Um dos maiores torcedores do Flamengo de todos os tempos. Esse é Ary Evangelista Barroso, mais conhecido como Ary Barroso, um grande compositor brasileiro que também atuava como narrador esportivo.
Natural de Ubá, cidade pacata de Minas Gerais, Ary nasceu no dia 7 de novembro de 1903 e perdeu seus pais muito cedo, com apenas oito anos de idade, sendo assim adotado pela sua avó materna. Como compositor, ficou famoso pelos seus sambas, sendo conhecido como autor de “Aquarela do Brasil” onde ficou consagrado, foi também indicado ao Oscar de melhor canção original com a música Rio de Janeiro do filme Brasil (1944).
Mas foi como locutor que conseguiu expressar todo seu amor pelo Flamengo. Torcia descaradamente a favor do rubro-negro nas transmissões que eram feitas pelo rádio. Quando o Flamengo era atacado, ele dizia mensagens do tipo:”Ih, lá vem os inimigos. Eu não quero nem olhar.”, se recusando claramente a narrar o gol do adversário. Quando o embate era realizado entre equipes que não fossem o Flamengo, sempre que saía um gol, primeiro ele narrava, e depois tocava uma gaita. Sua narração mais épica, foi o Gol de Válido no primeiro tricampeonato carioca do Flamengo.
A paixão de Ary pelo Flamengo era tanta que ele recusou um convite para ser o diretor musical da Walt Disney Productions. Diante da surpresa de Walt Disney, que lhe pergunta por que não aceitou, Ary teria dito:
“– Because ‘don’t have’ Flamengo here.'” (Porque aqui não tem Flamengo).
Ary Barroso entrou na história do Flamengo, mesmo que seja indiretamente, pois foi ele quem trouxe o jogador que se tornaria o formador inicial do time que encantaria os rubro-negros na década de 80. Foi em 1943, o amor pelo rubro-negro levou Ary a desafiar seu maior medo: andar de avião. O Flamengo queria contratar um jovem jogador paraguaio chamado Modesto Bria. O Fluminense, entretanto, já estava de olho no promissor meio-campista. Ary tomou coragem e pediu um avião emprestado a seu patrão, Assis Chateubriand, vai até o Paraguai, convence os dirigentes do Nacional do Paraguai e traz Bria para o Flamengo. Bria jogou por 10 anos no clube, tendo participado do primeiro Tricampeonato Carioca. Bria se tonou o mais importante treinador das categorias de base do clube. Foi ele quem aprovou Zico em um teste, foi ele quem trouxe Junior para treinar na Gávea, após te-lo visto em um jogo de futebol de areia, e foi ele quem convenceu Mozer a trocar a posição de atacante para a de zagueiro. Mas tudo isso começou com a paixão de Ary Barroso pelo Flamengo.
A paixão desmedida, traz não somente alegrias e tristezas, mas também alguns problemas. Ary, que não tinha uma personalidade fácil, criou e teve que enfrentar muitos problemas por causa da sua obsessão com o Flamengo. Seu ídolo maior era Leônidas, o Diamante Negro, inclusive foi Ary quem batizou a jogada característica do atacante como “bicicleta”. Quando o Flamengo vendeu o craque para o São Paulo por um bom dinheiro, Ary ficou furioso, e como o presidente do clube tinha fechado o negócio na sexta-feira da Paixão, Ary Barroso começa a chamá-lo de “Judas”. Já Silvio Pirilo, contratado pelo Flamengo ao Peñarol para substituir Leônidas, passou a ser incansavelmente perseguido por Ary. Quando Pirillo perdia algum gol, Ary não perdoava: “Imaginem se Leônidas perderia um gol desses. Nunca!”. Pirilo respondeu com gols e marcou 39 gols no campeonato de 1941, batendo o recorde dos campeonatos cariocas (Leônidas fizera 30 no ano anterior). Anos depois, Ary se defendeu dizendo que as críticas eram uma forma de desafiar Pirilo.
Mas no dia 9 de fevereiro de 1964, a gaita parou de tocar, Ary Barroso faleceu, vitima de uma cirrose hepática.
Ary foi ídolo da história do clube, mesmo usando uma gaita ao invés de uma bola. Ary foi um autêntico símbolo para o Flamengo, um personagem místico, quase intocável.
Valeu a pena recordar Ary Barroso.
Recordar é Viver.
Rodrigo Ferreira. Somos Loucos e fanáticos.
rodrigo.ferreira@colunadofla.com
Não podemos nos esquecer que um dos grandes motivos que o Flamengo tem uma torcida tão grande e bem distribuída nacionalmente deve-se as transmissões da antiga Radio Nacional comandadas pelo Ary Barroso e que chegavam a todos os cantos do país. Então caro rubro-negro de Cuiabá, Manaus, interior do nordeste e outros cantos afins. Se hoje somos rubro-negros muito se deve a paixão de Ary Barroso. A ele eu presto toda a minha homenagem. Obrigado Ary!!!
Cultura nunca é demais. Parabéns
Excelente homenagem. Ary Barroso é uma lenda, um símbolo rubro-negro.