Jornal o Dia – No Flamengo de Vanderlei Luxemburgo, bacalhau é especialidade da casa. E o Vasco, freguês daqueles que chamam do garçom ao cozinheiro pelo nome. À frente do Rubro-Negro, o treinador nunca se engasgou com uma espinha do rival de São Januário. Em 11 jogos, ganhou sete — a primeira, na estreia, há exatos 24 anos —, e empatou quatro — aproveitamento de 75,75%. Só este ano, foram duas vitórias, que serviram para alimentar o ego da torcida. Mais uma vez, a receita do técnico deu certo.
“Foi uma vitória boa para não deixar o Vasco escapar. Quando a chuva parou, começamos a jogar e tivemos chances de matar o jogo. Foi um grande jogo, com 56 mil pessoas. Isso que é legal para o futebol. Começamos o ano ganhando, ganhamos agora… É bom para deixar o Vasco mais calmo”, disse.
A primeira vez que Vanderlei experimentou o gosto de derrotar o Vasco como técnico do Flamengo foi em 24 de março de 1991: 3 a 0, gols de Adílson, Marquinhos e Gaúcho. Na bacalhoada do último domingo, o molho de chuva com emoção deu o toque de chefe à vitória. Mas o sabor da rixa entre os clubes ele conhece desde pequeno, como torcedor, e depois, enquanto jogador.
“Eu sou rubro-negro, todo mundo sabe disso. Venho desde 16, 17 anos, lá de trás, com nosso time com Zico, Jayme… A porrada comia na preliminar no Maracanã, a rivalidade existe há muitos anos. Hoje, está evidenciada de uma maneira boa. O juiz teve a atitude correta de expulsar (Paulinho, Anderson Pico, Bernardo e Guiñazu)” relembra.
Enquanto ainda jogava, a freguesia era inversa. Em 12 confrontos, foram quatro vitórias, três empates e cinco derrotas. Vanderlei, como treinador, faz, há mais de duas décadas, o Vasco pagar a conta. Ciente de todos os temperos da rivalidade, como o de domingo, quando o adversário demorou a voltar para o campo após a chuva cessar e o gramado voltar a ter condições de jogo: “É malandragem do futebol. Os jogadores do Vasco queriam que o jogo parasse. Falei: ‘Vamos para dentro de campo’.
JUIZ RELATA AGRESSÕES NO CLÁSSICO
Anderson Pico, Paulinho, Guiñazu e Bernardo, expulsos no clássico de domingo, correm o risco de serem punidos pelo TJD-RJ. O árbitro João Batista de Arruda relatou na súmula agressões durante a confusão no final do jogo.
Segundo o relato do juiz, Paulinho chutou a bola, intencionalmente, em Bernardo, após cometer falta. O meia vascaíno, por sua vez, respondeu com uma peitada no camisa 26 rubro-negro. Anderson Pico, de acordo com a súmula, foi expulso por acertar um soco no rosto de Bernardo. Já Guiñazu foi flagrado dando um tapa no peito do lateral-esquerdo adversário.
“Informo que todos os incidentes que geraram as expulsões ocorreram em ato contínuo com o jogo paralisado, após formar-se um tumulto generalizado no meio do campo do jogo, depois de uma marcação de falta”, escreveu o árbitro.