Fonte: Renato Maurício Prado
Será o time atual do Flamengo o pior de todos os tempos? É o que tenho ouvido de muitos rubro-negros na rua e lido em revoltados e-mails e comentários na internet. Como sou dos tempos de Fio, Buião, Michila, Tinteiro, Néviton, Oswaldo Ponte Aérea e que tais, resisto à cruel classificação. Mas esses antigos escretes de pernas-de-pau, pelo menos, tinham raça e demonstravam amor à camisa.
A atual administração, tão incensada pela preocupação que vem demonstrando em controlar as finanças e saldar as dívidas de antigamente (atitudes, indiscutivelmente, louváveis), desde os primeiros dias, mostrou-se absolutamente neófita em futebol. E, pior, arrogante demais para admitir isso.
Quase três anos depois, o quadro não se modificou. Walim Vasconcellos foi um fiasco completo como vice-presidente da área e seu sucessor, Alexandre Wrobel (ao menos, uma pessoa educada e afável), deixou o cargo sem ter substituto.
Todas as decisões são agora do tal “conselho gestor” que, pelos resultados que se tem visto em campo, tampouco entende o mundo da bola. A desastrada escolha de Cristóvão, para substituir Vanderlei Luxemburgo, foi o mais recente exemplo cristalino dessa ignorância.
Nesse quadro desanimador, impressiona também o pouco controle do clube sobre seus atletas — vários deles, mais de uma vez, flagrados na noite, bebendo e se divertindo como se não tivessem qualquer compromisso com a forma física.
Não à toa, o time, que já é muito fraco tecnicamente, se arrasta em campo e jogadores como Éverton, Paulinho e Marcelo Cirino (para ficar apenas nos mais badalados) não têm sido nem sombras do que já foram, inclusive no Flamengo. Detalhe: até a derrota para o Atlético Mineiro, os treinos eram quase sempre na parte da tarde, horário perfeito para quem vive na noite. Trabalho em tempo integral? Nem pensar…
É verdade que a chegada do craque peruano Paolo Guerrero, para formar um ataque com Emerson (o único que praticou algo parecido com futebol, na derrota para o Vasco), melhorará o time.
O problema é saber como a bola chegará até eles, pois com os três volantes que os técnicos adoram escalar e os laterais medíocres que igualmente têm sido os preferidos (só queria entender por que não se usa o garoto Jorginho, lateral-esquerdo da seleção sub-20), não há santo que dê jeito.
Se trouxerem o Elias, recontratarem Leonardo Moura (com uma perna só ele ainda é infinitamente melhor do que todos os que estão lá) e derem a oportunidade devida a Jorginho, pode ser até que o time se ajeite razoavelmente. Desde que, é claro, se cobre com rigor mais profissionalismo dos atletas e se tenha também um treinador vitorioso, à altura da gloriosa história do Flamengo.
Sobrevivência
O Flu está longe de ter um timaço. Mas é, disparado, o melhor do Rio e são boas as possibilidades de se manter no G-4, conquistando uma vaga na Libertadores. E isso sem a Unimed, hein? Apesar das dificuldades financeiras, o tricolor vem conseguindo sobreviver à catástrofe tão anunciada para o dia em que fosse abandonado pelo “poderoso Celsão”.
Haja trabalho
Celso Roth estreou com o pé direito, conseguindo a primeira vitória no Brasileiro e logo contra o Flamengo. Mas já percebeu que terá muito trabalho pela frente, pois o elenco é limitadíssimo e os reforços que estão por chegar não empolgam ninguém.
Montecchios e Capuletos
Senna bloqueia rival e dá o título a Piquet! A manchete, que seria inverossímil nos tempos em que cobri a Fórmula-1 e os dois tricampeões duelavam ferozmente, na pista e fora dela, é verídica agora, na revolucionária Fórmula E (categoria na qual os bólidos são movidos a eletricidade).
Foi graças ao bloqueio feito magistralmente por Bruno Senna, impedindo a ultrapassagem de Sebastien Buemi, nas últimas voltas da derradeira prova do ano, que Nelsinho Piquet conquistou o campeonato. Bem-humorado e agradecido Piquet disse em entrevista, logo após a corrida:
— Vou dar um cartão de crédito ilimitado e válido por um ano, pra ele!
Mais tarde, diminuiu o prêmio:
— Vou lhe pagar uma bebida.
E os dois, que se dão bem, caíram na gargalhada.
Só o FBI salva
Não basta trocar o Dunga e o Gilmar Rinaldi. Nesse caso, o buraco é mais em cima…