Destaque da vitória por 100 a 66 sobre Bauru, capitão rubro-negro anotou 26 pontos, 18 deles em seis bolas de três, 10 rebotes, seis assistências e uma bola recuperada
Quando Demétrius Ferraciú disse ainda em Marília, na véspera do quarto jogo da série melhor de cinco das finais, que uma das suas preocupações no Flamengo era o ala Marcelinho Machado, parecia que o técnico do Bauru já estava imaginando o problemão que teria pela frente, neste sábado, na Areca Carioca 2. Não que Demétrius tenha poderes para isso, mas é que o hexacampeão brasileiro como jogador sabe muito bem do que seu ex-companheiro de Telemar, Fluminense e seleção brasileira ainda é capaz aos 41 anos de idade.
Mais do que 26 pontos, 18 deles em seis bolas de três, 10 rebotes e seis assistências anotados na vitória por 100 a 66, o capitão rubro-negro justificou a preocupação de seu rival e correu feito um garoto. E olha que desta vez ele permaneceu em quadra por quase 36 minutos, 13 a mais que sua média ao longo da temporada. Incansável e faminto por títulos, Marcelinho sentiu assim que Rafa Luz cometeu sua segunda falta, ainda antes da metade do primeiro quarto, que o sábado seria especial.
– Posso te falar que me emocionei muitas vezes durante o jogo, acho que sou um predestinado por poder vestir essa camisa e de poder estar fazendo parte dessa história bonita do Flamengo. As coisas parecem que conspiram a meu favor, ou pelo menos eu enxergo dessa forma. Sempre entro no final do primeiro quarto ou no início do segundo, mas quando o Luz fez duas faltas eu já pensei comigo, isso é um sinal e vai ser um jogo que vou ajudar o Flamengo de uma forma especial. Sinceramente, acho que foi o que aconteceu – afirmou o camisa 4 do Flamengo, que levantou sua 18ª taça desde que retornou ao clube em 2007.
Enquanto Marcelinho não disfarçava a emoção era cercado por microfones, celulares e câmera e concedia uma entrevista atrás da outra, no outro lado da quadra, ainda cabisbaixo e sem entender o que tinha acabado de acontecer, Demétrius desviava seus olhos da festa do Flamengo na tentativa de achar as palavras certas num momento tão difícil.
E como não podia ser diferente, novamente Marcelinho era o personagem principal da resenha. Só que desta vez o tom de preocupação da semana anterior foi substituído por uma sensação de impotência.
– Ele é o cara que conseguiu decidir o jogo praticamente numa sequência de três bolas de três. É o cara que gosta desse momento – afirmou o comandante do time paulista, visivelmente decepcionado pela maneira com que Bauru foi superado.
– O que mais me entristece é que nossa equipe não merecia uma derrota desse jeito. Por tudo que nós construímos e passamos durante a temporada inteira, merecíamos uma coisa melhor. Mas saímos daqui de cabeça erguida e temos que dar os parabéns ao Flamengo que soube se superar.
O respeito entre eles é tão grande que o maior campeão da história do basquete rubro-negro fez questão de retribuir a admiração e lembrou uma passagem de 11 anos atrás.
– O Demétrius é um cara muito inteligente e se hoje (sábado) estou dividindo esse primeiro título de alguns jogadores com eles, eu dividi com ele o meu primeiro brasileiro no Telemar, e já era o quinto ou sexto dele. Aprendi muito com ele, que era um cara decisivo também. Eu sempre digo que nós temos que estar preparados para esses momentos, porque o time pode precisar e temos que estar prontos para ajudar. Eu disse lá atrás, no meio da temporada, que a cara desse time do Flamengo não ia ser de um ou dois jogadores e acho que mostramos isso. A coroação do Olivinha como MVP, talvez o único que ainda não tinha levado um prêmio como esse, deixa todo mundo feliz – disse Marcelinho, que ao fim do terceiro quarto admite ter pensado no fantasma que atormentou os rubro-negros durante a temporada de deixar algumas vitórias escaparem nos 10 minutos finais depois de estar vencendo por uma larga margem de pontos.
– Pensei, juntei o time e falei que não poderíamos deixar acontecer de novo.
A satisfação pelo sétimo título nacional, o sexto com a camisa do Flamengo, foi tão grande, que nem a ausência na lista do técnico Rubén Magnano parece ter incomodado o jogador. Pelo contrário. Com um semblante leve e os filhos Gustavo e Pedro a tiracolo, Marcelinho respeitou a decisão do técnico argentino e se colocou à disposição para ajudar.
-O Magnano é um cara que tenho total confiança e se ele não me convocou é porque acha que é o melhor para o Brasil nesse momento. Mas estarei apoiando a seleção o máximo que eu puder – garantiu o jogador.
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