Felipe fala sobre demissão do Flamengo

Globo Esporte – Nos últimos meses o goleiro Felipe, ex-Vitória, Corinthians e Flamengo tem vivido uma rotina solitária, cansativa, e quase sem testemunhas. Depois de sua saída do Flamengo, ele segue treinando sozinho para manter a forma e poder disputar o Brasileirão por algum clube. O jogador conversou com o Esporte Espetacular e falou sobre sua situação atual. Felipe também aborda sua dispensa do Flamengo, nega ter organizado churrasco para comemorar saída de Luxemburgo, afirma que a patrulha com as provocações está deixando o futebol muito chato e explica o que está fazendo para se manter até melhor forma do que quando estava jogando.

Demitido do Flamengo em janeiro depois de quatro anos, 188 jogos e três títulos, Felipe ainda tem o carinho de parte da torcida rubro-negra, mas segue treinando sozinho em um clube do Rio de Janeiro. Você confere abaixo o melhor da entrevista com o goleiro, que afirma que ainda tem muito a oferecer ao futebol.

Como você se sentia quando estava “encostado” no Flamengo?

– Você pensa muita coisa… às vezes me sentia invisível. Chegava no clube e ninguém te via. Parava e pensava: “joguei 190 partidas aqui, antes eu chegava aqui era abraço de lá, abraço de cá. Hoje eu chego, se você foi ninguém vai ver, se você não foi ninguém vai ver também. Então você para e pensa… tinha que levantar e falar vou ter que ir lá no clube, mas tinha que ir, tinha contrato era funcionário.

Chegando aqui vimos uma criança rubro-negra te comparando ao Leo Moura. Como você vê isso?

-É bom, criança é pura, criança sempre fala a verdade. Tive uma história legal no Flamengo, infelizmente acabou.

Treinar sozinho é uma rotina um pouco mais solitária de quem está dentro de um clube?

– É um pouco mais solitário, você tenta fazer o máximo parecido lá com o trabalho, mas aquela conversa, aquele bate papo que sempre tem, você perde um pouco. Mas o trabalho a gente tenta ser mais ou menos similar do que faz no campo.

O que foi falado no Flamengo para você naquele momento, porque você não estava sendo relacionado, porque não estava indo mais para o jogo?

– Nada, não foi passado nada.

Foi injusta sua saída?

Eu não sei se foi injusta. Eu tinha mais um ano e meio de contrato, eu queria saber só realmente o porquê? Mas já aconteceu não dá pra ficar remoendo. O Flamengo hoje tem um grande goleiro e ele fez por onde para estar jogando.

Você está com 31 anos de idade e 15 de profissão e se envolveu em polêmicas em quase todos os clubes por onde passou?

– Eu sempre falei o que pensava e quando você joga em equipe grande você não pode falar tudo o que pensa por que você é mal interpretado. Isso pode ter me atrapalhado, com o tempo vai aprendendo. Você tem que falar aquilo ali “Se Deus quiser vamos ganhar os três pontos”.

Se arrepende de algo?

– Uma coisa que me arrependo hoje foi da saída do Corinthians, não da saída em si, mas da forma que foi. Foi uma briga com o presidente em um programa de TV. Acho que não precisava daquilo tudo. Nem da minha parte, nem da dele. Então se eu pudesse mudar seria isso. O resto é, faz parte do futebol, é consequência, às vezes uma brincadeira mal interpretada.

O futebol está chato?

– Para mim está chato, acho que está. Você via Donizete, Túlio, o pessoal falando “ah eu vou fazer três gols no teu time, se você perder você paga a cesta básica”. Hoje você fala que não vai tomar gol e já dizem que está menosprezando os atacantes da equipe rival. Então não pode falar mais nada.

Sobre o “Roubado é mais gostoso” que você falou após a final do carioca de 2014?

– Ali fui mal interpretado, mas são coisas que alegram o futebol.

Aconteceu mesmo o churrasco para comemorar a saída do Vanderlei Luxemburgo em 2012?

– Uma mentira contada dez vezes acaba virando verdade.Se existiu eu não fui convidado, se houve esse churrasco pra comemorar a saída do Vanderlei, que eu acredito que não teve, eu não estava. Eu jamais faria isso, principalmente, com o cara que me trouxe e todos sabem qual foi o real motivo da saída do Vanderlei em 2012 e com quem ele teve a briga.

Marcelo Pedra, seu treinador particular, diz que você está mais magro e melhor condicionado hoje do que quando você estava jogando. Por que?

– Coisas que eu fazia antes hoje eu não faço. Aquela bebidinha no final de semana, aquele lanchezinho mais tarde. Antes eu comia quatro pedaços de pizza, hoje mal como um pedaço.

Jefferson, goleiro da seleção, também já treinou sozinho, ele falou contigo sobre essa situação não é?

– Ter um espelho como esse é sempre bom. Um cara que é excelente dentro de campo e fora. Ele ganhou títulos pelo Botafogo que o levaram à seleção.

E as tatuagens. Já são mais de 30, vai fazer mais?

– Minha mulher reza para eu voltar a jogar e parar de fazer. (risos)

E o acerto com um novo clube?

– Fico até ansioso, por isso evito ver TV porque estou ansioso e quero jogar. Toca o telefone e eu quero ver se é alguém me ligando então quero jogar. Acho que ainda tenho condições e idade pra jogar em um grande equipe do Brasil.