Luxa vê Fla com credibilidade: “Hoje, o mercado acredita.”

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Vanderlei Luxemburgo está confiante e com ânimo renovado em mais um início de temporada no Flamengo. O técnico rubro-negro é o astro da preparação do time no resort de luxo em Atibaia, interior de São Paulo. Porém, mesmo ocupado com a responsabilidade de comandar o clube mais popular do país, o treinador não esquece as origens e projetos.
Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Luxa falou sobre o planejamento do Flamengo para 2015, elogiou a atual diretoria e a ex-presidente Patricia Amorim. Ele também não fugiu ao debate sobre recentes polêmicas da carreira. O plano de entrar para a política permanece, enquanto vinhos e jogos de pôquer ganharam espaço na resposta aos críticos.
Confira a entrevista na íntegra:
UOL Esporte: Você sempre alertou para a maneira como o futebol do Rio de Janeiro era administrado, mas algumas coisas mudaram recentemente. Acha que enxergou os problemas antes dos outros treinadores?
Vanderlei Luxemburgo: Sou um cara de vanguarda e sempre fui muito questionado. Falo desde 1991 sobre a situação do futebol carioca e continuamos atrás depois de todos esses anos. Tomei porrada da imprensa, da torcida e fui execrado. As pessoas não me entenderam, mas deram o devido valor com as mudanças. Virei piada para muita gente por bater na tecla do projeto. Depois da Copa do Mundo o tal projeto foi o ponto mais comentado. Fico feliz. Muitas coisas que falei estão acontecendo agora.
UOL Esporte: O Flamengo é um exemplo disso?
Vanderlei Luxemburgo: O Flamengo estava na UTI. Paramos de respirar por aparelhos, mas continuamos com água no pescoço e no hospital. Se bobearmos um pouco, já temos que levantar o nariz de novo. A diretoria recuperou bastante o clube. A credibilidade voltou. Isso é fundamental. O mercado de hoje acredita nas propostas do Flamengo.
UOL Esporte: Você tem boa relação com a atual diretoria, mas votou na ex-presidente Patricia Amorim na última eleição do clube. Houve algum arrependimento?
Vanderlei Luxemburgo: Votei consciente e não me arrependo. Ela é uma pessoa muito boa, mas se cercou de pares que complicaram a administração. Também não tomou as decisões necessárias. Temos afinidade, carinho e amizade. Não vou perder isso nunca. A Patricia é uma pessoa especial e rubro-negra ferrenha como eu sou. Amamos o Flamengo. Não é bom execrar uma pessoa assim. Votei como sócio, mas hoje sou funcionário do Flamengo. É diferente. Hoje não posso votar em ninguém. Não estava no clube na época e apenas exerci o direito de sócio.
UOL Esporte: E o Flamengo de 2015? O que esse time pode fazer na temporada?
Vanderlei Luxemburgo: Terminamos em décimo no Brasileiro de 2014 com um time que era lanterna e estivemos na semifinal da Copa do Brasil. Penso em chegar à decisão em 2015 e ficar entre os cinco primeiros do Brasileiro. Ganhar ou não ganhar é outra história. Mas no Carioca temos obrigação de chegar à semifinal e final. Não espero nada diferente disso. O objetivo principal é o de estarmos na Libertadores em 2016.
UOL Esporte: Você costuma usar as folgas para investir fora do futebol e até jogar pôquer. Mas estes hábitos geram críticas frequentes. Por que isso acontece?
Vanderlei Luxemburgo: Só querem que eu seja técnico. Não posso ter investimento, empresa, nada… Sempre fui empreendedor. Gosto de jogar pôquer desde a época em que era atleta. Me detonaram por causa disso como se eu fosse um bandido. O Ronaldo [Fenômeno] pode ganhar R$ 100 mil em um torneio de pôquer, mas o Luxemburgo não pode. Já falaram que perdi R$ 1 milhão no jogo. Estaria quebrado se perdesse esse dinheiro a cada rodada. O pôquer virou algo pejorativo com o meu nome envolvido. Me chamaram de viciado. Isso não existe. O pôquer funciona como profissão para muitas pessoas. É um processo natural se tornar esporte e até chegar aos Jogos Olímpicos.
UOL Esporte: E a paixão por vinhos?
Vanderlei Luxemburgo: Gosto de tomar vinho e também viro cachaceiro para quem não gosta de mim (risos). Faço isso desde sempre. O vinho é uma bebida saudável, mas quando é comigo vira veneno. Não mudo o pensamento, mas são coisas complicadas de algumas pessoas no meio em que vivo. O meu humor continua.
UOL Esporte: O plano de entrar para a política está vivo?
Vanderlei Luxemburgo: Já tive a possibilidade da candidatura ao senado por Tocantins, mas não era o momento. Sou filiado ao PT [Partido dos Trabalhadores] e discuto política com propriedade. É uma coisa que pode acontecer depois de 2018. É um projeto na manga. Vai depender muito do futebol. A minha prioridade hoje é ajudar o Flamengo. Tenho o desejo futuro de usar o meu prestígio profissional para alavancar o esporte no Tocantins. Porém, não posso ignorar qualquer coisa também entre Rio de Janeiro e São Paulo.
UOL Esporte: A saída do Real Madrid foi bem digerida? Ainda tem vontade de trabalhar na Europa?
Vanderlei Luxemburgo: Rompi um compromisso que daria resultado na sequência. Não tenho dúvida sobre isso. Qualquer técnico brasileiro com competência para permanecer em um grande clube da Europa vai bater campeão da Liga dos Campeões. Seria campeão de qualquer jeito se continuasse lá. Já tive muitos convites, mas só voltaria para a Europa no nível em que saí. Real Madrid, Barcelona, Milan… Clubes que disputam algo. Não faz sentido ir lá e iniciar a trajetória no final de carreira. Acho bobagem fazer diferente. Minha carreira é consagrada, mas lógico que tem espaço se pintar uma coisa boa.
UOL Esporte: Você teve sucesso na maioria dos clubes que dirigiu. Mas isso não aconteceu com Atlético-MG e Fluminense…
Vanderlei Luxemburgo: Lamento muito pelo Atlético-MG. Quebrei a perna e não consegui desenvolver o trabalho. O Alexandre Kalil [ex-presidente] reconheceu que eu estava no caminho certo. E o Fluminense foi um problema total. Trabalhei muito, mas não encaixou. Os jogadores se machucavam com um minuto de partida. Nunca tinha feito um contrato de cinco meses. Foi uma m… Nos outros clubes sempre fui campeão ou conquistei uma vaga na Libertadores.
UOL Esporte: Já pensa na aposentadoria? Quais são os planos para a carreira?

Vanderlei Luxemburgo: Ainda não defini. Sou técnico e sinto prazer nisso. Essa volta ao Flamengo me fez muito bem depois de oito meses parado. Descansei a minha imagem. São tantos anos na elite do futebol que você fica desgastado. Parei e voltei com a motivação de sempre. Estou com tesão e vontade de trabalhar. Penso em ser gestor de futebol e colaboro com o Flamengo. Também penso em ser presidente do clube. Mas nada disso é fácil. Entre querer e acontecer existe uma distância muito grande.

Fonte: UOL
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