Paulo Victor ignorou a tradição

No último domingo, na partida contra o Internacional no Maracanã, o arqueiro Paulo Victor, capitão do Flamengo, ganhou o cara ou coroa, e escolheu o campo…

… Seria simples, se Paulo Victor não tivesse escolhido o lado errado, ou melhor, escolhido o lado contrário à tradição rubro-negra. Historicamente o Flamengo sempre ataca no segundo tempo para o setor Norte, lado esquerdo das cabines de TV.

Antes que os meus colegas leitores comecem a reclamar, o Flamengo não perdeu por culpa do Paulo Victor, muito menos perdeu por causa do lado de campo, o time que é ruim mesmo. Mas o PV não passará ileso.

Não sei se essa tradição se deve a tentativa de pressionar o adversário no segundo tempo próximo de onde ficam concentradas as torcidas organizadas do Flamengo, ou essa tradição é apenas uma questão de superstição.

Fato, é que daquele lado ali saíram os históricos gols de Rondinelli em 79, Nunes em 80, Adílio em 83, Rodrigo Mendes em 99, Petkovic em 2001. Esses gols sairiam do outro lado? Não sei, mas tradição é tradição.

Ainda que o gol de Ronaldo Angelim em 2009 tenha saído do outro lado, e o Flamengo tenha ganhado inúmeros jogos sem fazer valer essa tradição, o adversário na grande maioria é quem tenta desestabilizar o Flamengo quebrando a tradição.

Vide o Vasco na segunda partida da Copa do Brasil desse ano, ou o Fluminense em 95, inclusive foi nesse jogo, no segundo tempo, do lado esquerdo das cabines, que Renato Gaúcho fez o fatídico gol de barriga.

Enfim, manter a tradição viva é manter uma cultura viva. Não sei ao certo qual foi o motivo de Paulo Victor jogar na contramão da tradição, e escolher o outro lado ao ganhar o sorteio de campo ou bola.

Não tinha incidência de sol no último domingo no Maracanã, o tempo estava nublado. O próprio Presidente Eduardo bandeira de Mello teve que vir falar sobre o caso: “Não vai mais acontecer este erro, é uma tradição importante.”

Se Zico que é Zico sempre brigou para atacar no segundo tempo para o lado Norte, quem é o Paulo Victor para mudar essa tradição?

Paulo Victor tem muitos anos de Flamengo, conhece muito bem todos os pormenores do ‘Mais Querido’. Talvez o PV ainda não esteja habituado a envergar a braçadeira de capitão do Clube de Regatas do Flamengo.

A verdade é que Paulo Victor não é mais unanimidade, o goleiro que em outrora se destacava e era até especulado na Seleção Brasileira, com defesas impressionantes, hoje em dia parece ser um goleiro comum.

As defesas difíceis são raras, e as suas saídas estranhas do gol em bolas aéreas deixa apreensiva grande parte da torcida do Flamengo. Ainda que tenha potencial, e passe relativa segurança, a fase não é boa.

Não sou ingrato, e nem o famoso torcedor ‘modinha’ que só vê o momento, mas todo grande time começa por um grande goleiro, e Paulo Victor não está sendo mais um grande goleiro, no máximo um goleiro razoável.

Opções de mercado não faltam, de Muralha à Fernando Prass. Existem boas soluções, e o Flamengo não pode perder tempo, o planejamento tem que ser muito bem feito, para não insistirmos no erro por gratidão.

Gratidão? Na hora que surgir uma boa proposta o jogador não quer nem saber de desse assunto. E nem me venha falar dessa tal proposta de 12 milhões do Besiktas que apenas ele diz ter recebido no meio do ano, isso é balela!

Paulo Victor tem uma bela história no clube, espero que volte a boa fase, mas não podemos ser covardes, e ter medo de mudanças, se quisermos um 2016 diferente de 2015.

Que os deuses do futebol estejam com o Flamengo!

Vinny Dunga
vinny.dunga@colunadofla.com