Fonte: UOL
Após trocar muitas farpas nos últimos anos – até mesmo nos tribunais, os rivais Flamengo e Fluminense vivem uma ‘lua de mel’ desde o Campeonato Carioca, quando se uniram para enfrentar o presidente do Vasco, Eurico Miranda, e a Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) nos bastidores.
Antes adversários também fora de campo, os clubes hoje estudam projetos em conjunto como a participação na Copa Sul-Minas, estreitam laços comerciais e trocam informações constantemente. Na última quinta-feira, a dupla optou em conjunto por não se manifestar no arbitral do Carioca: o Flamengo se limitou a assinar a presença na reunião, enquanto o Fluminense sequer compareceu.
A oposição a Eurico “forçou” uma união entre os dois clubes. Flamengo e Fluminense trocavam alfinetadas até o rival assumir a presidência do Vasco. Em poucos meses, o foco passou da rivalidade entre as duas diretorias para o confronto direto com o mandatário cruzmaltino. Não à toa, o Tricolor provocou acidamente o time de São Januário ao contratar Ronaldinho Gaúcho em julho.
Hoje, Flamengo e Fluminense estudam uma forma de encerrar o domínio de Eurico Miranda e do presidente da Ferj, Eduardo Vianna, no futebol carioca. A dupla chegou a participar de discussões sobre a criação da Copa Sul-Minas, mas o veto da Federação deve inviabilizar o projeto. O certo é que a postura é definida em conjunto pelos dois clubes.
“Flamengo e Fluminense estão unidos nessa tentativa de mudança e redemocratização do Rio. Os acontecimentos de janeiro último e até o andamento do Carioca deixaram isso claro. Tenho certeza que posso falar pelo presidente do Fluminense [Peter Siemsen] ao dizer que Flamengo e Fluminense não disputarão o Campeonato Carioca nesse formato e nessas condições que prevaleceram em 2015”, disse o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, em entrevista à Fox Sports.
Talvez a primeira grande demonstração pública da união tenha sido o ato antes do clássico pelo Campeonato Carioca, no dia 5 de abril, quando jogadores das duas equipes taparam suas bocas como protesto à punição do então técnico rubro-negro Vanderlei Luxemburgo, suspenso da partida por criticar a Ferj. O jogo seria vencido por 3 a 0 pelo Flamengo, mas, fora de campo, o discurso foi o mesmo nos dois lados: duras críticas à federação e à postura de Eurico Miranda.
A questão política influenciou também o relacionamento entre as diretorias de forma interna. Acostumadas a trocarem farpas, os dirigentes das equipes afinaram o discurso e mantém clima cordial em público. Nada parecido como os tempos em que o Rubro-negro criticava a própria punição nos tribunais e a da Portuguesa, decisão que manteve o Fluminense na primeira divisão ao fim de 2013 e rebaixou o time paulista para a Série B.