O Globo – Maior artilheiro do Maracanã com 333 gols, e habituado aos espetáculos em campo e fora dele, com as arquibancadas quase sempre lotadas em sua época de jogador, Zico criticou a polêmica medida de adoção de meia-entrada para todos os jogos do Campeonato Carioca.
Sugerida pelo presidente do Vasco, Eurico Miranda, e acatada pelos clubes pequenos, mais o Botafogo, a proposta criou um racha no futebol carioca. Prejudicados em seus programas de sócio-torcedor, Flamengo e Fluminense, que mandam seus jogos no Maracanã, são contra. Para Zico, o Estadual, povoado por times sem expressão, precisa valer mais é dentro de campo.
– Se o espetáculo for bom, a torcida vai, porque o torcedor faz um sacrifício para ver o seu time jogar. Agora, não adianta, com este número de times, às vezes sem capacidade competitiva, emendar um jogo no outro e esperar estádio cheio, mesmo com ingresso barato. Um ou outro torcedor pode até ir, se estiver desocupado. E vai, mas porque é barato, não pelo produto em si. Na verdade, isto é uma desvalorização – disse Zico.
Defensor de uma fórmula na qual os quatro grandes do Rio sejam poupados de uma fase preliminar e deficitária, Zico propõe enxugar o campeonato para aumentar a receita e o nível do espetáculo:
– A solução passa pela redução de equipes e jogos, não tenho mais dúvida sobre isto. Neste primeiro turno do Estadual, em 15 rodadas, quantos jogos dos grandes serão deficitários? Uns 10 ou 11. Ou até mais… Então, o ideal seria um campeonato no qual os grandes entrassem depois.
A escassez de clássicos empobrece o campeonato, na visão de Zico. Com 120 jogos previstos na primeira fase de uma extensa competição, que começa no próximo fim de semana e só terminará em 8 de abril, estão programados apenas seis clássicos. O primeiro, somente em 22 de fevereiro, entre Fluminense e Vasco. A programação da Federação de Futebol (Ferj) prevê, nesta fase, somente um Fla-Flu e um Clássico dos Milhões, entre Flamengo e Vasco.
– O Carioca tem que ter mais clássicos, que são os jogos que todos querem ver. Não é possível ter apenas um clássico de cada e o interessante seria uma tabela direcionada, como já existiu – declarou Zico.
DESEQUILÍBRIO
Sem entrar no mérito de uma possível política de favorecimento das equipes pequenas, que têm a maioria dos votos em arbitrais da Ferj, Zico criticou o desequilíbrio técnico entre grandes e pequenos:
– O grande problema é que dificultam a vida dos grandes, que têm o poder de investimento e atração do público, quando, na verdade, deveria ser o contrário.