Coluna do Torcedor: “Base, amor ao clube e jogo contra o Bangu”

Li nos últimos dias que Muricy pode usar um time misto ou reserva no próximo jogo.

O futebol mudou, hoje nossas torcidas celebram a vitória financeira como comemoram vitórias em campo, a saúde financeira é usada para sacanear o vizinho rival. Nos noticiários esportivos se fala muito em estatísticas e esquemas táticos. Técnico isso. Jogador profissional aquilo.

Vejo o pragmatismo reinando.

Mas aqui, nos lembramos, nunca nos esquecemos, daquilo que é o mais apaixonante do futebol: amar o amador.

E é por isso que somos o Flamengo.

Por que para nós a camisa vale mais que uma gravata. Pra nós a camisa é a nossa razão de viver.

Por isso torcemos imensamente por Jorge, que buscou seu espaço na esquerda e mostrou que a resposta estava em casa. Por isso pedimos imensamente a efetivação de Ronaldo e a dispensa de Márcio Araújo. Por isso foi uma catarse ver o gol do estreante Felipe Vizeu nos profissionais.

Por que todos têm divisão de base, nós temos um lar de onde projetamos filhos. Sim, cada um deles é a projeção de nossos filhos lá, envergando o manto sagrado. É a nossa esperança de que isso aconteça. Por que tenho certeza de que cada rubro negro, ou pelo menos a maioria, que lê estas linhas ensina a prole a amar pai e mãe, respeitar os mais velhos e respeitar e amar o Flamengo.

Quando pedimos uma chance ao Léo Duarte no lugar de Wallace, uma oportunidade ao Paquetá no lugar da enésima e improdutiva chance ao Gabriel, temos a esperança de ver o nosso amor em campo.

Nós também adotamos e amamos gente que vem de fora  ( como Doval, Raul, Lico, Romário, Angelim, Léo Moura e dezenas de outros … ), basta que honrem nossa camisa e nossas crenças. Mas o que queremos mesmo é ver o amor de torcedor dentro de campo. O cara que sente a derrota, que enfrenta o rival caseiro com sangue no olho e que entende desde menino que a pressão que vem do alto das arquibancadas.

Os antis gostam de alegar que somos iludidos, que estamos sempre à espera do novo Zico. Como se isso fosse mentira. Lamento dizer que não é. Estamos sim. Mas não do jeito que eles pensam. Nós não esperamos que nasça um novo Zico jogador, por que o Messias veio à Terra somente uma vez. O que queremos que renasça em nossa base a cada fornada, a cada moleque de talento usando a dez,  é o amor do Rei pelo clube. Que  é exatamente igual ao nosso.

Por favor não confundam as coisas. Não estou pedindo efetivação de ninguém, muito menos querendo escalar time. Acho o time muito bem montado até agora.

Eu acho que os meninos da base devem entrar aos poucos. Mas os quero ver nos profissionais tendo vez, à frente de jogadores medianos formados no XV de Piracicaba, no Bahia ou no Diabo que o parta. Por que quero estes moleques ali, entrando vez ou outra e ensinando ( sim, ensinando aos que estão chegando ) que o Flamengo paga em dia, que somos um clube com  saúde financeira e graças à esta diretoria um clube de estrutura ideal logo logo, ali depois de amanhã. Mas que aqui se cobra raça, amor e paixão.

Se Muricy, que tem a cara do Flamengo, entender nossos dogmas, se respeitar a grande e incomparável aventura que é ser Flamengo, vai conseguir fazer um grande ano.

É isso que espero, amor e mais nada.

Então meu caro Muricy, deixa os moleques jogar esta, cacete!

Rafael Padilha é médico, e a primeira roupa que seu filho vestiu foi um uniforme do Flamengo, para que ele entenda de cara que só existe uma segunda pele nesta vida.

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