Renato Maurício Prado – O título do Torneio de Verão não é relevante, mas as atuações do Flamengo, nas vitórias sobre o Vasco e o São Paulo (ambas por 1 a 0), mostraram que o time rubro-negro está bem diferente do que foi no ano passado — e a diferença é para melhor. Algumas deficiências ainda são óbvias (como a falta de um armador e de um artilheiro eficientes), mas a compactação e a velocidade da equipe nos dois jogos foram notadamente elogiáveis para um início de trabalho.
Parece claro que a fórmula escolhida por Vanderlei é com três atacantes rápidos à frente, atuando com grande movimentação e apoiados pela chegada de alguns homens de trás, como os laterais e ao menos um componente do meio-campo. A base de tudo, entretanto, é um forte poder de marcação (na maioria das vezes dobrada sobre o adversário que tem a bola) e a obrigatoriedade de todos se deslocarem em bloco, não deixando espaços — como fazem os melhores europeus, seleções e times.
Para que tudo isso seja possível é fundamental um excelente preparo físico e, neste quesito, o trabalho de Alexandre Lopes e equipe sobressai. Tudo muito bom, tudo muito bem? Nem tanto. Ainda falta um detalhe importantíssimo no time atual do Flamengo: talento. Há bons jogadores (casos dos recém-contratados Marcelo Cirino e Arthur Maia e de alguns que lá já estavam, como Éverton, Canteros, Samir e Paulo Victor), mas o elenco ainda carece do brilho daqueles que chamam a responsabilidade na hora da verdade e decidem.
Nem vou usar a palavra craque porque, em minha opinião, craque de verdade, o futebol brasileiro, atualmente, só tem um: Neymar. Mas há outros capazes de fazer a diferença. E destes, o Flamengo ainda não tem nenhum. Bem que anda tentando (vide as investidas sobre Conca, Robinho e Montillo), mas até agora só acertou tiro n’água.