O primeiro e único soberano da Nação.

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A quinta-feira não era convidativa para sair de casa. O sol causticante desse janeiro no Rio recomendava permanecer no ar condicionado. A perna estava doída, como estará até a cirurgia. Mas, ossos do ofício de um integrante do blog mais respeitado sobre o Flamengo, o Magia precisava ser representado no evento e lá fui eu. Até parece verdade, não? Desde quando seria sacrifício para um rubro-negro ir ao lançamento de uma camisa homenageando o maior jogador da história do clube, nosso ídolo máximo, o rei da Nação Rubro-Negra, o nosso maior artilheiro, o maior artilheiro do Maracanã, responsável pelas nossas maiores conquistas? Ele é o primeiro e único soberano de uma Nação. Nunca é demais homenagear o Zico, abraçar o Zico, falar para o Zico outra vez o que sempre gostaríamos de dizer, enfim, agradecer a esse monumento de trajetória inigualável no Mais Querido. Portanto, não houve sacrifício algum. Fiz e faria isso todos os dias com o maior prazer. Afinal de contas, fiquei de frente para a eternidade, a eterna idade de ouro do Flamengo. Não por acaso o Natal rubro-negro se comemora em 03/03.
Se Zico é sinônimo de multidão, em qualquer lugar do mundo onde ele esteja, imaginem em pleno Rio de Janeiro, na Rua da Quitanda, às cinco da tarde. Logo se formou uma fila monstruosa para abraçá-lo, tirar uma foto com ele, ganhar um autógrafo. Entre uma pose e outra, um depoimento ao microfone, todos emocionados. Curioso observar a primazia da faixa etária mais jovem, gente que nem o viu jogar. Foi o caso do pequeno Juan, o pequenino que gira o Manto Sagrado sobre a cabeça nas comemorações rubro-negras.
Também lá estavam alguns da velha guarda do Flamengo, como eu, que testemunhamos as obras primas desse gênio das quatro linhas. E ele, com a gentileza e a paciência costumeiras, com o sorrisão aberto atendendo um por um de todos os fãs. Aquilo não tinha hora para acabar. A idolatria por esse monstro sagrado do futebol mundial não tem limites. Ano passado no Camp Nou, em Barcelona, eu assistia a um jogo do Barcelona trajando orgulhoso o Manto Sagrado. Um casal sentou-se ao meu lado com o filho de uns dez, onze anos vestido com o azul e grená catalão. O pai quarentão se dirigiu a mim em inglês e disse “Flamengo”. E eu perguntei de onde ele era e como conhecia o Manto. E ele respondeu: eu sou fã do Zico, o melhor que eu vi jogar.
Já ocorreu isso comigo inúmeras vezes, pois viajo pelo mundo sempre com uns dois ou três Mantos na mala. Num restaurante em Valência, assim que entrei, o maitre veio falar comigo e me abraçou como um velho conhecido. Um italiano de Udine, agradecido eternamente pelo que o Galinho fez pela Udinese. E passaria o texto inteiro a contar histórias semelhantes. Como não reverenciar um ser humano tão especial, que apesar disso tudo se mantém humilde e modesto, sensível aos apelos de quem quer que seja?
Sou um privilegiado, nascido na época certa. Agradeço ao Grande Arquiteto do Universo por essa benção. Pela enésima vez, Galo, muito obrigado por ter me permitido a alegria enorme de vê-lo jogar. Serei um súdito eterno do seu futebol genial. E aproveitando o parágrafo dos salamaleques, o meu muito obrigado à Vivi Mariano, minha musa platônica, a craque do Magia. Quase todas as fotos postadas nessa coluna são de autoria da nossa polivalente trepidante.
E saí de lá com o meu mais novo troféu. Uma camisa retrô. Autografada, é claro.

Fonte: Magia Rubro-Negra
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