Análise tática do 4-3-2-1 do Flamengo

O Flamengo é um dos clubes mais complicados do mundo. A exigência é alta, o que acaba “cegando” a análise para a realidade. Pra piorar, craques do passado criaram entidades como a camisa 10, que parece congelada no tempo.

A rejeição pela qual Cristóvão Borges passa tem motivo: mexidas desastrosas e proposta não entendida. O 4-3-3 de início (imagem da esquerda) tinha como princípio ter meiocampistas versáteis que entram na área, têm bom passe e ajudam na marcação. Com Alan Patrick, um 4-2-3-1 mais móvel (na direita): Cristóvão poderia ter mantido ele contra Santos e Ponte.

Não eram 3 volantes. A palavra “volante”, no Brasil, causa espanto e rejeição. Têm-se como conceito que todo volante é destruidor e ofensivo. Balela. Sobra clichê e misticismo, falta entendimento.

Contra o Atlético-PR, Cristóvão mostrou boas ideias: manteve o 4-2-3-1 e recuou Alan Patrick, com Araújo e Éverton pelas pontas. Sheik e Ederson tiveram liberdade de movimentação e compromisso de marcação. Time coeso, que dominou o jogo – e falhou pelo alto nos 2 gols tomados.

É simples: com um jogador de bom passe e visão mais recuado, o Flamengo ganhava tempo e qualidade na transição. Observe a imagem. Ederson, Éverton, Sheik e os laterais estão na frente de Alan: são opções de jogo. O camisa 19 está livre de marcação. Isso significa que ele tem tempo pra dominar a bola, levantar a cabeça e escolher o companheiro mais bem posicionado. Isso é…armar o jogo.

Não apenas armar: mais recuado, um jogador de visão dá opções de ataque. Basta ver nesse lance, onde Ederson funciona como pivô de apoio a Márcio Araújo, que passa livre e recebe na ponta esquerda. O camisa 10 armou? Não! Ele fez parte de um sistema organizado, onde a jogada nasce lá atrás e chega no gol de forma rápida.

Ok, sabemos que a nova disposição do Fla deixa o time mais ofensivo, “leve”. E a marcação? Não fica frouxa? Afinal, não tem o “cão-de-guarda”? Outra balela. O futebol de hoje passa por uma mudança de conceitos: marcar não depende de jogadores defensivos, mas sim de movimentos coletivos. Basta ver como o Fla tentava abafar a saída do Atlético, com pressão no meio e zagueiros “livres” para não ter opção a não ser o chutão.

Ou como o time se defendeu de forma compacta, com 2 linhas de 4. Quando todo mundo tá junto não precisa de pitbull dando carrinho pois o adversário não tem ESPAÇO. Entender o futebol como um jogo de espaços e não de atributos individuais é a chave!

Mas como não existe perfeição no futebol, o Flamengo abusou dos encaixes individuais. Vamos explicar: encaixe individual é quando um time marca no “cada um pega o seu”. O meia pelo lado, por exemplo, acompanha o lateral do adversário até determinada faixa. Qual o problema disso? Se o adversário tem uma movimentação bem coordenada, consegue tirar todo mundo da posição e abrir espaços. Observe na imagem abaixo.

A evolução é lenta e tudo tem seu tempo. Futebol não é vestibular pra ter certo ou errado: é algo dinâmico, feito por humanos. Formar uma equipe requer paciência, empatia, apoio…coisas que Cristóvão Borges, seja por má vontade, racismo (que coisa mais deplorável) ou antipatia, não tem. Mas precisa ter. Hora de repensar conceitos.

Fonte: Blog Painel Tático / GE

Coluna do Flamengo

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  • Excelente texto, espero que os críticos de plantão veja e depois digam que o time com CB não tem evoluído, com o time esta caminhando e esta começando a encorpar.

    • Concordo! A organização do time ficou clara. Com isso, a qualidade dos jogadores começa a aparecer. Em breve, teremos condições de recuperar peças importantes como Cirino e Paulinho "cachaça".

  • E um dia defendeu o Cristovão aqui dizendo que no começo que vem aí sim o Flamengo deveria contratar um treinador para fazer um trabalho de longo e médio prazo... Tá de brincadeira? E quem é que consegue fazer trabalho de médio e longo prazo no Flamengo com esse jeito de ser da Torcida? Médio prazo no Flamengo é 3 semanas e longo prazo é 3 meses, e é por isso também que vivemos nessa merda nas grandes competições, mudando de 'Grupo Político' a cada eleição e trocando de treinador como a Adidas troca de uniforme. Como um cachorro correndo atras do próprio rabo. É brincadeira.

  • Um colega meu dos meus tempos de educação física havia comentado comigo que treinador negro costuma ser visto sempre com desconfiança, no futebol. Assim que o Cristóvão assumiu encontrei ele uns dias depois e ele disse "esse cara é bom, vai tentar dar um padrão legal ao Fla, mas ainda assim vai ser desrespeitado, tal como Andrade e Jayme"... Não levei fé na hora não, mas parece que tem no mínimo um fundo de verdade, agora...

  • Como que a torcida nao vai reclamar de um tecnico que escalava caceres, jonas e canteros juntos

  • E a maior parte da torcida acha que a solução é trocar de treinador como a Adidas troca de uniforme. É brincadeira.

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