Não fossem os 15 gols sofridos em jogadas de bola aérea no Campeonato Brasileiro, o Flamengo estaria na disputa do título com o Corinthians. O sistema defensivo da equipe comprometeu nada menos do que oito pontos com as falhas no fundamento, que se repetiram em 11 jogos. Desses, a equipe venceu três, empatou um e perdeu sete, o último para o Atlético-MG, com três gols pelo alto, um deles do zagueiro Marcelo, contra as próprias redes.
A rotina de erros da defesa não escolhe apenas um vilão e afasta o time do G-4. O capitão Wallace foi titular em oito jogos em que houve gols em jogadas aéreas, mas Samir participou de sete deles, César Martins, de cinco e Marcelo, de quatro. O goleiro Paulo Victor também não passa ileso e constantemente titubeia para sair do gol.
— Se define numa coisa só. Treinamento e posicionamento. Aí corta essa série de erros infantis. Tem que treinar de manhã e de tarde pelo que se ganha hoje — criticou o ex-zagueiro Rondinelli. O “Deus da Raça”, que comandou a zaga rubro-negra na década de 1980, explica que os defensores precisam aprender a fazer uma boa antecipação, e vai na “canela”.
— Tem que achar a bola. Nunca fui um zagueiro de alta classe, mas era preocupado em antecipar o atacante e evitar o gol. O zagueiro hoje quer botar no peito, driblar dentro da área. Zagueiro na minha época tinha que ‘zagueirar’ — destacou o ex-jogador.
As críticas aos zagueiros não escondem o problema de todo o time. Com laterais e volantes baixos, os atacantes precisam recompor a defesa nas bolas paradas e, normalmente, não possuem a mesma noção de marcação. Nas últimas partidas, porém, os erros individuais foram dos zagueiros mesmo, que tinham melhorado durante a sequência de vitórias do Flamengo.
— Passou um tempo sem (a zaga) tomar gol. Agora voltou tudo de novo. Vamos trabalhar para ter outra boa sequência. Pesa muito. A gente tenta minimizar. Tem que treinar mais. Mas times que têm laterais e meias que não são altos sofrem mais — comentou Jayme de Almeida, ex-zagueiro do Flamengo e atual auxiliar técnico, responsável pela defesa.
Rondinelli observa que os defensores estão com o hábito de disputar, na força, os espaços com os atacantes. Assim, na hora de saltar para tirar a bola, chegam atrasados, como aconteceu com Samir no último jogo.
— A preocupação é de agarra-agarra. Os caras não têm a preocupação de subir na bola. Quando isso acontece, perdem o tempo da bola. Tem que pensar na impulsão e em antecipar o adversário — ensina Rondinelli.
Para corrigir os problemas, o técnico Oswaldo de Oliveira terá uma semana livre de trabalho pela primeira vez. Ao lado do auxiliar Jayme de Almeida, dará atenção ao quesito bola aérea para o jogo contra o Vasco, no domingo. O novo momento de desajuste na equipe, mais uma vez, estourou na defesa. O quarteto Wallace, Samir, César Martins e Marcelo terá que jogar novamente sob a sombra de um fantasma que voltou a assombrar.
— Como um time pode oscilar depois de vir muito bem, do nada toma dois gols contra o Coritiba e quatro contra o Atlético-MG. Eu não vejo isso com normalidade. Vamos treinar mais — exigiu o “Deus da Raça”.
Fonte: Extra