Há algo de muito errado no Flamengo

Amigos! Estamos passando por um momento muito ruim do futebol do Flamengo. Não, não estou preocupado com o rebaixamento e tenho certeza que este time, com a chegada dos reforços ficará no mínimo no meio da tabela do brasileiro. O que me intriga é outra coisa, bem mais grave e diz respeito ao comportamento de todos no Flamengo.

Não sei, parece que estão todos anestesiados! A diretoria, que vai muito bem na parte administrativa não consegue montar um time decente. Em 2013, o que salvou o ano foi a Copa do Brasil, um torneio mata-mata onde a sinergia entre o time e a torcida mais uma vez nos levou ao título. Em 2014, fizemos um papel ridículo na Libertadores e ficamos na rabeira da tabela no Brasileiro, a zona de rebaixamento foi preocupação da primeira rodada até o fim do campeonato. Neste ano, nem no Carioca fomos bem e no Brasileiro já estamos na zona de rebaixamento novamente. O desempenho não é compatível com nossa história e tradição e o mais alarmante, em minha opinião, não é compatível com o elenco que temos.

É aí que quero chegar. Em anos anteriores, víamos a indignação no torcedor, víamos os dirigentes fazendo de tudo para mudar o panorama, mesmo que muitas vezes fazendo loucuras e metendo os pés pelas mãos. Não estou aqui querendo mais contratações ou loucuras com nosso parco dinheiro, mas sim a cobrança que deve haver, e existe, em qualquer ambiente profissional.

Vá você faltar com seus compromissos ou não bater a sua meta mensal, amigo! Com certeza você será cobrado e pressionado para aumentar sua produtividade. Por mais que procure, não consigo enxergar isso no Flamengo de hoje.

A verdade é que está uma moleza jogar no Flamengo. Sem cobranças, com status de jogador do time de maior torcida do país, night pra todo lado e, com certeza, belas donzelas como companhia. Some a isso tudo o polpudo salário em dia. Hoje no Flamengo, diferentemente de outros tempos, o salário está rigorosamente em dia. Tanto a parte da carteira de trabalho como os direitos de imagem.

Antes era dito que a diretoria e a torcida não poderiam fazer cobranças pois o salário não estava em dia, e mesmo assim a cobrança era feita, e muitas vezes pesada. Apesar de altamente condenáveis, invasões ao local de treinamento não eram esporádicas no clube a cobrança estava lá, no dia a dia. Escuto os jogadores e treinadores falarem que o time deve suportar a pressão de jogar no Flamengo hoje, mas não vejo que pressão é essa que eles estão sentindo. Rojões atirados contra os jogadores e torcedores com barras de ferro e pedaços de madeira, apesar de serem ações totalmente erradas e condenáveis, eram muito mais pressão do que hoje.

Que essas palavras que escrevo hoje não sejam interpretadas como apologia à violência, ou então que eu seja contra a diretoria que está no poder do clube hoje, longe disso, me tornei sócio do clube para que eu possa votar e, assim, que eu possa ajudar para que esta filosofia que está sendo implantada hoje no Flamengo se perpetue. Mas acho que tem algo de errado no nosso clube, antes era tudo bagunçado e a torcida se fazia sempre presente, protestando. Os elencos, reconhecidamente mais fracos que o de hoje, eram cobrados pela diretoria e se superavam. Hoje em dia está moleza jogar no Flamengo.

Espero que a torcida não se conforme, achando que ficar ano após ano no meio da tabela no Campeonato Brasileiro e que suas raras participações em Libertadores sejam interrompidas ainda na primeira fase seja normal. Se isso se tornar corriqueiro e não causar mais incômodo, estará dado o primeiro passo para que o único gigante brasileiro se torne apenas mais um dos diversos clubes comuns que temos por aqui.

 

VAMOS FLAMENGO!

 

Marcos Vinicius Beton Amorim

marcos.amorim@colunadofla.com.br