“Só Deus e eu sabemos o que passei” é a justificativa de Lucas Souza para as lágrimas. O lance do qual ele havia acabado de participar – foi dele o passe para o gol do Macaé no empate com o Botafogo-SP, no último domingo – não valia título, não definiria acesso, não salvaria de rebaixamento… Por que o choro, então?
Atacante de 24 anos que, certa vez, foi uma daquelas promessas lançadas pelo Flamengo, Lucas não disputava uma partida oficial desde o dia 12 de novembro de 2014, quando jogou a Copa Rio pelo Bangu. Há quase dois anos, portanto. Depois dali, sofreu uma série devastadora de lesões: na coxa esquerda, coxa direita, dedo do pé, tornozelo. Chegou a quebrar o nariz nesse meio tempo, inclusive.
Ser autor de uma assistência seria rotina para o velho Lucas, destaque em todas as categorias de base do Flamengo, campeão e artilheiro da Copinha em 2011 (com cinco gols) e que chegou a receber algumas chances no profissional com Vanderlei Luxemburgo. Para o novo Lucas, no entanto, trata-se de um passo gigantesco.
As lágrimas estão explicadas.
– Eu costumo falar que a maioria da vida do jogador é sacrifício. O que eu passei para poder estar jogando ali, poder estar em campo, poder retomar a minha carreira… Porque eu sempre fui titular no Flamengo, na base, joguei Libertadores no profissional, joguei no profissional do Flamengo. Mas minha carreira deu uma desandada por conta de lesão e outras coisas. Para eu poder voltar, poder estar ali jogando, só eu e Deus sabemos o que eu passei. Ali foi como uma retribuição de todo o esforço, de todo o trabalho que eu tive para estar ali. Aí no jogo, eu sabendo da importância daquele gol para o Macaé, a gente precisava da vitória, somar pontos… Veio a emoção toda. Aquilo ali é tipo um desabafo, porque o que eu passei foi complicado – relembra.
No Macaé, por exemplo, a vida de Lucas não foi e nem está sendo fácil. Com o histórico de lesões e o longo tempo de inatividade nas costas, ele precisou ser avaliado com cuidado pela comissão técnica antes de assinar contrato. Nas oito primeiras rodadas da Série C do Brasileirão, foi relacionado para algumas, deixado de lado em outras e só recebeu a oportunidade no time titular quando Deivison e Fabinho Cambalhota, os dois atacantes da equipe, se machucaram.
O passe certeiro para a cabeçada de Juninho, aos 21 minutos do segundo tempo, prova que ele não desaprendeu a jogar bola.
– Eu gostei pra caramba, até todo mundo me elogiou. O preparador físico, todo mundo me elogiou pra caramba. Eu estava há um tempo sem jogar, mas vinha treinando direto, sabendo que, uma hora, ia pintar essa oportunidade. Infelizmente não conseguimos sair com a vitória, que seria um resultado espetacular lá dentro da casa dos caras e tudo. Mas, em parte, foi bom também, e eu gostei da minha atuação. Estava sem ritmo de jogo, mas deu pra fazer uma jogada ali com o Juninho, uma tabela bonita, e dei o passe para ele fazer o gol – comemora.
Penúltimo colocado no Grupo B da Série C do Brasileirão, o Macaé volta a campo no próximo sábado para enfrentar a Portuguesa, às 16h, no Estádio Moacyrzão.
Fonte: GE
Sempre achei estranho o caso dele. Saiu sem nenhuma chance no profissional, mesmo sendo destaque nas categorias de base. Acho que integrou pouco tempo o time de cima, inclusive. Desejo sorte nesse recomeço.
boa sorte