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Tempestade em copo d’água

O Flamengo é mesmo um gigante.

Gerou grande reboliço, na última semana, a presença do presidente Eduardo Bandeira de Mello entre o técnico Dunga e Gilmar Rinaldi durante a convocação da seleção brasileira para a disputa da Copa América. A convite da CBF, Bandeira lá se fez presente pois atuará como chefe da delegação nacional na competição, a ser realizada nos Estados Unidos durante o mês de junho.

Pois bem, o que era pra ser uma relação política se tornou um inferno para o blue. Logo, a mídia e a torcida explodiram em contestações. Afinal, era o próprio Bandeira um dos principais expoentes do novo momento vivido pelo futebol brasileiro, inclusive sendo elemento fundamental da Primeira Liga, além de atuar firmemente contra os desmandos da federação carioca, aliada da CBF.

Falou-se, inclusive, em traição. Blogs renomados afirmaram que os demais membros da Primeira Liga haviam perdido a confiança no dirigente rubro-negro, que cartolas flamenguistas questionavam o presidente pelos corredores da Gávea e que, após anos de posicionamento firme, o Flamengo enfim havia se vendido à corja que comanda a Confederação Brasileira de Futebol.

Tudo balela.

Aí que eu pergunto, qual é o problema, de fato?

Acredito que poucos dos que questionaram e problematizaram a postura de nosso presidente se lembraram de que o Flamengo é maior e mais poderoso do que um simples convite. Aceitá-lo não significa em momento algum se curvar à CBF, mas sim estreitar, inteligentemente, um laço político.

Não estamos rompidos com a CBF, e nem podemos estar. Se a minúscula FERJ já consegue nos causar imensos problemas, imaginem a CBF? Precisamos dela, e ela precisa de nós.

O Flamengo tem tanto poder financeiro, carismático e midiático que podemos nos permitir a posição de questionamento e diálogo com a CBF ao mesmo tempo. Diferentemente de pequenos clubes, que necessitam de estardalhaço, nosso status nos permite dialogar com todos, criticar a todos e, ao mesmo tempo, manter boas relações com todos. Isso é política.

Não devemos pressionar por pressionar. Manter uma relação saudável com a CBF é mostrar para eles que o diálogo é possível, que estamos abertos à conversas e mudanças e que não queremos a radicalização que nunca irá acontecer da maneira que se espera. Não com o imediatismo utópico.

Nós não precisamos de pressão midiática, como os outros clubes. Nossa simples postura representa um grande divisor de águas. Ser o inimigo natural e ideológico, como pregam outros clubes de menor representatividade, não nos é nem um pouco interessante.

O Flamengo deve ser, antes de tudo, o aliado em potencial. Aquele que angariará os esforços de todos os lados para ter nosso apoio, e que mostra à CBF que vale a pena batalhar para ter nosso apoio. Se posicionar como contrário a tudo é muito simples, mas também muito pouco produtivo. O que queremos é uma melhora completa, mas, na sua impossibilidade, temos que martelar os pequenos avanços.

A postura de nosso presidente foi bastante inteligente, politicamente. E ganhamos ainda mais poder de barganha. Dirigir um clube deste porte envolve isto: o saber ser grande e o saber exercer a sua grandeza. Deixem as decisões simples para os clubes simples.

SRN!

Rodrigo Coli

rodrigo.coli@colunadofla.com

 

Rodrigo Coli

Ver comentários

  • Custei a acreditar que estava lendo um texto sensato, nesta coluna,sobre o assunto. Eu também sempre perguntei. Qual o motivo de tanto estardalhaço?

  • Pena que posts como este nao vao dar muitos comentarios.
    Parabens Rodrigo Coli, e acrescento ai que esta aproximação vai ajudar a primeira liga com mais datas a partir de 2017 e quem sabe nos proximos anos os estaduais sejam reduzios a poucas datas ou sem os grandes e ai quando isto acontecer basta lembrar desta aproximação

      • Alias o Rubinho ja admitiu usar o carioca com os grandes apenas com 12 ao invés de 16 times, porque sera em? deveria ter como matéria obrigatória na escola desde o fundamental Ciências Política para assim daqui 15 a 20 anos começarmos a ter uma geração consciente, sobre o voto, sobre eleições, sobre a diferente entre Politica e Políticos, de Fazer Política e Fazer Politicagem.

  • Analise fria e realista afinal até agora não demonstrou nenhum erro em se comunicar com a cbf.

  • A verdade é que ano passado quando batiamos de frente com cbf e ferj fomos prejudicados com erros de arbitragem em vários jogos,quem sabe com o EBM lá na cbf esses erros não ocorrão esse ano!

  • Já vejo vida inteligente neste planeta. Belo texto de alguém coerente. SRN

  • O time num momento ruim e esse filho da puta vai pra não fazer nada na cbf? Não tá estreitando porra de laço nenhum, essa função é inútil.

    • nada a ver colega... Bandeira está certinho tudo envolver política nesse país e ele fez certinho. O que ele faz aqui pode fazer por lá tambem.

    • E o que que o EBM pode fazer para o time melhorar. Ele é o Presidente do clube não o auxiliar técnico do Muricy. O que ele tinha que fazer ele já fez, como dar respaldo para o trabalho do Muricy. E como Presidente a maior função DELE é a Política e é isso que ele está fazendo lá na CBF. SRN

    • Amigo esse comentário e no mínimo tosco , não podemos ficar so na bira com a CBF , temos que entrar la e nos posicionar.

  • Finalmente um comentário adulto e inteligente a respeito do ocorrido! Parabéns, RC!

  • Até que fim vejo um texto aqui falando a pura verdade. Bandeira fez certo, esse ano batendo de frente só quebramos a cara se não fosse o governp se envolver a liga nem tinha saído do papel, quem sabe com essa aproximação não conquistamos mais coisas. Tudo na vida envolver política e o EBM está certinho. Parabéns pelo texto.

  • Jornalistas da mídia gostam de queimar nossa imagem.
    Pra mim a solução seria acabar com a televisão, assim também não teria mais jornalistas.

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