Hoje acordei saudoso.
Saudade daquele Maracanã nas tardes de domingo, quando os jogos começavam às 17 horas, mas havia sempre uma preliminar para acompanharmos as possíveis revelações de cada time.
Saudade das mais de 100 mil pessoas invadindo o estádio e entrando pelas estreitas rampas que davam acesso às arquibancadas, que eram feitas de concreto, amor e paixão.
Saudade de admirar um futebol bem jogado, sem entrar na correria desmedida e na força física de hoje. Sem o profissionalismo e salários milionários.
Saudade das chuteiras pretas, cabelos sem tintura e moicanos. Jogadores habilidosos e verdadeiros camisas 10. Eram tantos em um mesmo time, que eles se distribuíam entre o 1 ao 11, sem os números 65, 48, 77 que vemos nos dias de hoje.
Saudade de um tempo onde ouvíamos “quero cantar ao mundo inteiro, a alegria de ser rubro-negro” e não ficávamos entoando o nome dos adversários como em “isso aqui não é Vasco…”.
Saudade de quando os jogadores por maior que fossem, eram menores e menos importantes que os clubes.
Saudade de um futebol “mais amador”, no qual a alegria parecia ser mais genuína. Onde poderíamos torcer da maneira que queríamos ou sentisse vontade, sem ser taxado de mais ou menos rubro-negro por isso.
Ah, que saudade dos ‘anos de ouro’ do futebol jogado por jogadores de verdades e não por esses atletas mecanizados, inspirados nos jogos de videogame (ou o contrário).
O “profissionalismo” se faz necessário nos dias de hoje. As modernas arenas trouxeram conforto e segurança, mas afastaram a essência dos estádios com seus ingressos elitizados. Os gerentes de futebol passaram a ser peças de destaque e disputados como se fossem grandes craques. Os salários foram à estratosfera, na mesma razão que o comprometimento dos jogadores ditos “profissionais” seguiram o caminho inverso.
Contudo, esse é o curso normal das coisas. Modernização, profissionalismo, marketing e menos alma.
Fonte: Falando de Flamengo