A oportunidade de ouro para Luxemburgo.

ESPN F.C. – O Flamengo de 2015 ainda é um esboço. Muitos jogadores se movimentam de maneira errada, falham ao entender o seu companheiro de equipe ou pecam pela falta de costume com a proposta tática do técnico Vanderlei Luxemburgo. Ainda assim, o trabalho de Luxa tem sido marcado, se não por sua excelência (o treinador erra aqui e ali), por sua coerência. A não ser pelas até hoje inexplicáveis substituições no Mineirão, a maioria das coisas que Vanderlei faz nessa passagem à frente do Fla tem sentido, mesmo que não sejam geniais.

O time que começou a temporada se posiciona, ataca e joga de acordo com o que Luxemburgo diz 20 minutos depois em entrevista, quando abusa de referências a times famosos e atletas atuais. Desde a pré-temporada, a ideia era de uma equipe que manteria a posse de bola, propondo o jogo ao adversário com jogadores agudos. E é isso que acontece. É perceptível que os jogadores entendem o que Luxa quer para o time. Até mesmo a mudança que levou Marcelo Cirino para jogar como principal homem de referência do ataque tem justificativas sensatas do comandante, que prefere arranques de 10 metros a mais longos, de 30, 40 metros, que começam muito longe do gol.

Luxemburgo faz um bom trabalho no Flamengo, mas ainda é pouco para o patamar que ele mesmo estabeleceu há cerca de 20 anos e manteve por mais uma década. Está diante dele a grande chance de voltar a figurar entre os técnicos mais valorizados do país. A oportunidade de ser encarado novamente como um “estrategista”, tal qual Muricy Ramalho e Tite, e não mais como um personagem, uma piada que muitos jornalistas adoram fazer.

Por tempos, Vanderlei foi um técnico com um discurso de aristocrata falido. Comia ovo frito, correndo riscos de rebaixamento com o Atlético Mineiro e o Fluminense, mas arrotava caviar relembrando suas passagens pela Seleção e Real Madrid. No Flamengo reside sua chance de acabar com o abismo entre o técnico vencedor dos anos 90 e do começo do século e o treinador medíocre de discurso bonito de ultimamente.

Uma temporada consistente, com um time bem postado taticamente e conceitos modernos, como a boa saída de jogo, a marcação no ataque e a recomposição rápida que prega, o alavancaria ao rol de melhores do país outra vez. Ele conseguirá completar mais esse processo na carreira ou vai se contentar em contar histórias de quando era realmente bom? O trabalho dele no Flamengo pode ser definitivo para a resposta dessa pergunta.