Extra Globo – Os quatro grandes insistem que não financiam ingressos para as torcidas organizadas, mas o fato é que estas facções sobrevivem às custas de marcas que pertencem exclusivamente a Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco.
Muitas das grandes torcidas do Rio vendem produtos com símbolos das equipes sem que haja nenhuma contrapartida financeira, o que caracteriza uma relação de conivência. Ainda que os clubes preguem publicamente uma mudança no relacionamento com as organizadas, a prática, arraigada por anos de permissividade, não é coibida de maneira enfática.
— De vez em quando encontramos produtos nessa linha (não licenciados) e entramos em contato para comunicá-los da ilegalidade e para que cessem a venda — afirma Peter Siemsen, presidente do Fluminense, que jura não patrocinar nenhum benefício às facções que representam o Tricolor.
O Botafogo prefere não partir para o enfrentamento, mas tenta subverter a lógica estabelecida. Segundo Márcio Padilha, vice-presidente de Comunicação alvinegro, seu departamento iniciou conversas com uma organizada, para que o clube licencie seus produtos, de maneira que os royalties sejam revertidos para os cofres do Glorioso.
— Nenhum clube quer problema com sua torcida, mas é necessário que seja uma via de mão dupla. Isso tem de ser conversado — opina Padilha.
É corrente que os valores auferidos com os produtos não resultariam em altas somas, mas o receio é de que atos violentos praticados por essas facções possam respingar na imagem dos clubes. Para Marcus Duarte, ex-diretor de marketing de Flamengo e Vasco, o ideal seria fazer um acordo de permuta que permitisse o uso da marca e que exigisse contrapartidas das torcidas, como bom comportamento e apoio nos estádios.
— Sempre houve esta licença entre aspas. Mas nunca se pensou nesse assunto, e acho que é algo a se pensar — completou Marco Antônio Monteiro, vice-presidente de Marketing do Vasco.
O Flamengo preferiu não se manifestar.