“Fernandinho, Grêmio e Flamengo: negócio lembra venda de carro usado problemático”

Uma das grandes contradições dos clubes brasileiros na atualidade é o investimento em equipes de observação e análise de desempenho (nem sempre qualificadas) convivendo com contratações baseadas apenas no “feeling” de alguém ou na indicação de treinadores. Inúmeras vezes o atleta é apontado pelo técnico com base naquilo que ele viu no passado, ignorando as atuações recentes e o momento daquele jogador. É o caso de Fernandinho, do Grêmio, repentinamente no noticiário como alvo do Flamengo para o decorrer da temporada 2016.

Não estamos afirmando que o jogador é indicação de Muricy Ramalho, pois não temos tal confirmação, embora ele tenha atuado no São Paulo — com bons momentos até—, clube sempre visto com atenção pelo atual treinador rubro-negro. Mas após fracasso no futebol italiano, o que tem feito Fernandinho no Grêmio? Consultamos o companheiro Cristiano Oliveira, comentarista da Rádio Guaíba, que obviamente o acompanha de perto e resumiu a passagem do atacante pelo tricolor de Porto Alegre.

“Fez dois gols em quase 50 jogos. Contribuição muito abaixo da média. Extremamente irregular. No último jogo, foi bem, atuando como meia, por dentro. O Grêmio pagou quase US$ 3 milhões por ele. Veio bem cotado, como solução em 2014. Enderson Moreira pediu, mas logo foi demitido. Assumiu o Felipão e já de imediato o afastou por indisciplina. Ficou quase um ano emprestado no Hellas Verona, voltou para o Grêmio e começou a entrar bem nos jogos. Fez gol, o primeiro dele no clube, no Grenal dos 5 a 0, ano passado. Virou titular no início do segundo turno do Brasileirão. Mas entrou em má fase de novo, perdeu posição e muitas vezes sobra até do banco. Em janeiro, Sport e Grêmio se acertaram. Falcão confirmou isso na Rádio Guaíba. Mas Fernandinho não quis ir. Não queria ganhar menos e preferiu ser ‘reserva na Libertadores’ do que titular no Sport. Grêmio libera de graça, só quer se livrar de 100% do salário”.

O Grêmio afirma não ter ocorrido afastameto ou indisciplina, mas não há como negar suas pálidas atuações. O Flamengo espera tê-lo sem multa e assumindo metade do salário do atacante que no Hellas Verona entrou em campo meia dúzia de vezes. Foi titular uma só vez. Com um histórico recente tão fraco, qual critério técnico sustenta uma contratação dessas? E um jogador que, ainda assim, custaria caro! Sem contar que os rubro-negros têm vários que atuam na frente pelos lados, mais fortes fisicamente, como Fernandinho, casos de Emerson Sheik e Marcelo Cirino; ou leves, como Gabriel, Evérton e Nixon. Contraditório para um clube que vende a ideia de modernização e parece se pautar como antigamente. Assim, quem fez um mau investimento tenta repassar para o primeiro que aparece o jogador que caracteriza a contratação ruim. Como quem tenta vender um problemático carro usado.

Fonte: Mauro Cezar Pereira