Fonte: O Globo
A apresentação de Paolo Guerrero na véspera de um ano do maior vexame da história da seleção coincide com o processo de reestruturação do futebol brasileiro e do Flamengo. Seja na Gávea ou em qualquer canto do país, a solução para tirar um clube da crise é simples: bons jogadores, capazes de atrair vitórias e a confiança da torcida. É assim que o Flamengo espera começar a sair do volume morto do Campeonato Brasileiro a partir desta quarta-feira, às 22h, na estreia do atacante peruano, contra o Internacional, no Estádio Beira-Rio.
Mesmo com os pés no atoleiro da parte de baixo da tabela do campeonato nacional, o Flamengo mostra a força e o prestígio de sua marca no exterior. A presença na Gávea de uma jornalista alemã e de 16 crianças peruanas uniram culturas diferentes em volta da idolatria ao jogador, que vestiu a camisa 9 pela primeira vez. No brilho dos olhos do pequeno torcedor Gustavo Sauerbronn, de 5 anos, levado ao clube pelo pai Rodrigo como prêmio por fazerem parte do programa de sócio-torcedor do clube, a ansiedade em conhecer Guerrero era visível e prova a magia desencadeada pela contratação do artilheiro da última Copa América.
Em retribuição, após falar em espanhol e alemão, o atacante disse em bom português o que todo torcedor do Flamengo gosta de ouvir em qualquer idioma.
— O Flamengo tem a maior torcida do mundo. Eu pesquisei, me informei e vi que o Flamengo estava em primeiro lugar em uma pesquisa — disse Guerrero, ovacionado pelos torcedores, que ainda iriam à loucura após ele responder a pergunta de uma jornalista alemã sobre a comparação de grandeza com o Bayern de Munique:
— Flamengo tem mais torcida.
Apesar da maratona percorrida desde o Peru para chegar à Gávea às 13h, Guerrero não demonstrou cansaço e disse estar pronto para jogar. Sabe que o momento é de deixar em campo suor e sangue, se for preciso, como pediu Walter D’Agostino, vice geral do clube, e de quem o artilheiro recebeu a camisa. Mesmo quando rejeitou o rótulo de salvador, Guerrero entendeu que não será apenas mais um no time pelos próximos três anos de contrato.
— Acho que o torcedor não pensa que eu sou um salvador. Pode ser que estejam chateados com os últimos resultados. Todo time passa por uma fase assim. Mas acho que temos equipe para brigar por título, sim. Espero dar tudo de mim, porque o Flamengo precisa e não pode perder tempo — prometeu.
Nem Guerrero tinha tempo a perder se quisesse entrar no avião com o time antes de 15h. Correu, mas mesmo assim parou no estacionamento da Gávea para tirar fotos com as crianças peruanas. A imagem de um atacante com faro de gol, que já defendeu Bayern, Hamburgo e foi decisivo no Corinthians ao marcar no Chelsea, de cabeça, o gol do título mundial em 2012, dá ao torcedor a esperança de dias melhores no rubro-negro, onde a dupla Emerson/Guerrero será reeditada.
— Conheço e sei jogar com o Emerson. Agora, preciso me entrosar com o restante do time, que é jovem e talentoso — disse.
Fé no Brasil
Sem vir à Copa com o Peru, Guerrero viu de fora o vexame do Brasil há um ano. Na Copa América, sua seleção foi derrotada na primeira fase por 2 a 1. Mas os brasileiros ficaram pelo caminho, enquanto o Peru foi terceiro. E Guerrero, artilheiro:
— Eu vejo o Brasil passar por uma reformulação depois de tanto êxito em todos esses anos. É uma época na qual a seleção deve passar por uma renovação, que não deve durar muito, porque existe muito talento e a reposição será rápida.
Tomara, Guerrero.
Internacional x Flamengo
Internacional: Muriel, William, Ernando, Alan Costa e Géferson; Rodrigo Dourado, Wellington, D’Alessandro e Alisson Farias; Valdívia e Lizandro López.
Flamengo: César, Ayrton, Marcelo, Wallace e Jorge; Jonas, Canteros, Alan Patrick e Éverton; Emerson e Guerrero.
Juiz: Wilton Pereira Sampaio (Fifa-GO).
Local: Beira-Rio.
Horário: 22h.
Transmissão: Rede Globo, Band, Premiere e Rádio Globo.