O Flamengo protocolou recurso na FERJ contra o tabelamento de preços dos ingressos do Campeonato Carioca. Segundo o texto, a decisão do Arbitral da Federação, que determinou apenas preços promocionais (meia-entrada) entre R$ 5,00 e R$ 50,00 de acordo com os cruzamentos entre “grandes” e “pequenos”, viola os artigos 11º e 12º do próprio regulamento da competição e também o direito constitucional da livre iniciativa – leia AQUI o recurso na íntegra, publicado no site oficial do Fla.
A medida foi proposta por Eurico Miranda, presidente do Vasco, visando aumentar a presença de público nos estádios durante a competição regional.
O blog procurou os dois lados deste “clássico”, que começou antes mesmo da bola rolar amanhã, dia 21, em Manaus pelo Torneio Super Series.
O vice jurídico do Fla, Flávio Willeman é taxativo:
“Está no regulamento que o Conselho Arbitral só pode fixar o limite máximo do valor dos ingressos e não tabelá-los! O Flamengo defende que a decisão é nula. Na prática, pode significar um prejuízo de cerca de dois milhões de reais em toda a competição. A nossa previsão, com a precificação dos ingressos de acordo com a partida em ações conjuntas com o projeto Sócio-Torcedor, é de um lucro entre dois e quatro milhões.”
Se não conseguir sucesso em seu recurso, o Fla estuda uma medida radical.
“Caso o Flamengo seja obrigado a disputar o campeonato neste cenário deficitário, planejamos, em último caso, cobrar esse prejuízo de quem nos impôs – seja a própria Federação ou mesmo os clubes que votaram a favor”, afirmou Willeman.
Eurico Miranda não quis se pronunciar, nem como advogado, sobre os argumentos do rival em seu recurso. Mas manteve a defesa da fixação dos preços dos ingressos, definido pela maioria dos clubes – apenas Flamengo, Fluminense, Volta Redonda e Barra Mansa se posicionaram contra.
“A decisão no Arbitral é dos clubes, portanto é soberana. O Flamengo é que tem que explicar para o seu torcedor porque quer cobrar mais. A proposta não tem nada a ver com rivalidade, nem disputa financeira. Não é Vasco x Flamengo. Visa apenas facilitar o acesso dos torcedores de todos os clubes aos estádios. Vocês, jornalistas, é que reclamam dos ingressos muito caros. Agora perguntem aos dirigentes do Flamengo por que eles querem aumentar o custo para a sua torcida”, provocou o dirigente.
A Concessionária Maracanã, em tese outra parte atingida pela decisão da FERJ, foi procurada pelo blog, mas por enquanto prefere não se pronunciar sobre a questão, à espera de um consenso entre as agremiações.
Visão do blog: é inegável que o recurso do Flamengo visa privilegiar os sócios-torcedores. Mas a reversão da decisão do Arbitral também prejudicaria o torcedor comum, que seria obrigado a pagar mais caro para ver seu time. Será que estes estão dispostos ao sacrifício em prol das finanças do clube? De qualquer forma, o tabelamento, de fato, é legalmente discutível.
Da parte do Vasco, está claro – não só nesta ação, mas em várias outras desde o final do ano passado – que a nova gestão Eurico Miranda vai acirrar a rivalidade com o Flamengo, em todas as instâncias. O clube agora está mais próximo da FERJ e, sem dúvida, será um obstáculo para o rival em âmbito regional. Quanto à questão em si, o clube cruzmaltino tem direito de defender seus interesses. Como proprietário de São Januário, fica mais fácil equacionar os custos e até lucrar com a maior presença do público.
O “Clássico dos Milhões” promete capítulos quentes, dentro e fora de campo.
Fonte: Olho Tático