Ele começou sua carreira nas quadras de futsal e se transferiu para os gramados do rubro-negro com 12 anos de idade e se tornou um dos melhores camisa 10 da Gávea.
Nélio apelidado de “Marreco”, não escondeu o seu amor pelo Flamengo e também algumas frustrações por ter sido emprestado por diversas vezes. Fala sobre a sua passagem pelo Guarani, Fluminense e Atlético Paranaense e monta a sua seleção ideal. Confira o nosso papo com o boleiro Nélio:
PAPO – Quem foi o ex-boleiro Nélio e quem é hoje o boleiro Nélio?
BOLEIRO – Eu comecei a minha carreira ainda muito novo, jogando futsal, nas categorias de base. Com oito anos de idade, eu já atuava no futsal. Joguei no Grajaú TC, depois fui para o Fluminense, joguei no São Cristóvão. Logo em seguida fui para o time do Bradesco (antiga Atlântica Boa Vista)… Com 12 anos de idade eu me transferi para o Flamengo para jogar no futebol de campo. Começando desde o mirim, passando pelo infantil, juvenil, juniores até chegar ao profissional… Hoje, eu estou atuando no Máster de Flamengo (oito anos após ter encerrado a minha carreira), jogamos praticamente todos os fins de semana. Jogamos com alguns jogadores que fizeram histórias dentro do Flamengo: Adílio, Andrade, Júlio César, Rondinelli, Nunes, Claudio Adão, tem uma “galerinha” mais nova que são: Gilmar Popoca, Delacir, o Renato Carioca e o Paulo Henrique. E tem uma “galera” bem mais nova: Eu, Piá, Marquinhos, Beto e o Leandro Ávila.
AGORA VAMOS FALAR SOBRE A CARREIRA DO BOLEIRO
PAPO – Nélio, como foi o início da sua carreira? Foi naquele expresso do Flamengo?
BOLEIRO – Sim, foi no expresso do Flamengo… Eu cheguei ao Flamengo muito novo. Já conhecia alguns companheiros desde a época do futsal. Marquinhos, Djalminha, Fabinho e o Luís Antônio, são exemplos disso. Enfim, fizemos uma base muito boa. Depois encontramos alguns jogadores que vieram de fora. Paulo Nunes, Júnior Baiano e o Marcelinho Carioca, e já existiam outros jogadores, além do próprio Bujica. Enfim, fizemos um time muito bom nas categorias de base do Flamengo. Ganhamos tudo o que disputamos. O ano de 1990 começou com a conquista da Taça SP, dali em diante fizemos um grupo muito bom e conquistamos títulos importantes.
PAPO – Dez anos de carreira dedicado ao Flamengo, como foram esses dez anos?
BOLEIRO – Dez anos como profissional, mais uns oito anos de categorias de base. Então foram quase 20 anos servindo ao Flamengo… Eu só tenho a agradecer, porque hoje é muito difícil um jogador permanecer numa equipe grande como o Flamengo. Eu tive muito mais alegrias do que tristezas… Eu fui o jogador que mais ganhou títulos na década de 90 pelo Flamengo, eu fui o jogador que mais vestiu a camisa 10 do Flamengo (depois do Zico). Então sou grato até hoje ao Flamengo. Fiz um gol importante na final do campeonato brasileiro de 1992… A minha dedicação ao Flamengo foi a maior possível, tenho a certeza de que eu dei o meu melhor. Eu tenho a certeza que o Flamengo também procurou me dar o melhor desde as categorias de base.
PAPO – Em 1992, você fez parte desse elenco maravilhoso campeão brasileiro. Em especial, como foi para você essa temporada?
BOLEIRO – Nós vínhamos numa sequência de jogos muito boa (apesar de ninguém acreditar no nosso time). Conquistamos a Taça SP em 1990, e em seguida conquistamos o campeonato carioca de 1991 contra o Fluminense… Tínhamos uma equipe muito nova, mas uma espinha dorsal muito boa: Gilmar, Gotardo, Uidemar, Júnior, Zinho e o Gaúcho. As outras posições tinham os jogadores da base. Eu, Jr. Baiano, Piá e o Fabinho… Foi um campeonato muito especial para mim, eu tive a oportunidade de ganhar a bola de prata, disputando com Renato Gaúcho e com o Bebeto, fiz o gol da final (primeiro jogo). Infelizmente não pude estar no segundo jogo da final devido a uma lesão no joelho muito séria… Esse sem dúvida foi o meu melhor ano no Flamengo. Eu me lembro que existiam especulações sobre a minha possível convocação para a seleção brasileira (inclusive o técnico Parreira estava vendo os jogos das finais), mas, infelizmente o acaso me pegou com uma lesão no joelho e eu tive que ficar “parado” durante uns seis meses… Mas, foi um ano muito especial.
PAPO – Em 1995, você é emprestado ao Guarani, mas, retorna a Gávea no mesmo ano. O que aconteceu nesse período?
BOLEIRO – Nesse ano, eu disputei a primeira temporada pelo Flamengo… Eu tive a oportunidade de ir para o Guarani, devido à chegada do técnico Luxemburgo no Flamengo. Esse momento foi muito importante na minha carreira… Quem me indicou para o Guarani foi o Djalminha e chegando lá (no Guarani), tive a felicidade de encontrar outros grandes amigos que já haviam jogado comigo no Flamengo. Fabio Augusto, Luizão e o próprio Amoroso. Nós fizemos um campeonato paulista magnífico, ficamos em segundo lugar, perdendo para o Palmeiras. Fui vice-artlheiro do campeonato paulista… Após a saída o Luxemburgo eu tive a oportunidade de voltar para o Flamengo a pedido do novo treinador Washington Rodrigues. Na época, a diretoria não demonstrava que existia simpatia por mim.
PAPO – Mesmo sendo profissional, com toda a carreira feita no Flamengo, como foi para você atuar pelo Fluminense em 1997?
BOLEIRO – Eu tive outra oportunidade de vestir mais uma camisa de outro grande clube do Brasil. O Fluminense… Não existia nada acertado para eu assinar com o Fluminense. Eu havia sido emprestado para o Atlético-MG. Mas, quando eu deixo o Flamengo, saio com uma lesão muscular… Assim que eu chego ao Atlético-MG para fazer os exames médicos, foram feitos todos os exames médicos e foi detectada uma lesão na coxa. Eu teria que ficar “parado” mais ou menos um mês… A diretoria do Atlético-MG conversou com o treinador (Emerson Leão), com os médicos e comigo… O Leão queria me utilizar logo, por isso queria a pressa na recuperação… E como eu precisava permanecer “parado” por no mínimo um mês, não seria interessante para o Atlético-MG a minha contratação, por isso, a diretoria do Flamengo conversou com a diretoria do Fluminense (na época, existia um bom relacionamento entre as partes). Eu retorno ao RJ, direto para o Fluminense, fiz o tratamento que durou uns 20 dias… Nesse período eu já havia começado e jogar. Sinceramente, no Fluminense não foi uma passagem muito boa, porque eu tive muitos problemas por lá (Fluminense)… Até mesmo em relação à torcida, por eu ter uma identidade com o Flamengo, foi realmente muito difícil… O Fluminense havia voltado de um rebaixamento, a estrutura não favorecia ao atleta. Faltavam bolas, e outras coisas mais necessárias para o profissional trabalhar… Fiz um contrato de três meses, mas com dois meses de clube eu já havia rescindido o contrato… Poderia ter sido melhor, mas pelas circunstâncias não consegui cumprir o meu contrato… A minha passagem pelo Fluminense, eu não gostaria nem de lembrar porque não acrescentou em nada na minha carreira.
PAPO – Em 1998, você desembarca em Curitiba/PR para atuar pelo Atlético-PR. Como foi a sua passagem pelo Furacão?
BOLEIRO – Depois do Flamengo, o Atlético Paranaense, foi o clube que eu mais me identifiquei. Até mesmo pelas cores (vermelho e preto)…! Eu fui muito bem recebido. Mais uma vez fui emprestado… Eu tive condições de trabalho, totalmente diferente do Fluminense. O Atlético Paranaense já possuía um Centro de Treinamento com uma estrutura magnífica para um time. Era comandando por um treinador espetacular (Abel Braga), um time muito bom, me encaixei bem no elenco… Tenho muitas saudades do clube. Conquistamos o campeonato estadual em cima do Coritiba, eu tive a oportunidade de fazer gols nos dois jogos das finais. É um clube que eu tenho um carinho muito especial, só tenho a agradecer… A recepção, o profissionalismo nesse clube é algo fora do comum… Relembrar essa minha fase no Furacão me emociona muito. Falar de um clube que eu mais me identifiquei (depois do Flamengo) é muito bom. A minha vontade na época era de poder dar continuidade na minha carreira atuando pelo Atlético-PR, mas isso não foi possível porque eu estava emprestado e o Flamengo não quis abrir mão do meu passe.
PAPO – Após término do contrato, você regressa ao Flamengo e no ano seguinte começa a passar por outros clubes: Ituano-SP, Paraná e outros clubes. Depois de defender grandes clubes do Brasil, você se sentiu desvalorizado ao defender clubes com menor expressão?
BOLEIRO – No final de 1999, foi o encerramento do meu ciclo dentro do Flamengo. Eu tive alguns problemas para renovar o meu contrato. Eles (Flamengo) queriam me emprestar mais uma vez, e deixei bem claro que eu não queria mais ser emprestado. Foi logo assim que surgiu a Lei Pelé… Na época o presidente do Flamengo – Edmundo Santos Silva junto com os seus diretores, tinham interesses em me emprestar e eu não aceitei. E assim, fizemos um acordo, embora eu tenha achado injusto por parte da diretoria do Flamengo (não levaram em consideração tudo que eu fiz pelo clube)… Resolvi pegar o meu passe, abrindo mão de receber algumas pendências e aquele foi o momento de encerrar o meu ciclo no Flamengo…
PAPO – Em 2000, você agora encara o desafio de jogar no futebol húngaro. Vai jogar no Haladeaz. Como foi a sua experiência no futebol húngaro?
BOLEIRO – Não me senti desvalorizado na época… Só que hoje em dia eu não teria essa atitude. Eu tive a oportunidade de jogar na Hungria através de um grupo de empresários que estavam fazendo uns treinamentos aqui no Rio de Janeiro e me convidaram para eu ir jogar lá… Fui de contrapeso, pois eu havia sido avisado que a ideia era outra. Apenas atletas com idades abaixo da minha que teriam condições de serem contratados… Eu aceitei o desafio… Fiquei 25 dias, fiz alguns jogos e para a minha surpresa todos que viajaram comigo, foram dispensados e eu fui o único que permaneci (para quem não iria permanecer), eles gostaram do meu futebol.
PAPO – Depois do clube húngaro, você volta ao Brasil para atuar por mais alguns outros clubes chamados “pequenos”. Nessa época você já estava sentindo que o momento de parar estava chegando?
BOLEIRO – É… Eu retorno do futebol europeu, jogo por alguns outros clubes e em 2008, é chegado o momento de parar… Eu realmente estava acostumado a jogar em clubes grandes (não desmerecendo os outros clubes), mas eu cresci e construí praticamente toda a minha carreira dentro do Flamengo. Eu aprendi a conviver com coisas boas (estruturas e torcidas), e por isso, chega uma hora que você cansa de tudo isso. Jogar e não receber salários também influenciou bastante… Eu pensei bastante se continuaria ou partiria para outro lado. O meu último clube foi um rubro-negro (assim como o primeiro), joguei pelo Flamengo do Piauí. Mas, foi muito difícil continuar devido à falta de estrutura… Logo depois deste ano, decidi fazer outras atividades, ingressei no Máster do Flamengo… Eu fiquei muito tranquilo sobre a minha decisão de parar… Até hoje eu recebo propostas para continuar jogando profissionalmente. Mas, é muito difícil.
PAPO – Chegamos a hora de encerrar a carreira. Como foi para você o encerramento da sua carreira?
BOLEIRO – Sinceramente, eu aceitei de uma forma bem tranquila… Eu tinha uma vida totalmente diferente, concentração, ter certas pessoas perto de você, ter uma vida financeira muito boa… Hoje, eu estou muito mais perto da minha família, consigo acompanhar os meus filhos mais de perto, faço outras atividades paralelas ao futebol. Eu assimilei muito bem, jogo as minhas peladas… Tudo tem o seu tempo, tudo tem que acontecer no seu momento certo… Eu procurei fazer o meu melhor em todos os clubes que joguei… Eu parei de jogar, mas o importante é que hoje eu sou reconhecido como o “Nélio do Flamengo…”
AGORA O EX-BOLEIRO NÉLIO FALA SOBRE ALGUMAS CURIOSIDADES DA SUA CARREIRA
PAPO – Você conquistou grandes títulos durante a sua carreira. Qual foi o título que você destaca como a sua melhor conquista?
BOLEIRO – Sem dúvida alguma foi o campeonato brasileiro de 1992.
PAPO – De onde surgiu o apelido de “Marreco”?
BOLEIRO – Veio de família… Eu tinha uns oito ou nove anos e jogava no clube do Renascença em Vila Isabel – RJ, eu tenho um irmão que é mais velho (Nilson) que se chamava “Marreco”, que jogava no mesmo clube, porém, uma categoria acima da minha. Quando cheguei ao primeiro dia para treinar, logo perguntaram: – quem é esse aí? – e falavam que eu era o irmão do “tal” Marreco. Daí começou a me chamar de Marrequinho…
PAPO – Você conseguiu alcançar todos os seus objetivos na carreira? Ou lhe faltou alguma coisa?
BOLEIRO – Na carreira futebolística faltou algo sim. O sonho de todos os jogadores de vestir a camisa da seleção brasileira… Mas, o meu irmão Gilberto fez isso pela família. Disputou duas copas do Mundo… Mas frustração na carreira eu não tenho, acredito muito no acaso, se não fosse a minha contusão em 1992, o meu nome seria certo na próxima convocação.
AGORA O PAPO É RETO
PAPO – Um ídolo?
BOLEIRO – Sem dúvidas alguma, Zico.
PAPO – Um treinador?
BOLEIRO – Com Certeza, Carlinhos. Uma pessoa ímpar que eu aprendi muita coisa com ele.
PAPO – Um camisa 10?
BOLEIRO – O Zico.
AGORA LANÇAMOS A PERGUNTA BOMBA:
PAPO – O Nélio agora é um milionário e comprou um time. Quem o você o contrataria para jogar ao seu lado. O seu time é: Nélio mais 10:
BOLEIRO – Zé Carlos, Leandro, Júnior Baiano, Gotardo e Gilberto;
Júnior, Uidemar e Zinho;
Nélio, Zico e Romário;
Fonte: Lancenet
Menos, menos. Nelio era de regular p bom apenas. Para de contar história p boi dormir.