ESPN F.C. – Quase dois anos depois, o Flamengo voltou a disputar uma partida oficial no Engenhão. Nesse meio tempo, o estádio mudou de nome oficial (Nilton Santos merece, diga-se), o Rubro-Negro foi campeão da Copa do Brasil e do Campeonato Carioca, trocou de gestão e o assunto preço de ingresso se tornou cada vez mais pauta entre a torcida. Mas o que o retorno do Engenhão muda nesse cenário?
Não é novidade que a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) suga as rendas dos jogos do campeonato com cotas abusivas, mas esse efeito é catapultado pelo “custo Maracanã”. O Flamengo foi mandante em três jogos contra times pequenos no Maracanã nesta edição do Campeonato Carioca e as partidas tiveram uma receita acumulada de R$ 1.300.940,00.
Mesmo gerando uma renda significativa, o que o Flamengo levou como lucro nesses jogos foi uma quantia irrisória. De toda a receita, após despesas, taxas e pagamentos de testes antidopings e escoteiros (sim!), o Fla ficou com apenas R$ 92.191 de lucro, incluindo quantias penhoradas, que, de um modo ou outro, acabam contribuindo com o clube e somam 7% do total arrecadado. Por conta do regulamento esdrúxulo assinado pelos clubes, os pequenos Barra Mansa, Boavista e Cabofriense, por sua vez, somaram um lucro de R$ 72.387,71, por volta de 5,5% do total.
Sim, a taxa que a FERJ cobra, de 10% sobre a renda da partida, prejudica a saúde financeira dos times. Contudo, nessas três partidas, pôde-se observar que a maior fonte de despesa foi, na verdade, a utilização do Maracanã. Entre os gastos apontados como aluguel e custo operacional do estádio pelos borderôs dos três jogos, o Flamengo deixou pelo caminho um total de R$ 613.739,08 (47% de toda a renda gerada) com o “custo Maracanã”. Notemos que nos borderôs do Maracanã não são disponibilizados o quanto se lucrou com o consumo nos bares e camarotes, sobre os quais o Fla tem participação.
Essa é uma situação causada pelo contrato assinado entre Flamengo e o consórcio que administra o Maracanã. Isso não acontece, por exemplo, nas partidas em que o Fluminense manda no estádio. Em vez de dividir (não igualmente) os lucros e as despesas de uma partida com o consórcio – o que o Fla, de um modo mais geral, faz -, o Flu opta por garantir a renda apenas das cadeiras atrás dos gols e não pagar os custos operacionais do estádio.
O Tricolor mandou somente um jogo pelo Carioca contra um pequeno no Maracanã. Na vitória sobre o Bangu por 2 a 1, o Flu levou 15.572 pessoas ao estádio, gerando uma receita de R$ 306.275,00. O clube ficou com R$ 65.360,64, o que dá pouco mais de 21% da renda. O consórcio levou R$ 49.736,74, cerca de 16% da receita. Já o Bangu ficou com R$ 47.227,09, por volta de 15% da grana. A FERJ, como sempre, abocanhou 10% da receita.
Mas qual a solução para o Flamengo? Bem, o jogo do último sábado, entre Flamengo e Friburguense, poderia apresentar uma. No entanto, ficou a impressão de que não há mesmo muita escapatória. Na sua partida de menor público no Rio esse ano, o Flamengo saiu no prejuízo pela primeira vez no campeonato. A receita foi de R$ 189.920,00, mas o Rubro-Negro ficou com um déficit de R$ 30.245,55. Por outro lado, a Taxa FERJ ficou em R$ 18.992,00, além de contribuir com mais R$ 19.260,00 nas despesas pelos “ingressos promocionais”. O custo operacional do estádio, mesmo com capacidade reduzida, público pequeno e setores fechados, foi de expressivos R$ 80.000,00.
Como um clube deve fazer futebol se, na verdade, paga para jogar, em vez de gerar dinheiro para si? Ao contrário de times de outros campeonatos, outros estádios e outras federações, como o Palmeiras, que já gerou milhões de lucro no ano, o Flamengo apenas sobrevive financeiramente no Carioca. Alie isso à noção dos patrocinadores de que exibirão a marca para um campeonato às moscas durante quatro meses (e pagam menos por isso), e não será tão difícil entender por que os clubes do Rio de Janeiro parecem ter muito mais dificuldades financeiras que os outros.
Com a volta do Engenhão, o Flamengo poderia ganhar uma alternativa mais econômica e perto de sua torcida. Ao optar pelo estádio localizado no subúrbio carioca, deixaria de gastar os cerca de 200 mil reais por jogo que custava realizar a partida e receber sua torcida no Maracanã. Mas não foi o que aconteceu. A amostra para exemplo é pequena (afinal, foi apenas um jogo), mas jogar no Engenhão contra o Friburguense foi caro e rendeu ao clube seu primeiro prejuízo no ano. Se faltava alguma prova de que o Campeonato Carioca é deficitário, não falta mais: fazer o time de maior torcida do país sair em prejuízo em uma partida deveria ser o fim da linha. A ordem no Rio de Janeiro, porém, parece ser evitar o crescimento das equipes o máximo possível. E, com o consentimento dos próprios clubes, que assinam contratos e regulamentos, o objetivo tem sido alcançado com eficiência.
https://www.youtube.com/watch?v=4Hfd4YMl-xM
Matheus Meyohas
Bem, diante da noticia que o ex e o atual governador receberam propina disfarçada de doação, ou coisa que o valha, penso que seria o caso de anulação do contrato de concessão do Maracanã.
Enquanto o Fla não tiver seu estadio proprio, vai ficar so enchendo os bolsos de empresarios, politicos e dirigentes pilantras de dindim!!! Vejam bem, de todos os clubes q tão na frente do Fla no socio torcedor, somente o Cruzeiro não tem estadio proprio… so tá na frente pq é bi campeão brasilerio atual, ou seja, pra ter um bom numero de socio torcedor (independente de titulos) tem q ter estadio seu…. conseguido via acordo com empresa privada como o Palmeiras ou via presente de politicos (com o nosso dinheiro…) como o Corinthians. Sem estádio proprio, essa situação apontada aki vai continuar!!! Saudações sempre rubroj-negras st…
Digo, saudações sempre rubro-negras st..