Fonte: Falando de Flamengo
Vou começar fazendo um mea culpa. Sou retrogrado e saudosista ao extremo, sendo assim, posso não agradar com algumas colocações que irei fazer, mas, como isso aqui não é um debate e sim uma coluna opinativa, vamos que vamos…
Diferente da minha última coluna, onde eu previa o fim do “Temporal”, venho agora constatar, que o tempo ruim ainda não foi embora. Nuvens negras ainda sobrevoam o céu do Departamento de Futebol do Flamengo. Separo o Futebol, do Clube, pois, o Flamengo em um aspecto geral vive um momento de crescimento estrutural e financeiro que nos fazem exemplo de administração para todos os outros times do Brasil.
Mas, vamos ao Futebol…
Tudo que essa Direção vem acertando na administração e estruturação financeira do Clube está pecando no que faz o torcedor ser Flamengo. O projeto 2015 do clube foi mal desenhado desde o inicio. Montou-se um elenco sob a batuta do Luxemburgo e com as restrições impostas pelo orçamento, contudo, apesar dessas “restrições orçamentárias” nosso elenco é caro e fraco. Por que afirmo isso? Avalio que com o valor gasto nesses jogadores, poderíamos ter um time mais competitivo e sem tantos jogadores “coringas”, atletas que jogam mal em mais de uma posição. Ou seja, não resolvem os problemas do time. E mesmo assim temos um alto custo na folha.
E esse erro levou a outro, que na minha opinião foi o pior deste ano, ao aprovar o planejamento do “Pofexô”, a Diretoria tirou o peso da cobrança por jogadores melhores das costas, mas, assumiu o risco de ver esse trabalho não dar certo. Desta forma, ao acreditar no “Pojeto Luxa” demorou muito a perceber que o time não é isso tudo que se pensava ou esperava ser, e agora estão indo ao mercado em um momento um tanto que desfavorável. Pois, todos já sabem das necessidades do clube o que aumenta o valor das negociações, e o pior perdemos alguns nomes que estavam acessíveis no inicio do ano. Na minha concepção, ESPORTIVAMENTE perdemos o timming para montar o time e agora vamos pagar mais caro por isso.
Enfim, hoje temos um elenco limitado e com poucas opções. A Diretoria está correndo atrás. Já chegou um “Mini pacote” com Sheik, Ayrton e Alan Patrick. O Guerrero, chega no fim da Copa América. Ainda temos a possibilidade da volta do Elias e da contratação um camisa 10. Certamente com essas aquisições sendo efetivadas teremos um “Novo” horizonte pela frente. Contudo, acho que será tarde, disputamos 24 pontos e conquistamos somente 7 – apenas 30% de aproveitamento -, e estimo que até esse time dar liga, essa média de 30% pode ser infelizmente o nosso aproveitamento. Ou seja, vamos brigar para não cair novamente.
Não sou Nostradamus, mas, acho que o Cristovão não vai até o fim da competição, apesar da nítida melhora em relação ao time do Luxa. O jogo de sábado mostrou um treinador sem uma visão clara do jogo e uma capacidade incrível de mexer mal, que é uma característica, sempre comentada por torcedores dos times em que passou. Perdemos de dois, mas, poderíamos ter sido goleados. A principal deficiência do time do Flamengo é o meio campo e nem estou falando do tão sonhado meia de ligação.
Os jogos que perdemos este ano, perdemos, por “perder” o meio campo. Não adianta com um time limitado, tentar jogar com dois pontas abertos, sem a recomposição. Ficamos sempre com dois jogadores tentando fechar o espaço de três, quatro, daí quem paga o pato é a defesa. E o resultado estamos vendo em campo, uma defesa frágil e um time perdido quando o adversário resolve “tocar a bola”. Cristovão, conselho de amigo, fecha a casinha, dois volantes firmes de marcação, deixa o Canteros e o Everton no meio com o Sheik e Eduardo (Até a chegada do Guerrero). Aposto que não perderemos tantos jogos e o aproveitamento vai subir, sendo assim, você vai ter mais tempo no cargo.
Agora, vamos botar o dedo na ferida e justificar o primeiro parágrafo. O grande erro da Direção de Futebol do Flamengo é a falta de cobrança. Nunca vi um time que não vê importância nos resultados como este deste ano. Já vi bons times que não renderam, já vi times tristes que davam pavor. Mas, time apático igual a esse nunca. E nem digo isso acusando os jogadores de não correr. A acusação é não sentir. A impressão que tenho é que eles estão em uma zona de conforto tão grande, que vitória ou derrota, é tipo vodka ou água de coco, tanto faz. E essa Zona de Conforto atinge os mais altos escalões do Departamento de Futebol, hoje a Torcida do Flamengo comemora mais a conduta administrativa do clube do que vitórias.
Dito isso, vou fazer aqui, o papel que faço na arquibancada, vou cobrar! Sinto falta de alguém de pulso, tanto no Futebol, quanto em campo (parece que no campo o Sheik pode resolver esse problema). Falta alguém com “Culhão”, alguém que faça o Eduardo Silva ter outra fisionomia, que faça Everton, Gabriel, Paulinho ter motivação para serem os jogadores que já foram outrora. Falta um grito, um empurrão, falta também a força da Nação.
Ok, os Blues fazem um puta trabalho de estruturação administrativa/financeira, mas, tem que ser cobrados no futebol, e essa cobrança só vêm de um lugar, da arquibancada. Chega de “Isso aqui não é Vasco”, não é e nunca foi! Essa comparação é ridícula! Precisamos de menos “Selfies” e mais “Conte comigo Mengão”, precisamos de menos sorrisos no telão durante as derrotas, precisamos levar esses caras no colo como sempre fizemos, mesmo que seja necessário “Acabar o Amor” antes que esse campeonato vire de fato o “Inferno”.
Não dá para ir ao Maracanã como se fosse ao teatro ou ao cinema. O estádio é um templo, e a vitória só vem com a comunhão da torcida com o time, “dando a mão e torcendo juntos, na dividida ganha quem tem união”. Não conheço outra forma de torcer, se não é para “entrar em campo” não vá ao jogo. Infelizmente a elitização do futebol, tirou o acesso do Torcedor de verdade, digo isso afirmando que ninguém é mais Flamengo do que ninguém, mas, aquele cara que deixava de pegar uma condução para pagar o ingresso; que deixava de comer para acompanhar o Flamengo, esse cara sempre jogou junto. Aquele momento para ele era único, catarse, êxtase, todos os sentimentos envolvidos ali, com os pensamentos no campo, sem máquinas de fotografias, sem rede social, sem pudor… amor, ódio, paixão e voz em apenas um coração, emoção que passava de pessoa em pessoa, sem quebrar a corrente, todos ali com apenas um objetivo, jogar junto. Assim como falta muita coisa ao time do Flamengo, falta alma a sua Torcida.
P.S:. Carlinhos, obrigado por tudo! Que você nos ilumine lá de cima e faça como fez em vida, entre em campo e jogue conosco.
Léo Sardou
Belíssimo texto! SRN