Coluna do Torcedor: “A ressurreição através da boa gestão”

Não faz muito tempo, o Flamengo se encontrava em situação catastrófica. Em todos os níveis, seja administrativo, patrimonial, financeiro, esportivo ou moral, o clube vivia em um cenário que não condizia com sua grandeza. Com a grandeza de uma nação de 40 milhões.

Jogadores e técnicos eram contratados, e, precisavam entrar na justiça para receber. Alguns desses jogadores apareciam nas páginas policiais. Rendas de patrocínio ou bilheteria eram retidas em todo tipo de ação judicial. O clube chegou ao cúmulo de não pagar nem impostos.

Patrimonialmente, estava em ruínas, como era comum vermos uma Gávea destruída no começo dos anos 2000. Até despejado do local de treino, o Fla-Barra, o time foi. Sede aos pedaços, sem centro de treinamento, sem estádio, sem dinheiro e sem moral. Fruto de gestões absolutamente nocivas, o Flamengo chegou ao cúmulo de dever quase 800 milhões de reais. Um buraco sem fim para qualquer outro clube brasileiro. Menos para esse mesmo Flamengo.

Com a ascensão da atual corrente majoritária que comanda a política do clube, tudo mudou. Se ainda causa tristeza não termos um estádio, podemos dizer que torcemos para o clube mais bem administrado do país. Falhas podem ter ocorrido, porém, o clube avança a passos largos em algumas questões, e, como formiguinha, em outras. Mas, segue, finalmente, avançando.

A nível patrimonial avançou-se bastante. Tanto a Gávea quanto o CT se encontram em situação bem melhor. Comprado com a venda de Zico para a Udinese, em 1984, o CT só começou a ser construído, em 2011, na presidência de Patrícia Amorim, e, por pressão de Wanderley Luxemburgo. Depois de anos parada, a obra voltou ano passado, e, segundo promessa da diretoria, a parte profissional estará pronta até o fim desse ano. O melhor de tudo é saber que o clube investiu em uma parceira com a empresa EXOS, líder mundial no setor de capacitação física. A EXOS treina as forças especias do Exército dos EUA, o Comitê Olímpico da China, a seleção alemã campeã de 2014, e, diversos times da NBA e da NFL. Ao se pesquisar na internet, percebe-se que a empresa trata a preparação física como Ciência do Esporte, investindo pesado em pesquisas na área. E americano leva ciência a sério. Muito a sério! Saber que o Flamengo contará – na realidade já conta – com o que existe de mais moderno a nível metodológico e de equipamento esportivo no mundo, é de um orgulho imenso.  E melhor ainda é saber que as categorias de base contarão com tudo isso. É só lembrar de Zico para saber da importância de uma preparação física adequada. Mesmo que Corinthians, São Paulo, Atlético Mineiro, Grêmio ou Cruzeiro tenham CTs de primeiro mundo, me arrisco a dizer que o nosso, devido a parceira com a EXOS, estará num patamar além. No mínimo, não deverá nada a nenhum CT do Brasil.

Já a Gávea, depois de ser destruída pela tentativa mal sucedida de Kleber Leite em construir um shopping e um estádio para 30 mil pessoas, recebeu uma série de reformas, e, as imagens de uma Gávea aos escombros, ficaram para trás. Além da perspectiva de uma arena – de 4 mil pessoas, se não me engano – para o basquete, o clube substituiu a piscina que dava prejuízo devido a vazamentos, pela Myrtha, a piscina mais moderna do mundo. Parcerias com os comitês olímpicos britânico e dos EUA foram firmados, e, logicamente, trarão benefícios a sede. Assim que assumiu, a atual diretoria acabou com algumas modalidades olímpicas, pois, dependiam do futebol para se sustentar. Caso da grande equipe de Ginástica Olímpica, que tinha os vitoriosos irmãos Hypólito como principais representantes, e, que infelizmente, foram demitidos. Hoje a modalidade voltou, e, só depende de si para continuar a trazer orgulho ao clube. Seu local de treino, o Ginásio Cláudio Coutinho, foi reinaugurado em Dezembro do ano passado, e, hoje conta com equipamentos modernos, que o tornam um dos melhores do país.  Porém, o maior destaque vai para o basquete, que conquistou o mundial da categoria em 2014. Com todas as reformas já feitas, e, as que virão, o Flamengo se tornará uma potência olímpica em nosso país. Dá para sonhar ainda mais alto, pois, com a experiência da parceira com a EXOS, o clube poderá dispor do melhor para as categorias olímpicas. De quebra, com uma Gávea reformada, o clube deverá ganhar mais sócios.

Se antes todo tipo de profissional processava o clube, em 3 anos a atual diretoria reduziu 500 ações trabalhistas. No fim de 2015, o clube contava com ´´apenas“ 60 ações na justiça. Uma redução absurda, em mais de 90%, frente ao número geral. O caso Ronaldinho foi acordado, e, a dívida com o Consórcio Plaza, que mesmo não sendo trabalhista, custará ao menos 60 milhões, está perto de ser quitada. A frase de Vampeta, finalmente, ficou para um passado assombroso. Já as dívidas públicas ainda irão perdurar. Segundo o orçamento de 2016, os dirigentes esperam que a dívida com o poder público esteja em 333 milhões em 2018, e, sem nenhum empréstimo (mesmo que necessário e dentro do orçamento) a ser quitado. Mesmo sendo alta, tal dívida deixa de ser um problema, pois, estará perfeitamente escalonada.

O orçamento de 2018 está em 418 milhões, porém, como um orçamento é uma projeção, trabalho com números menores. Digamos que o clube arrecade 300 milhões. Com o acordo  do Profut assinando em 2015, o clube terá aproximadamente 200 meses para quitar os 333 milhões restantes. Isso daria  menos de 20 milhões ao ano. O que dentro de um clube com um orçamento de 300 milhões, e, sendo bem administrado, não representa muita coisa. Isso num cenário pessimista… Com uma dívida total em menos de 350 milhões, o Flamengo sairá do segundo, para o sétimo lugar no ranking dos clubes brasileiros mais endividados. Isso com os números atuais, e, sem levar em consideração que grande parte dos clubes está aumentando seu endividamento. Em termos administrativos, a meu ver, o mais importante foi a criação, em 2015, da LEI DE  RESPONSABILIDADE FISCAL RUBRO-NEGRA, que obriga os dirigentes a tratarem bem das finanças do clube. Sob pena de perderem seus bens.

A única coisa que falta a nosso clube é um ciclo vitorioso no futebol. Infelizmente, o futebol ficou a dever no primeiro mandato dos ´´Blues“, e, ainda mais infelizmente, parte da torcida cobra títulos como se esses custassem de graça, se esquecendo da penúria que o clube ficou por quase 20 anos, e, dos ajustes que foram necessários nesses primeiros anos. Além de cobrar – em parte correta – por um estádio, como se fosse fácil construir um. Estádio tem que ser construído com um projeto muito cuidadoso! Em bases financeiras muito sólidas! Para exemplo serve o Corinthians, que no desespero de ter um, fez um negócio (em minha humilde e respeitosa opinião frente a grandiosidade de tal instituição) muito mal feito. Fruto, é claro, de dirigentes populistas, incompetentes e megalomaníacos , e, de uma torcida impaciente. De certa forma, porém, em escala menor, o mesmo acontece com o Atlético Mineiro, que contraiu dívidas para montar equipes vencedoras. Não existe almoço de graça, e, sabemos muito bem o quanto dívidas podem pesar no desenvolvimento de um clube. Mais do qualquer um, a torcida rubro-negra deveria saber.

Todos os pontos negativos de nosso amado clube sempre foram motivo de chacota por parte de nossos rivais. Porém, esses aspectos negativos foram fruto de gestões péssimas, que quase o faliram, e, só serão – e estão sendo – sanados por gestões sérias. Portanto, depois de todos os pontos expostos, o Clube de Regatas do Flamengo caminha solidamente resolvendo os problemas.

Anderson da Silva

Quer ver seu texto publicado aqui também? Não perca tempo! Envie para torcedor@colunadofla.com e participe.