Fonte: Extracampo
A morte do ex-treinador Carlinhos, aos 77 anos, causou forte emoção em Júnior. No Chile, onde trabalha como comentarista na Copa América, o ex-jogador do Flamengo ficou abalado com a notícia recebida na manhã desta segunda-feira. Sob o comando do Violino, Júnior foi campeão brasileiro em 1992.
– Carlinhos foi meu último treinador – disse, com a voz embargada. – Foi o cara que me ajudou a ganhar meus últimos títulos, e me fez também prolongar minha carreira. Falava sempre aquilo que a gente gostaria de escutar como motivação. Ele foi um dos responsáveis por eu ter jogado até os 39 anos. Gratidão eterna. A última vez em que estive com ele foi quando o Flamengo colocou o busto dele merecidamente lá na Gávea. Mais um mestre que se foi. Mais do que um treinador, um amigo, uma pessoa extremamente verdadeira. Rubro-negro de boa cepa.
Também no Chile, o coordenador de seleções da CBF, Gilmar Rinaldi, recebeu com impacto a notícia.
– O Flamengo perde uma figura muito importante. Carlinhos mostrou que pode ser um grande comandante sem alterar o timbre da voz. Elegante como jogador e como comandante – afirmou Gilmar, goleiro do time campeão brasileiro de 1992.
O ex-atacante Bebeto, campeão brasileiro em 1987 sob o comando de Carlinhos, lembrou que foi o ex-treinador que transformou-o de meia em atacante.
– Fiquei tão triste… Há dois dias perdi um tio meu, Ângelo, na Bahia. Comecei minha vida jogando no meio-campo. Eu era meia-direita. Nos juniores do Flamengo, em 83, Carlinhoes me disse: ‘Meu filho, nunca vi alguém finalizar tão bem quanto você. Vou te botar na frente”. Fomos bicampeões de juniores. E no profissional, campeões brasileiros. Que Deus o tenha num bom lugar e conforte o coração dos seus familiares – disse Bebeto.
Outros depoimentos:
Zico (campeão brasileiro 1987, pelo Facebook)
“Um dia muito triste. Morreu Carlinhos. A vida dele dedicada ao Flamengo é repleta de histórias e sucesso, como jogador e treinador. Um amigo, um cara muito legal e que tive o privilégio de receber sua chuteira quando ele abandonou os gramados como jogador. Na minha despedida, em Kashima, pude retribuir dando a ele minha camisa. O título de 87 foi especial com ele como treinador. Carlinhos era dos juniores e assumiu na segunda rodada, o que tinha nos aproximado ainda mais pois fiz minha recuperação com a base. Discreto, inteligente e com aquela fala mansa, Carlinhos já fazia falta no futebol há muito tempo. Agora estará lá em cima olhando por todos nós. Obrigado, Carlinhos. A torcida do Fla agradece. Fica com Deus”.
Renato Gaúcho (campeão brasileiro 1987, em depoimento ao Blog Extracampo)
– Um cara humilde, gostava de conversar, trocar ideias. Estou triste mesmo porque gostava muito dele. Só tenho boas lembranças. Foi importante porque foi meu primeiro ano no Flamengo. Não é fácil jogar no Flamengo, ainda mais no lado do Zico. Ele me deu muita tranquilidade. Ajudei a conquistar o título brasileiro. Deixava à vontade. Não era aquele que cobrava.
Zinho (bicampeão brasileiro 1987/1992, em depoimento ao Blog Extracampo)
– Fui no Flamengo na semana passada e soube que estava bem doentinho, no hospital. Meu momento principal no Flamengo foi quando cheguei. Ele que me aprovou. Eu tinha 11 anos de idade, e ele era o treinador do mirim. Era um cara calmo, mas ao mesmo tempo muito direto nas suas decisões. Presava muito a parte técnica. Gostava do futebol bonito. Desde a base, foi meu treinador: mirim, infantil, sub-20 e profissional. Também foi responsável pela minha efetivação no profissional. Ou seja: foi o treinador mais importante da minha carreira. Um treinador amigo, paciente demais para explicar as coisas. A preleção dele era uma aula. Usava até um quadro-negro na concentração para detalhar posicionamento e funções de jogador por jogador, até do goleiro. Era um paizão.
Leonardo (campeão brasileiro 1987, em depoimento ao Blog Extracampo)
– Simplicidade, classe, humildade, uma vida de Flamengo. Descanse em paz, caro mestre. Com muito carinho…
Romário (ex-jogador, senador, pelo Instagram)
“Hoje Papai do Céu levou Carlinhos, um dos maiores meio-campistas da história do Flamengo e um dos grandes treinadores. Nossa relação sempre foi de muito carinho e respeito. Deixo meus sentimentos à família”.
Gottardo (campeão brasileiro 1992)
– Perda lamentável de enorme humildade e paixão pelo futebol. Uma das poucas pessoas do meio da bola que realmente merece elogios pós-morte. Gostava muito dele. Vai deixar saudade.
Zagallo (ex-jogador e treinador, tetracampeão mundial, em depoimento ao Sportv)
– Um flamenguista eterno, que teve vários títulos dentro do Flamengo. Vai nos deixar uma saudade enorme pela figura que sempre foi. Era o Violino. Sabia de tudo, mas dentro de uma tranquilidade, passava as coisas. Que Deus o leve e que estejamos aqui para rezar por ele.
Carlos Alberto Torres (ex-jogador, em depoimento ao Sportv)
Tive a sorte de jogar contra ele o Fla-Flu de 1963. Foi um jogador excepcional, que tinha amigo em todos os clubes. Todo mundo o via como um cara neutro.