República Paz e Amor – Estava na cara que o mais humilde ia levar esse caneco calorento, pois o Flamengo jamais seria vice numa competição que teve o Vasco entre os participantes. Além disso, o São Paulo cometeu a temeridade de escalar Bruno e Édson Silva na zaga, e ainda lançou Carlinhos no segundo tempo – três jogadores que até recentemente estavam no futebol carioca e, portanto, acostumados a ser esculachados sempre que encaravam o manto e a coisa era pra valer. A certeza da vitória aumentou quando Alexandre Pato entrou em campo. Trata-se, pelo menos que eu me lembre, do único exemplar de centroavante-dândi existente no futebol mundial, e é o que mais quase faz gols. Quase fez um no fim.
As impressões deixadas por nosso time na brincadeira contra o Vasco – e que estão no post “Velocità” – se confirmaram. Entretanto, além de valer mais uma taça para o já abarrotado salão de troféus de frente pra lagoa, o jogo foi legal pra quem gosta de detalhes, e chamo a atenção para três deles.
1) Aos quarenta do primeiro tempo, o zagueiro são-paulino Édson Silva recebeu a bola na linha do meio-campo, olhou para um lado, olhou para o outro e, sem ter o que fazer, recuou para Rogério Ceni. O Flamengo não dava brecha e fazia a opção certa: marcava firme o Ganso e deixava Édson Silva sair com a bola. Fosse isto aqui um blog de autoajuda e chamaríamos a estratégia de inteligência emocional.
2) Pra nós, que já há algum tempo passamos a acreditar que não existe jogo de futebol sem levar gol de cabeça, foi um alívio constatar que Wallace e Samir não perderam uma só das muitas bolas levantadas na área pelo São Paulo.
3) Ainda é cedo pra dizer se Arthur Maia vai ou não dar coisa boa, mas mostrou personalidade. Mesmo depois de perder aquele gol cara a cara – numa jogada, registre-se, feita exclusivamente por ele –, continuou arriscando e tentando o diferente, o que é sempre louvável em um meia.
Por fim, se no treino da última quarta-feira senti falta do nome dos cabeçudos vascaínos na camisa, na partida com o São Paulo me espantou a ausência de um patrocinador. Dica de marketing: o tricolor das perfumadas flores de Laranjeiras acaba de conseguir um anunciante extremamente conceitual, e que também cairia como uma luva no Morumbi. Frescatto.
Jorge Murtinho