Nem o mais otimista rubro-negro – com o perdão da redundância – poderia ter escrito o roteiro do Santos x Flamengo que abrilhantou o campeonato nacional no alto de sua 12ª rodada. Aquelas camisas, que outrora vestiram Zico e Pelé, hoje trajaram orgulhosas Ronaldinho Gaúcho e Neymar, que inspiradíssimos e, porque não, abençoados pelos deuses do futebol, foram os protagonistas da partida mais fantástica dos últimos – quiçá todos – anos. Um jogo que não decidiu vaga nem classificação, mas garantiu o brilho nos olhos de flamenguistas, santistas e todo apaixonado pelo esporte bretão. O futebol respirou esta noite.
Primeiro tempo eletrizante
Borges abriu o placar para o Alvinegro Praiano logo nos minutos iniciais e não demorou para ampliar. Com dribles desconcertantes e bola na rede, aos 26 minutos da primeira etapa, Neymar parecia decretar que por aí viria uma goleada daquelas: 3 a 0 para o Santos. “Cabe mais!”, de certo bradavam os torcedores adversários. E cabia, mas não na rede que todos imaginavam. Longe de estar adormecido, o gigante Flamengo foi para cima. Dos pés de Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves saíram os dois gols que deixaram o Rubro-Negro no páreo novamente.
Antes de soprar o apito para anunciar o intervalo, o árbitro jogou um balde de água fria na Nação Rubro-Negra, marcando pênalti de Willians sobre Elano. O próprio fez questão de cobrar, possivelmente para se redimir de sua falha nas penalidades no Brasil x Paraguai, pelas quartas de final da Copa América. Mas a escolha do estilo da batida não foi feliz – ao menos não para os santistas. A cavadinha displicente terminou em defesa fácil para o goleiro Felipe, que não perdoou e emendou embaixadinhas antes de repor a bola em jogo. Naquele momento, o Flamengo estava mais vivo do que nunca. E, confirmando a máxima de que “quem não faz, leva”, no cabalístico minuto 43, Deivid deixou tudo igual na Vila.
Mais 45 minutos de espetáculo
Se alguém achou que na etapa complementar o ritmo do jogo iria diminuir se enganou. Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves seguiam como os maestros do Flamengo, aproveitando um fragilizado Santos, que se segurava na qualidade de Neymar. Foi justamente do garoto o gol que colocou o adversário novamente à frente no placar, logo aos cinco minutos do segundo tempo. Mais uma reviravolta. Mas não seria a última. Pouco mais de 15 minutos depois, R10 foi mais que um exímio batedor de falta. Ele foi gênio. A qualidade não era novidade, então coube a ele surpreender, com improviso e ousadia. Em cobrança na entrada da grande área, à direita, todos esperavam que a bola viajasse por cima da barreira, mas, guiada pela astúcia e precisão de Ronaldinho, a redonda enganou torcedores, marcadores e goleiro, morrendo rasteira no fundo da rede. Quatro gols para cada lado.
Se a partida terminasse empatada não seria mau negócio. Oito gols, fora o baile, em que todos dançaram e deram show. Mas naquela noite, quis o futebol que mais de 40 milhões de apaixonados vibrassem com mais uma vitória do clube mais amado do mundo – há de se convir que a energia da Nação Rubro-Negra não é brincadeira. E faltando dez minutos para o apito final, Ronaldinho Gaúcho pediu música. Em um contra-ataque mortal, o camisa 10 arrancou pela esquerda, invadiu a área e deu números finais à partida – uma verdadeira homenagem ao futebol.
Ficha técnica
Campeonato Brasileiro – 12ª rodada – Santos 4 x 5 Flamengo
Local: Vila Belmiro – Santos (SP)
Árbitro: André Luiz de Freitas Castro (GO). Auxiliares: Márcio Eustáquio Santiago (MG) e Erich Bandeira (PE).
Renda e público: R$ 312.040,00/ 12.968 pagantes
SANTOS: Rafael, Pará, Edu Dracena, Durval e Léo; Arouca, Ibson, Elano (Alan Kardec) e Ganso; Neymar e Borges. Técnico: Muricy Ramalho
FLAMENGO: Felipe, Léo Moura, Welinton (David), Ronaldo Angelim e Junior Cesar; Willians, Luiz Antonio (Bottinelli), Renato e Thiago Neves; Ronaldinho e Deivid (Jean). Técnico: Vanderlei Luxemburgo
Gols: Borges (1ºT/4 e 1ºT/16), Neymar (1ºT/26 e 2ºT/5), Ronaldinho Gaúcho (1ºT/28, 2ºT/22 e 2ºT/36), Thiago Neves (1ºT/31) e Deivid (1ºT/43)
Cartões amarelos: Welinton, Willians, Thiago Neves e Renato (Flamengo). Léo e Neymar (Santos).
Fonte: Flamengo Oficial
Faltou um pouco mais de detalhes. O Santos fez 3×0 com o Flamengo pressionando e tendo oportunidades para ter feito também 3 gols, o que acabou acontecendo merecidamente. O terceiro gol do Santos foi uma obra-prima de Neymar, que ganhou o primeiro prêmio Puskas, o gol mais bonito do ano. O jogaço era lá e cá. A cobrança de falta de Ronaldinho foi antológica. Maestria. E, depois de virarmos, quase fizemos ainda o 6º numa bela jogada entre Ronaldinho e Thiago Neves, que finalizou por pouco para fora.
Jogo para ver e rever inúmeras vezes. Um dos mais emocionantes que assisti em minha vida.
dava para ter feito o 6º e o 7º todas as chances de Thiago Neves seria mais épico ainda…
O último, que seria de Thiago Neves, seria um golaço também. Mas os deuses do futebol não queriam um placar elástico. Tlz, para a história, 5×4 valorizou mais ainda o jogo do que um placar mais elástico.
E ainda teve o Deivid perdendo um gol absurdo. Cara, como o Thiago Neves caria bem no time atual.
Estes dias mesmo passou de novo na TV…
e assisti de novo.
Acho até que caberia uma homenagem conjunta entre Flamengo e Santos (o Santos perdeu o jogo, mas, de certa forma, foi vencedor também; apesar do placar, acredito que os santistas também gostaram do jogo) a um dos melhores jogos que já ocorreram nos tempos recentes!
Parabéns a todos os artistas da bola e torcedores presente nas arquibancadas da vila , aquele jogo foi digno de aplausos de pé das duas Torcidas.