Mansur – Em uma pré-temporada, busca-se mais conclusões do que resultados. Mas, como é sempre mais fácil trabalhar vencendo do que perdendo, o Flamengo volta de Manaus com saldo positivo: traz conclusões e bons resultados. Derrotou o Vasco, bateu o São Paulo, exibiu virtudes e fraquezas, mas deixou a sensação de ter evoluído.
Times ainda mudarão de cara. Mas, até aqui, a sensação é de um Flamengo com características parecidas com as de 2014. A virada de ano não o transformou num time de técnica brilhante. Mas, também, não o fez perder traços de uma equipe dedicada na hora de marcar. Por mais que o Flamengo tenha entrado em campo com um jogo a mais do que o São Paulo no ano, o que faz certa diferença física nesta etapa da preparação, não é tão simples oferecer tão poucas oportunidades a um time técnico como o do tricolor paulista. O Flamengo teve sempre mais volume e correu pouquíssimos riscos.
Verdade, ainda, que os paulistas tiveram dois dias a menos de descanso. O Flamengo bateu o Vasco na última quarta-feira. O São Paulo, o fez na sexta-feira. Em janeiro, é mais um aspecto a pôr na balança.
Na hora de atacar, o Flamengo continua sendo um time que prefere a correria ao passe. Não chega a ser exclusividade do Flamengo, é traço característico do futebol brasileiro atual. Não é pecado, resolvem-se jogos com velocidade. Mas, por vezes, a correria é divorciada do raciocínio, do controle do jogo. Há momentos que pedem um passe. Contra o São Paulo, após o meio-campo desarmar, Éverton e Nixon desperdiçaram lances ao apressar o jogo. E Marcelo Cirino ainda não achou posição e condição técnica ideais.
Para quebrar o ritmo, a aposta é Arthur Maia. Cabe observá-lo com atenção. Foi o nome do primeiro tempo. Errou passes, acertou outros, por vezes insistiu em carregar a bola. Mas quebrou o ritmo e pensou o jogo. Aos 18 minutos, fez a melhor jogada que se viu antes do intervalo. Driblou Edson Silva e Souza mas, diante de Rogério Ceni, ofereceu a bola ao goleiro.
O São Paulo, que poupou Carlinhos, Denílson e Alan Kardec, por questões físicas, ficou preso na marcação rubro-negra. Mas, no papel, tem talento em quantidade maior do que o Flamengo. E, num único lance, assustou. Mostrou que a velocidade pode se originar do passe, não da correria. Aos 43, Souza, Ganso e Luís Fabiano construíram a jogada que Thiago Mendes desperdiçou.
Por méritos do Flamengo, foi tudo o que o São Paulo conseguiu. No segundo tempo, vieram as mudanças e a descaracterização dos times, natural nesta época do ano. Talvez pelo físico, talvez pela boa entrada de nomes como Luiz Antônio, o Flamengo ampliou seu domínio. Antes de o volante ser lançado, Cirino perdera a sua segunda ótima oportunidade no jogo. Até que, aos 32, Luiz Antônio cruzou na medida para Samir fazer o gol da vitória.
Em janeiro, qualquer avaliação definitiva é precipitada. Mas nada indica que este Flamengo seja um time condenado a mais um ano de sustos e dramas. Se dará o salto de qualidade para virar um time brilhante, o futuro e os próximos passos no mercado dirão.