“Quando perder um jogo não surpreende”

Foram nove dias sem entrar em campo, de um total de 19 entre a tragédia do Carioca e o início do Brasileiro. A ausência de mudanças nos treinamentos foi como um tiro na esperança por melhorias. Disparo consumado na revelação da equipe que enfrentaria o Fortaleza. Os erros dos primeiros 4 meses do ano seriam repetidos também no quinto. E o Flamengo, mais uma vez, jogou no 4-3-3.

Já sabemos que os atletas não têm alma, que o treinador é intransigente e que o time não tem meio de campo. A dúvida pairava sobre o adversário. Teriam eles qualidade para não sofrer com esse péssimo Flamengo? Técnica suficiente. tática de sobra.

Sempre sobrecarregado, Cuéllar errou muito, e em lances cruciais. Mais culpa de Muricy Ramalho que do próprio colombiano, único responsável por cuidar do quase inexistente meio-campo rubro-negro. Guerrero fez boa partida, voltou para chamar o jogo, buscou a criação de jogadas e foi coroado com o tal gol fora de casa – que costuma ser importantíssimo a partir das oitavas de final, mas, nesse ano, já está valendo demais na segunda fase da Copa do Brasil. O peruano fez jus à camisa 9, diferentemente de Ederson. Mal demais, nosso 10 tirou um gol feito de Mancuello e um possível de Guerrero, em cabeçada praticamente paralela ao gol do Fortaleza.

Gozando do míope pragmatismo de Muricy Ramalho, eles abriram o placar, em um primeiro tempo de inquestionável superioridade tricolor. Voltaram encolhidos, gostando da vantagem, clamando pelo nosso sagrado gol fora de casa. Ele veio, assim como veio Felipe. O lateral recebeu, pela direita, e foi entrando, passando pelo corredor rubro-negro, sem ter qualquer resistência oferecida. Restava tirar de Paulo Victor. Assim fez, com a perna esquerda. Pior que sofrer o gol, só assistir à entrevista do autor. Humilde, admitiu que o lance foi exatamente desse jeito.

Mais uma derrota, e o sentimento geral era “melhor 2×1 que 1×0”. Não foi surpreendente perder para o Fortaleza. Niguém ficou pasmo ao ver o Mengo batido por um clube que está há 7 anos na Série C. Já sabíamos que os erros se repetiriam e que poderiam muito bem acarretar em novo resultado negativo.

Além de triste, isso é perigoso. Mostra quão o time está mal e quão pouco é feito para mudar a situação. Se o adversário jogar em casa e tiver torcida a favor, o Flamengo, hoje, não é amplo favorito contra um time de terceira divisão. O Flamengo!

Não é normal, nem aceitável. Sem fazer por onde, Muricy Ramalho acredita em melhoras. Sem agenda cheia, bota a culpa na má fase. Com aparente tranquilidade, diz que “a gente pode reverter em casa”. Não é “pode”, professor, é “tem a obrigação de”. Isso aqui é Flamengo!

Marcos Almeida

Fonte: Nosso Flamengo