Fla acumula vexames de público, precisa fugir do Maraca e rever preços de ingressos

Blog Mauro Cezar Pereira – O Flamengo segue protagonizando públicos vergonhosos nas partidas contra os times pequenos no Campeonato Carioca. Neste sábado, com mando do Bonsucesso, no Engenhão, atraiu 4.207 pagantes, com ingresso ao preço médio de R$ 33,94.

É evidente que o torneio não empolga e alguém pode argumentar que o jogo não era no Maracanã, onde os rubro-negros atuam quando mandantes. Mas lá o cenário não melhora tanto. Nas duas partidas mais recentes contra times pequenos, foram menos de 7 mil pagantes num jogo e pouco mais de 5 mil no seguinte.

Sim, o campeonato carioca não empolga, exceto em alguns clássicos. E os jogos disputados nas noites de quarta-feira às 22 horas com televisão aberta ao vivo para o Rio de Janeiro têm o apelo que resta ainda mais comprometido por tais circunstâncias.

Mas este cenário não é novo, e um aspecto fundamental segue pesando para que o público se afaste: o preço do ingresso. Dois fatores o empurram para cima: os novos estádios, com manutenção elevada e parceiros nem sempre desejáveis; e os tíquetes encarecidos para que o programa sócio torcedor seja atraente.

Quando muitos ressaltavam os pontos positivos das novas “arenas”, fossem elas da Copa do Mundo ou não, poucos perceberam que estádio caro e mais confortável significaria mais despesas no dia-a-dia também. E no caso do Maracanã, o luxo imposto pela Fifa faz da sua manutenção algo ainda mais custoso.

Um exemplo: dois anos antes da Copa o preço médio de um assento de estádio do Mundial era de R$ 400 (R$ 478 em valores atualizados). É absolutamente possível ter estádios dignos, limpos, confortáveis sem gastar tanto. E sem torná-los de manutenção tão cara. Para piorar, a obra feita com dinheiro público foi entregue a empresas, com objetivo de lucro, claro.

Se foi refeito graças aos impostos pagos pelo contribuinte, seria mais honesto que só arrecadasse para sua perfeita manutenção. Não é assim. Os administradores ganharam aquilo e alegam encarar seguidos prejuízos com o “New Maracanan”. Isso evidencia não serem do ramo. Mas impõem aos clubes taxas absurdas e descontos inacreditáveis. Isso joga o preço do ingresso para as alturas.

O torcedor pouco podia fazer quando o governo do Estado do Rio de Janeiro despejava R$ 1 bilhão na obra da Fifa. Hoje ele pode. E simplesmente não dá as caras. Não que historicamente comparecesse. Públicos baixos, infelizmente, há décadas acompanham o nosso futebol. Mas em alguns casos o cenário piorou.

O Maracanã reformado para os Jogos Panamericanos de 2007 já era um estádio muito bom. E sem o custo surreal do novo. Tracemos um paralelo com o cinema. O Shopping JK Iguatemi abriga a sala mais cara de São Paulo. Lá um ingresso bate os R$ 80.

Mas a maioria cobra tíquetes da metade desse valor para baixo. E não estamos nos referindo à meia entrada. Espaços confortáveis, mas sem tanto luxo, permitem ver os mesmos filmes. Paga pelo requinte quem pode e quer. Da forma como foram erguidas, as “arenas” só trazem o conceito do cinema sofisticado.

O Corinthians tem plano sócio torcedor com uma virtude: premia a assiduidade. Quem mais comparece, mais pontua. Quem mais pontos faz, menos paga. É progressivo. Isso força o torcedor a sair de casa e ocupar seu espaço em jogos pequenos para que tenha preferência nas grandes partidas. É preciso pontuar.

Comprovadamente funciona, como as seguidas médias mostram. Nisso o clube está mesmo à frente. Pena que tantos espaços sobrem em Itaquera, onde há mais setores caros do que a demanda, deixando milhões de corintianos distantes do sonho (para eles é mesmo sonho) de ir à casa alvinegra ver o time de coração.

Já o Palmeiras surfa na onda dos novos tempos, com time e estádio novos. O torcedor recupera a auto-estima e vai em ótimo número mesmo no Estadual. Os sócios que desembolsam R$ 69,90 mensais têm a chance de ver todos os jogos sem pagar mais nada, desde que consigam adquirir os ingressos. Deixar para a última hora é um risco.

Mas o programa verde também segrega quem não pode pagar tanto. O plano de R$ 10 dá descontos, que não tornam os tíquetes acessíveis para muitos, pois partem de cifras proibitivas. O palmeirense nessa situação precisaria dispor de pelo menos R$ 100 para acompanhar o clássico contra o São Paulo, há poucos dias, no Allianz Parque, onde espaços vazios em setores caros também são uma constante.

Já o Flamengo é refém do consórcio. Cada torcedor tem um custo de aproximadamente R$ 13, o que veta preços inferiores. Ainda assim, a média é muito alta para jogos sem apelo, o que resulta em Maracanã vazio, melancólico, e rendas líquidas vergonhosas, como os R$ 7.952 do jogo com o Volta Redonda.

Achou pouco? Contra o Bangu coube ao Flamengo R$ 1.389,00. Menos de dois salários mínimos! E os sócios torcedores estão a abissal distância de levarem público significativo. Na peleja frente ao Voltaço, 1.192 ingressos foram adquiridos por eles, ou seja, 17%. Diante dos banguenses 901, novamente 17%.

A um preço médio de R$ 20, um público de 10.900 pagantes contra o Volta Redonda e outro com 8.200 diante do Bangu proporcionariam rendas idênticas. E já seria melhor, pelo menos haveria mais gente no estádio. Contra o Boavista, com quase 21 mil pagantes, o Flamengo jogou às 19h30 sem TV aberta ao vivo, o que mostra o quão pesado são horário do jogo e transmissão da peleja na decisão do torcedor de ir ou não.

É fato que nesses cotejos de pequeno apelo, quando a bola rola tão tarde e é possível vê-la na sala de casa sem pagar por isso, o público cairá. Mas não pode despencar tanto e ninguém se incomodar com isso. São seguidos vexames.

Abaixo, as médias de público e os preços de ingressos na temporada 2009, a última na qual foi possível jogar até o final do ano no Maracanã original; e os números do campeonato atual. Veja, também, os valores corrigidos dos ingressos, que ficaram 80% mais caros, enquanto a inflação do período foi de 37%. O Maracanã, reformulado como a Fifa mandou, ficou inviável, ainda mais com um parceiro imposto aos clubes.

É preciso fugir dele o quanto antes, colocar cifras ao alcance do torcedor e melhorar o programa do sócio. Para evitar novos vexames como os que o Flamengo vem acumulando, incompatíveis com quem tem a maior torcida do Brasil.

Milton Medeiros

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