJ, através do seu Conselho Arbitral e por sugestão do presidente do Vasco, definiu os valores dos ingressos para os jogos do campeonato carioca de 2015. A proposta foi aceita por todos os ditos clubes pequenos, Vasco e Botafogo, e prontamente negada por Flamengo e Fluminense.
A proposta de tabelamento dos preços tem como pretexto o baixo número de torcedores presentes nos estádios na edição passada do campeonato, que teve média um pouco maior que 2000 torcedores por jogo.
Coincidentemente, ou não, os dois clubes que votaram contra são aqueles que mandam seus jogos no Maracanã e convivem com gastos muito altos com a manutenção e consórcio responsável pelo estádio. Ora, fica claro que, com os preços definidos de forma impositiva, o Flamengo fica impedido de trabalhar os valores que melhor o agradam, além de perder o maior benefício do seu programa de sócio-torcedor, o maior no estado, que são os ingressos no valor de meia entrada.
Assim, um programa que já recebe críticas por oferecer muito pouco aos sócios está impedido de beneficiar o torcedor que é fiel, entende as necessidades do clube e tem como ajudar o seu time. Como querer que o programa de sócio torcedor cresça se não há sequer a vantagem da meia entrada nos estádios?
No dia 20/01, o Flamengo interpôs recurso contra o tabelamento dos ingressos e, neste recurso, alguns dados muito interessantes foram colocados. Além de todo o papo jurídico, o Flamengo apresentou, em anexo, dados sobre a arrecadação do clube no campeonato passado e projeções de arrecadação com os novos preços e com um absurdo aumento de 70% no público do campeonato, o que é extremamente improvável.
Assim, verificou-se que em apenas 9 dos 15 jogos (60% dos jogos) no campeonato de 2014 o Flamengo teve superávit, ou seja, jogou e obteve lucro, num total de R$ 843.911,85. Fazendo a projeção para este ano, se os preços propostos forem praticados o Flamengo deverá ter déficit em TODOS os jogos, totalizando um prejuízo de R$ 1.336.770,46, isso sem contar as meias entradas previstas por lei. Com o aumento de 70% no público, o Flamengo faria 4 jogos com superávit e mesmo assim teria um prejuízo de R$ 910.597,73.
O Flamengo não se pode dar o luxo de perder uma receita importante para o clube como a bilheteria, e se o recurso não for acatado nos preparemos para mais arrocho e mais sofrimento.
E lembrando, críticas ao campeonato feitas pelos clubes são passíveis de multa.
E viva a ditadura!