Kleber Leite – O dia começa por aqui e o primeiro contato com o Brasil foi uma solicitação de entrevista para o Correio Brasiliense. Tema: aniversário de 20 anos da estreia de Romário no Flamengo.
Confesso que foi impactante. Levei um susto! Caramba, como o tempo voa… E, como não poderia ser diferente, para fato tão marcante, viajei no tempo e voltei a saborear, e a curtir, alguns dos momentos mais marcantes da minha vida.
O início de tudo foi, modéstia ao largo, sempre ter tido a noção exata do tamanho do Flamengo, onde tudo é possível em função do seu descomunal tamanho.
Parênteses para dizer que, na Copa de 94, quando não me imaginava menos de seis meses depois ser candidato à presidência, cruzava eu, quase que em todos os jogos do Brasil com um garoto de seus 13, 14 anos, vascaíno convicto. Ficamos amigos, e foi ele o primeiro a saber que depois da Copa Romário jogaria no Flamengo. Disse, claro, para tirar o meu amiguinho do sério, embora ali, o “Anjo da boca mole” tenha adorado a minha ideia e ajudado a transformar uma profecia gozadora em realidade.
Quando assumi, estava claro que o Flamengo precisava de um tratamento de choque. Dignidade e resultados na sola do sapato. Quatro meses sem que funcionários e profissionais recebessem, e o ano terminando com duas derrotas para o América.
Da criação de um Pool de empresas até a chegada triunfal do baixinho ao Galeão, foi tudo rápido e eletrizante. Primeiro, “vender o peixe” para os anunciantes. Convencer a cada um deles da importância de se repatriar o melhor jogador do mundo. Depois, montar para eles uma estratégia que garantisse um belo retorno de mídia. Banco Real, Cia Cervejaria Brahma, Grupo Multiplan, Pinto de Almeida, Grupo Bozano e Rede Bandeirantes foram os parceiros.
Na hora H, já em Barcelona, houve um “furo” de um milhão de dólares de dois outros “parceiros” que disseram sim e, aos 48 do segundo tempo, roeram a corda. Em 24 horas, tudo foi recomposto, readequado, e a proposta feita ao Barcelona. Este fato merece um capítulo à parte, até porque, acabou sendo um dos mais interessantes momentos que tive negociando algo importante. Só para dar uma palhinha, os espanhóis achavam que eu estava blefando, que queria aparecer. E estas informações partiram de dirigentes de um clube co-irmão, preocupadíssimos com a imagem deles e do clube, caso houvesse sucesso na nossa investida. Deu tudo certo, depois de longas negociações em que até o último momento o Barcelona tentou desfazer tudo. Por que deu certo? Pelo fato de Romário ser firme. Não fossem a vontade e firmeza deste baixinho fantástico, nada seria possível. Da sede do Barça, direto para o aeroporto. Aqui, tudo preparado pelos companheiros de diretoria. Carreata que ficou na história… Na Gávea, na apresentação, carnaval de sonho…
E a estreia? Precisávamos aproveitar o momento e reforçar o caixa. Concluímos que o ideal era criar duas situações. Uma estreia nacional, fora do Rio, aproveitando todas as possibilidades de faturamento, e idem no primeiro jogo no Maracanã. O adversário escolhido foi a seleção do Uruguai. O local, Estádio Serra Dourada, em Goiânia, onde o meu querido amigo Governador Maguito Vilela abriu as portas, criando todas as facilidades possíveis. O jogo em si pouco importa. O que valeu foi a alegria, o prazer inenarrável de ver o melhor do mundo com a camisa 11 do Flamengo. Como detalhe, 20 anos atrás, o Flamengo faturou neste único jogo um milhão e meio de dólares, líquidos. E ainda tive que ir a São Paulo, ao jornal Folha de São Paulo, levando os documentos necessários para provar que todo o faturamento foi feito direto do Flamengo para os anunciantes. Na matéria, um irresponsável afirmou que a estratégia do jogo fora montada para minha empresa ser beneficiada, e o que na realidade aconteceu, foi todo este trabalho ser feito com custo zero para o Flamengo. A conta das despesas, a Klefer pagou.
Este dia, há 20 anos, foi um marco na minha vida. Com certeza absoluta, na de Romário também, que virou, e é rubro-negro. Que noite!!! E parece que foi ontem…
Valeu Baixinho!!!
Você é um pedaço, o pedaço maior, e mais genial, da minha história rubro- negra.