Fonte: Gilmar Ferreira
Bacana essa discussão sobre a escalação de três cabeças-de-área que condena os técnicos de futebol antes mesmo de que sejam apreciadas as variáveis do processo de montagem de uma equipe.
E é justamente por isso que entendo perfeitamente o que pensa Cristóvão Borges e onde ele quer chegar quando abre mão de um meia clássico para dar vez a um jogador menos criativo.
Alguém, talvez, mais voltado para a ocupação de espaços e ao jogo lateral.
Cristóvão quer, sobretudo, salvar sua pele.
E sabe que só será possível se montar um time capaz de vencer as disputas de bola entre as intermediárias, região onde o jogo se concentra.
É ali, na batalha pelo desarme, que as partidas começam a ser decididas.
Embora o controle do jogo seja indicativo considerável, ter a pelota por mais tempo já não significa vantagem no placar.
Principalmente hoje, com a carência de meias-atacantes…
O problema não é escalar Cáceres, Canteros e Márcio Araújo ou Jonas.
O problema é tê-los juntos numa tarde ou noite em que os laterais resolvam se omitir do jogo.
Ou até mesmo se arriscar com o “10” _ já foi Botinelli, já foi Mugni, já foi Arthur Maia e agora seria Allan Patrick…
Seria…
Logo, logo, Cristóvão armará o time com Ederson, Emerson, Cirino e Guerrero, abrindo mão do tripé de marcação.
Mas, por ora, enquanto faltar rodagem coletiva ao time montado recentemente, tenho dúvidas se o técnico abrirá mão do “ponto de apoio” que oferece ofensividade com os laterais e consistência ao sistema defensivo com os volantes.
Não defendo o sistema com intransigência, nem tampouco sou adepto do futebol mal jogado.
Apenas entendo quando ele opta por entrosar o time do Flamengo com três volantes, soltando-o aos poucos e de acordo com a necessidade do jogo.
É clichê surrado da era romântica crer que um time hoje joga sem marcação, recomposição e ocupação de espaços.
Tudo aquilo que os meias atuais já não conseguem fazer…