Foram 20 dias sem vestir o uniforme de jogo, 20 dias somente treinando no ginásio Hélio Maurício. Entre os benefícios e os prejuízos de o Flamengo passar tanto tempo sem disputar uma partida oficial, o técnico José Neto fica com a primeira opção. Mesmo correndo o risco de os atuais tricampeões sentirem um pouco a falta de ritmo na primeira partida das quartas de final diante do Rio Claro, nesta segunda-feira, às 19h, no ginásio Felipe Karam, no interior paulista, o comandante rubro-negro garante que as quase três semanas de preparação no Rio de Janeiro serão fundamentais para o sucesso dos rubro-negros na reta final da competição. O duelo terá transmissão do SporTV e acompanhamento em tempo real do GloboEsporte.com.
O time rubro-negro não entra em quadra desde o dia 29 de março, quando encerrou sua participação na fase de classificação do NBB 8 com uma tranquila vitória fora de casa sobre o Macaé, por 92 a 62. Já a equipe paulista se classificou após bater Franca no quinto jogo das oitavas de final.
Não é difícil entender o raciocínio do treinador do Flamengo. Em virtude de um calendário atropelado por duas competições simultâneas, tempo livre para testar uma nova jogada ou um sistema diferente foi o que José Neto menos teve. Entre um jogo e outro, somado às muitas horas de espera em aeroportos e longos voos, o tricampeão nacional teve que fazer malabarismo e se virar como pôde para trabalhar a equipe.
– Acredito que tem muito mais aspecto positivo do que negativo nessa pausa. Até por isso nos esforçamos para ficar nas quatro primeiras posições durante a fase de classificação, e a prática tem nos mostrado isso. Nos últimos três anos ficamos entre os primeiros e aproveitamos muito bem essa vantagem. Espero que esse ano consigamos fazer surtir efeito aquilo que trabalhamos nesse período. É um acúmulo muito grande de jogos e viagens em função da nossa rotina de disputar a Liga das Américas e o NBB. Por exemplo, fizemos os últimos quatro jogos da fase de classificação em sete dias e não conseguimos treinar. Por conta de uma temporada longa, eles acabam sentindo, sofrendo lesões e não conseguimos recuperar nosso elenco – explicou Neto, que minimizou o problema da falta de ritmo.
– Vale muito esse período de recuperação porque não nos preparamos somente para jogar um playoff. Nos preparamos para jogar o restante do campeonato, e isso inclui pelo menos mais três séries se chegarmos às finais. Acredito que nosso time possa passar um pouco de dificuldade no primeiro jogo, por sentir um pouco essa falta de ritmo, mas pela qualidade que temos tenho certeza que conseguiremos superar isso rapidamente, dentro do próprio jogo.
Jogador mais experiente do elenco do Flamengo, Marcelinho é um pouco mais cético do que seu comandante em relação ao assunto. Não que o capitão rubro-negro tenha achado ruim esse período de “descanso”, se é que esses 20 dias sem jogos pode ser chamados assim, mas o camisa 4 reconhece que a falta de ritmo de jogo sempre tem um peso enorme numa disputa entre equipes tão equilibradas.
Por outro lado, Marcelinho não esconde que o time estava precisando de uma pausa depois da frustrante eliminação na Liga das Américas e da maratona de quatro jogos em apenas sete na reta final da fase de classificação do NBB. De ânimo e fôlego renovados, o ala do Flamengo lembra que o fato de o clube ter garantido o mando de quadra até o final da competição é um sinal de força.
– Tivemos uma folga de quatro dias logo após o último jogo em Macaé. Estávamos precisando pela sequência de jogos e viagens, tivemos um calendário muito duro esse ano. Fomos duas vezes para a Venezuela e ainda perdemos o título, o que é pior. Nos últimos meses, talvez, desde o final de janeiro, tivemos muito pouco tempo para treinar. Quando entramos numa competição e terminamos na frente dos adversários, isso é demonstração de força. Tem o fator casa e mesmo que fosse um jogo só, jogar em casa é melhor que fora. Cinco, então, mais ainda, significa que até três jogos. Mas quando chega nesse nível não quer dizer que não possa perder em casa ou ganhar fora. Mostramos isso ano passado. Ganhamos dois jogos em Limeira, ganhamos em Marília e ganhamos em São José. Nos outros anos também sempre ganhamos fora e até perdemos em casa também – lembrou Marcelinho, que destaca a experiência da equipe de Rio Claro e importância do primeiro jogo.
– Será uma série bem difícil porque eles também têm jogadores muito experientes. O Dedé está acostumado a jogar playoff, o Bruno Fiorotto está voltando agora e o Teichmann está muito bem. É um plantel que está sendo muito bem usado pelo Dedé (o técnico), cada um sabe a função que tem que fazer muito bem. Jogar lá dentro não é fácil, assim como não seria em Franca. Se tivesse que escolher um formato para o playoff, acho que o ideal seria um em casa, um fora, um em casa, um fora e um em casa. Mas claro que existem muitas questões envolvidas. O primeiro jogo de um playoff é sempre muito importante porque é onde você dá as caras na série. Não decide nada, mas é muito importante. E de acordo com a classificação e o regulamento vamos jogar sempre o primeiro fora de casa.
– Para conseguirmos jogar em intensidade alta o tempo todo temos que estar bem no aspecto físico, que é fundamental. Por isso a primeira semana que tivemos de treinos focamos muito na parte física e na preparação para suportarmos o restante dos playoffs. Será uma intensidade muito maior com jogos seguidos e decisivos. Depois trabalhamos coisas específicas diferentes do que vínhamos fazendo ofensivamente, alguns outros movimentos novos. Defensivamente, sabemos que é uma situação que estamos fazendo bem, mas tem muita coisa a melhorar. As situações de um contra um. Até porque nosso time tem uma característica ofensiva. Temos que estar então focados em melhorar essas condições defensivas individuais e também os aspectos táticos. São coisas novas que queremos colocar, como defesas combinadas diferentes e situações defensivas que podemos usar em finais de jogo, muito comuns em playoffs – disse Neto.
A primeira partida da série marca o retorno de Gegê. O armador ficou fora das últimas quatro partidas da equipe (Macaé, Minas, Mogi e São José) por conta de dores nas costelas, decorrentes de uma forte pancada no duelo contra o Brasília, em 16 de março.
Fonte: GE