Presidentes e representantes dos 12 clubes que vão disputar a Primeira Liga se reuniram, na tarde desta terça-feira, na sede administrativa do América-MG, em Belo Horizonte. Na pauta, os detalhes finais da organização da competição, que começa a ser disputada no dia 27 de janeiro. A principal decisão do dia foi a definição de uma comissão, formada pelos presidentes de Cruzeiro, Flamengo e Fluminense, para tentar pela última vez a homologação da Liga pela CBF. O encontro está marcado para esta quarta-feira, no Rio de Janeiro.
– Ficou definido que os clubes vão amanhã (quarta-feira) à CBF para tentar a última conversa. Não que a CBF tenha que autorizar, ou qualquer coisa do gênero, mas que haja uma participação da própria CBF também. Ela envolve, ela administra, de alguma forma, o próprio calendário do futebol. E aí, quem sabe, também diminuir os entraves – disse Lázaro Cunha, diretor financeiro do Atlético-MG.
O presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, continua como presidente da Liga até nova eleição realizada pelos clubes participantes. Com a saída de Alexandre Kalil do cargo de primeiro executivo, Fred Luz, diretor-geral do Flamengo, vai trabalhar próximo de Gilvan na organização e deliberação de assuntos ligados à Primeira Liga. O novo primeiro executivo ainda não foi definido, o que deve acontecer nas próximas reuniões.
– Foi designado o CEO do Flamengo, o Fred (Luz), para trabalhar junto comigo, enquanto eu estiver exercendo esse mandato de presidente, até que haja uma eleição. O presidente vai ser sempre um dos presidentes dos clubes que pertencem à Liga. E o executivo, nós vamos deliberar em conjunto para achar um nome que seja da área comercial, de mercado, e que não seja ligado a clubes, como exemplo ex-presidentes de clube. Para que esse cargo não seja ocupado por alguém que tenha preferências por esse ou aquele clube – disse o mandatário cruzeirense.
A reunião também tratou de outros assuntos como o contrato de transmissão dos jogos com a TV, venda de placas publicitárias e a questão da arbitragem. O presidente da Anaf (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol), Marco Antônio Martins, participou do encontro e ofereceu apoio da entidade para a realização da competição, segundo o presidente do Cruzeiro.
– O presidente da Anaf se prontificou a organizar toda a questão de arbitragem para a gente. Nós decidimos a questão do tribunal, que, por enquanto, nós vamos usar o tribunal da CBF, que já se colocou à disposição da Liga.
A tabela do torneio passará por ajustes por causa da confirmação das datas dos jogos de Galo e Grêmio na Taça Libertadores. O diretor jurídico do Atlético-MG acredita no sucesso da Primeira Liga, inclusive financeiro, desde que os clubes mantenham o entendimento e a estabilidade na organização, que quase naufragou por divergências internas.
– Acho que a Liga estava próxima do fracasso, e hoje deu uma tentativa de incremento. Eu acho que o produto vai ser realizado. Não com todo aquele brilho que inicialmente se desenhava. Mas eu acho que se todos participarem e pararem com esse sai e entra, vai dar certo. Isso não é brincadeira. A iniciativa é muito interessante e pode ter um valor comercial maior – finalizou Lázaro Cunha.
Fonte: GE
Acredito que inicialmente não custe nada buscar um mínimo que seja de entendimento com a CBF, mas é claro que a médio pra logo prazo o certo é procurar a total independência. O Kalil foi intransigente demais, o futebol brasileiro sempre conviveu com essa relação parasitária da CBF, cabia um pouco de paciência. Estou pouco desapontado pelo fato de que foi informado que o mengão aceitou cotas iguais, em lugar algum do mundo isso existe.
No futebol, eu desconheço, meu caro Domingos. Mas o equilíbrio competitivo é um dos responsáveis (arriscaria dizer que o principal responsável) pelo desempenho econômico das maiores ligas desportivas americanas, que abrigam as quatro maiores do mundo em termos de arrecadação (NFL, MLB, NBA, NHL, e só depois vem a Premier League que, às vezes, para a do hóquei – NHL).
Eu acredito que seria uma forma de equilibrar ainda mais o nosso futebol e dar-lhe notoriedade internacional.
Claro que se trata de condição necessária, mas não suficiente. A profissionalização da administração dos clubes é outro fator importante. Além de outras regras de equilíbrio, com sanções para quem não segui-las. Adicionaria aí a contratação de executivos responsáveis pelo sucesso das ligas americanas, para implantar aqui os conceitos que possibilitam esse sucesso.
Se estamos achando legal a Primeira Liga por proporcionar maior equilíbrio em relação ao Carioca e à primeira fase da Copa do Brasil, imagine se todos os clubes ali tivessem as mesmas condições financeiras para se reforçar.
Sei que muitos acham isso loucura, pois acham que o Fla estaria melhor financeiramente se recebesse mais. No fundo, concordo com isso. Mas ficará um campeonato chato no dia em que tivermos supremacia econômica sobre os demais, ganhando quase tudo, quase sem risco de perder. Estar no nível dos times da Europa e ter que jogar o Brasileiro vai ser um desalento. Acredito, por isso, que ser o rei da merda não é vantagem. Antes ver todos recebendo no futuro R$ 50mi, por exemplo, que receber R$ 5mi agora e sempre, frente a R$ 1mi dos demais clubes (dados hipotéticos).
Além do mais, o Fla, pelo seu próprio gigantismo, terá maior arrecadação em relação aos demais. Sempre! Isso acontece nas ligas americanas. Dallas Cowboys, por exemplo, vale o dobro do Green Bay Packers, que é um time superpopular.
Se não houver muitas mudanças, falo aqui de mudanças significativas no conceito, a Primeira Liga será simplesmente a futura CBF. Ou seja, uma mera mudança dos vetores de poder. Para haver uma melhora, os clubes deverão abrir mão de algumas coisas. Se o Fla fizer essa opção, claro, exigindo que os demais clubes abram também mão de algumas coisas em prol de uma liga mais rica e independente, inclusive, politicamente, todos ganharão com isso.
That´s all folks!
Abraço e SRN
Ótima a sua explanação Alexandre, inclusive concordo em vários pontos, mas minha racionalidade vai só até certo ponto, sou a favor de uma divisão mais justa? Posso até ser, só que mais lá pra frente, depois que eu ver que o Mengão adquiriu infraestrutura do mesmo nível ou até superior aos seus concorrentes, no momento que estiver em pé de igualdade aos outros. Só que meu lado torcedor é muito forte e egoísta que as vezes me pego pensando onde o Mengão vai chegar daqui a alguns anos, é complicado abrir mão do poder que a marca tem para um nivelamento das cotas, sendo que qual contrapartida os outros clubes disponibilizam ao Flamengo? Meu medo é o clube estender a mão e todos os outros quererem o braço. Conhecendo o futebol brasileiro não se deve nunca se descuidar nesse ponto. De qualquer forma eu te agradeço por ter exposto seu ponto de vista. SRN.