Rodrigo Caetano diz que 2016 do Flamengo exigirá resultados; entrevista completa

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Responsável pela montagem do elenco do Flamengo, o diretor executivo Rodrigo Caetano sofreu em seu primeiro ano no clube. Diante de limitações financeiras, enxugou a folha salarial e fez contratações pontuais, a principal delas de Paolo Guerrero, que por enquanto não vingou.

Em 2016, mesmo com prognóstico melhor da diretoria, com orçamento de R$ 419 milhões, o dirigente avisa que também não haverá dinheiro sobrando para reforços sem a venda de atletas.

O que poderá mudar sem dinheiro são os padrões de comportamento exigidos após o episódio do afastamento de atletas, o chamado Bonde da Stella, que gerou as principais críticas ao trabalho do executivo.

Qual a estratégia de contratações?

Trabalhamos para fortalecer o elenco. Mas as negociações que a gente vislumbra e tem como foco para, digamos, elevar a qualidade, nas posições pontuais, elas são mais complexas. Tem que ter mais cautela, se arrastam mais. Mas a gente mantém ainda o foco em três posições para montar essa espinha dorsal. O que não invalida preencher em outras posições.

Há um novo perfil de elenco depois dos episódios de 2015?

O que aconteceu em 2015 serve de aprendizado, de sinalizar o que a gente deseja. O perfil tem que se adaptar ao que a imagem do clube exige. Sem rotular. Mas vai ser um ano de exigência maior por resultados. Cada dia mais comprometimento. O elenco se molda de acordo com isso.

Tem quanto para contratar? De R$ 20 a R$ 30 milhões?

Isso é no decorrer do ano. Não tem no caixa. Nós temos que vender jogadores para gerar parte desse recurso. Não tem reserva. A nível de folha salarial, se equivale a de 2015. Segundo me passaram, folga, folga, será a partir de 2017. Mas não queremos passar mais um ano sem vislumbrar título. Sobre o orçamento, tem que explicar para que não pareça que já tem esse dinheiro, que está sobrando.

E haverá venda de jogadores?

Samir está oficialmente vendido. O desejo é que não fosse apenas um. Mas eu não controlo o mercado. A previsão de venda é determinada pelo mercado. Se o clube vender um ou dois…vendemos o Cáceres em 2015. Por menos do que o Samir. Mas por um bom valor para um atleta de 31 anos.

E os jovens? Da pra garantir Jorge em 2016?

Ele está sendo observado, tenho certeza. A gente não teve nenhuma oferta por ele. O dia que tiver vamos avaliar a real necessidade. Mas isso é natural, esperamos que o Flamengo chegue a esse ponto, mas que tenha o cara para repor, não só na posição, mas para dar retorno técnica e financeiro. Rafael Dumas, Leo Duarte vão estar na pré-temporada. Estamos vendendo o Samir, pode ser o Jorge, o Jajá. Essa bicicleta não pode parar de girar. E a cada ano promover cinco e vender dois seria o modelo ideal.

O que continua para a próxima temporada? Marcio Araújo, Alan Patrick?

Marcio é o jogador que mais atuou, útil, está sendo avaliado dessa forma, ouvimos o Muricy, já trabalhou com ele no Palmeiras. Depende do custo benefício, se tem jogadores desse nível no mercado ou não. Agora voltam seis de empréstimo. E já temos quatro encaminhados para novo reempréstimo. Leo, Frauches, Recife, Muralha, Thomas, Rodolfo. Alan é a maior possibilidade de ter renovação do empréstimo. No decorrer do ano avalia-se a compra.

Haverá nova busca por um camisa 10?

Tem o Ederson, que o Muricy acha que pode jogar mais a frente. E temos que ter o maior número de boas opções. Mas essa é uma posição escassa. A gente não se apega no número, quer característica de jogador de meio-campo. A procura mais difícil é essa, o mercado tem menor número de opções.

Qual a nova espinha dorsal?

Zagueiro, volante e meia. É o que a gente está buscando. A ideia é manter elenco com 37, 38, mas preenchido com meninos da base, oito, nove, duas ou três apostas e os jogadores que estamos trazendo. Tivemos quatro que não renovaram. Ayrton, Armero, Marcelo, Almir. E três estudando. Emerson já foi, Alan Patrick e Marcio Araújo estamos resolvendo.

Juan tem 36 anos e Sheik tem 37. Um chegou e outro renovou. Vale a pena pela idade?

Os dois com identificação. Juan tem bons números no Internacional. Ele foi titular na Libertadores. Dos que mais jogou lá, o segundo semestre foi reserva por opção técnica. Não física nem clínica. Tem identificação com o Flamengo, vai agregar dentro e fora de campo, vem em boa condição, quis retornar, muito, e certamente teria condições de jogar em outra equipe do Brasil. Fez a opção. Torcedor tem que valorizar. Ele jogaria em clubes de ponta, fez opção pelo Flamengo.

Wallace vai sair?

A gente conta com ele, o técnico conta. Queremos melhorar alguns setores e o defensivo é o principal.

O desafio é manter o bom elenco então?

O problema é socioeconômico do país. Qual o êxito dos clubes no Brasil em contratações? Só saída, luta por manutenção. A lei mudou. Não posso assumir compromisso e não cumprir. Tem que respeitar orçamento. Não pode ver como paga depois. A lei não permite. Os clubes estão se adaptando. Essa crise nacional não atinge só as outras áreas. Três anos atras, o dólar quase um por um, economia de vento em poupa, houve invasão de estrangeiros. Como vou fazer com o dólar a quase quatro? Outra coisa. Dos sul-americanos, observa bem. Os que mais se deram bem não eram da seleção de seu país. Um jogador de fora com destaque tem reconhecimento, e ai tem que ir em outra margem de aposta. A margem de erro já é alta, então tem que levantar bom número de informações que seja para diminuir a margem.

Mas tem negociação com sul-americano?

A gente está estudando.

Marcelo Diaz é o sonho?

O cara foi campeão agora da Copa América. É bem menos arriscado. No Brasil não vieram os jogadores de seleção por conta de dificuldade financeira. Exceto Guerrero. Quais outros que vieram eram de seleção? Pegar um jogador de seleção tem que fazer um puta negócio…

Se tiver tantos milhões, vai investir em um craque ou três bons?

Vai depender do momento. Talvez não tenha condições de um craque. E se apresentem dois bons jogadores. Nem sempre é só o dinheiro. O cara quer ter garantias de outras coisas. Vai jogar um puta jogador no time, dizer que vai ser a estrela solitária, mas ele quer saber quem são os parceiros.

É o caso do Guerrero…

Então, agora com o passar do anos o Flamengo vai cada vez mais qualificar o elenco em várias posições. É um processo. Por isso a gente defende a continuidade. E tem que ter infraestrutura, que é primordial esse ano.

Tem clubes querendo os jogadores do Flamengo?

Todos os dias. Qualquer um dos jogadores se eu falar que tem negócio tem para emprestar, no mínimo. Todos. Pode não parecer, pelo grau de exigência, a forma que são cobrados, mas todos têm mercado. Todos. Sem exceção.

O Jonas, por exemplo, vai ficar?

Vai ficar. Tem mercado. A gente acredita que ele, passado um ano, adaptado melhor, vai render muito mais.

Dá para tirar jogador de outros clubes brasileiros?

O que pode acontecer é dispertar interesse de vários clubes, como Rodinei, e nós procuramos e apresentamos proposta para atleta e clube, eles entenderam ser a melhor.

Mas e leilão é válido?

Vai depender de cada caso. Não é regra. Tem que ver a oportunidade.

O CT pronto em 2016 foi promessa. O que já tem na reapresentação?

Em 60 dias o projeto emergencial já dará melhor condição que a atual. É tecnologia e equipamentos. Para nos equipararmos a outros clubes de ponta do Brasil. A parte de obra civil tocada pelo patrimônio tem um cronograma e está caminhando. Se for no Ninho já está abaixo vestiário, sala de musculação. No fim de janeiro quando retornarmos já entrega alguma coisa. Até ter o definitivo.

O modelo de comitê do futebol, voce conversou algo para renovar por três anos? Vai ter ajuste?

Tem que perguntar para o presidente, o CEO. Se existir um modelo do qual eu não gostasse eu não ficaria, e o clube não abriria um novo vínculo. Ajustes e correções é normal em qualquer processo.

Muda o organograma?

Tem que ter um para substituir o Gabriel. As demais todos os cargos preenchidos. Vamos ter um coordenador científico. Eliot Paes. Para melhorar os processos e ter um modelo Flamengo. Através da consultoria vamos moldar isso. Vamos utilizar as informações e montar nosso modelo de formação de atletas.

Ja deu para pensar na integração da base?

Ainda não deu. Está em competição. Vamos entrar depois de janeiro, ele vai receber depois da Taça SP, que vão jogar e incorporar o elenco. E vai entrar nas reuniões e desenvolver modelo de treinamento.

Qual a expectativa de novos casos como Jorge?

A gente espera que, o primeiro passo é estar no elenco. Vai ter oportunidade, convívio, a obrigação é levar atletas da base, como filosofia, e metas e ítens de controle, para ter mais jogadores formados na base na equipe principal. Quais deles virarão titulares só o tempo vai dizer.

Fonte: Extra

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