“Flamengo em 1º. Vem, Estado Islâmico”

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Olha em que situação cabulosa o Flamengo se meteu. Desde Maio tomou tantos cuidados para atravessar o 1º turno do Brasileiro na miúda, sem despertar maiores interesses ou invejas da zinimiga. Mas por causa de uma série interminável de vacilos, vacilos nossos e também de los paraguayos arriba, corremos um risco fodido de terminar a 19ª rodada na liderança.

Não quero parecer alarmista, mas se o ET chegar hoje ao Brasil e mandar a clássica “Leve-me ao seu líder” o taxista, se for um profissional da praça honesto, sujeito homem que não tem medo da concorrência do Uber porque sempre presta um serviço de 1ª qualidade, vai ter que deixar o alienígena na Gávea. Esculhambação.

Não podemos crer que o planejamento, esse filhote de pombo tão superestimado pela gatomestragem, esse funeral de pessoa afetada pelo nanismo ao qual se atribui poderes cuja real extensão permanece ignota, por mais nas coxas que tenha sido feito, previsse um desfecho tão escalofobético para a 1ª metade do campeonato. Seja lá qual for o teor desse documento aparentemente deu tudo errado e o Mengão é o líder do Brasileiro no comecinho de Agosto. Se isso já é desesperador pra mulambada, imagina o pânico na Arcoirislândia.

E o incrível não é o fato do Flamengo ser líder do Brasileiro na 19ª rodada. Incrível é o Flamengo ser líder sem ter jogado uma mísera partida do campeonato em casa. Com todo respeito aos candangos, capixabas, manauaras e papa-goiabas da Nação, foram 19 jogos fora. Isso ultrapassa até mesmo os vastos limites do ser grande. Com essa façanha o Flamengo adentra intrepidamente no ainda obscuro, e para muitos assustador, terreno do gigantismo. Aos ateus, que para tudo tem uma resposta cartesiana na manga, rogo que se ajoelhem em contrição e agradeçam pelo combo de milagres a São Judas Tadeu, Krishna, Buda e a todo povo de Aruanda.

Como deixamos a coisa chegar a esse ponto talvez seja uma pergunta que jamais venha a ser respondida satisfatoriamente. Mas é inegável que a vitória sobre nosso genérico paranaense no simpaticíssimo Kleber Andrade de arquibancadas Mondrian teve uma enorme influência. Malgrado a desproporção entre os contricantes foi um jogo enjoado pra cacete e o Flamengo correu risco, mesmo tendo dominado a partida do início ao fim. Mas nossos domínios são naquele estilozinho safado toca a bola, toca a bola, toca a bola e não chuta nem por um cacete, a casa sempre pode cair de uma hora pra outra.

E 40 milhões ainda estariam com o cu na mão se não fosse a insistência do Sr. Fernando na carreira de jogador de futebol profissional. Foram sua resiliência e sua determinação que transformaram uma bola perdida nas quebradas da direita no belo gol de letra de Mancuello. Um golaço tão desproporcional à importância do evento em Cariacica que confundirá aos menos atentos, que iludidos pela plasticidade da jogada poderão até mesmo achar que o Flamengo vem praticando ilegalmente o futebol arte. Tranquilizo-os, não estamos mesmo.

O Flamengo tem jogado daquele jeito que irritante ao qual estamos nos habituando ultimamente, pródigo na troca de passes e econômico beirando a muquiranagem em termos de ofensividade. Os chutes dados ao gol se contam nos dedos de uma só mão enquanto os batimentos cardíacos da torcida vão a milhão. Quando nossos jogos acabam é um alívio e a cada 3 pontos conquistados a cabeça de Zé Ricardo fica ainda mais unida ao seu pescoço. O que nos dá a certeza de que não mudaremos nosso estilo de jogo tão cedo. Foi nesse estilo, mistura de eletro e tamborzão, que saímos do gramado capixaba já vergados pelo peso da liderança, que espero ser breve e indolor.

Entendam, nada contra a liderança, o favoritismo e a proeminência. Como qualquer outro rubro-negro normal sou naturalmente talhado para o protagonismo e não me importo em ser o alvo da admiração e inveja da arcoirizada, achamos até graça. Só que por mais que tenha fé nos poderes do Manto Sagrado não sou capaz de acreditar que ficar pelas próximas 19 rodadas na liderança do Brasileiro seja uma boa ideia para quem quer mesmo ser heptacampeão desse bagulho.

Como será possível ficar no sapatinho ocupando a liderança? Como matar o bichinho do oba-oba antes que ele contamine a tudo e a todos se o Flamengo olha pra cima e só enxerga o Nacional de Medellin? Como colocar em prática a estratégia do Deixou Chegar Fudeu se já alcançamos o objetivo muito antes da hora em que as boas maneiras exigem? Porra, Flamengo! Te amo, mas porque você tem sempre que fazer tudo da maneira mais difícil?

Mas não nos lamentemos, vivamos o hoje, sem arrependimentos ou bad feelings. Eu assino embaixo, doutor, por minha rapaziada. Somos crioulos do morro, mas ninguém roubou nada. Isso é preconceito de cor. Ninguém chega em 1º sem merecer, mas com muita fé no DJ quem sabe essa liderança extemporânea e alheia às nossas tradições não seja neutralizada já nas próximas horas por um dos nossos coleguinhas paraguaios? Deus me dibre começar o returno em 1º. O que podemos fazer é torcer para o melhor, se preparar pro pior e jogar duro com as cartas que a vida nos der. Sem se deixar levar pela inebriante atmosfera saturada de ácido heptanóico provocada pelo clima do Deixou Chegar Fudeu.

Prestem muita atenção às duas partes dessa letra. A parte do Deixou Chegar é cristalina, à prova de burro, não deixa nenhum espaço para a interpretação criativa. É com a dubiedade do Fudeu que temos que nos preocupar. Bom domingo.

Mengão Sempre
Arthur Muhlenberg

Fonte: República Paz & Amor

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  • Eu já acho os textos do Arthur uma merda. Gosta de “brincar” com as palavras e transforma o texto em uma leitura cansativa e enjoada. Mas, tirando a tentativa de retórica, concordo com o contexto.

    • Gosto dos textos dele, mas concordo que quando grande demais fica cansativa e repetitiva. Ele é bom quando está sem saco para escrever e vai no tiro curto mesmo. Mas o contexto é bacana sim.

  • Vindo resultados fora de casa rodando o país feito cigano e ainda alcançar a liderança é um feito que nao eh pra qqer um! Menos mal que descobrimos Cariacica…

    ” com a dubiedade do Fudeu que temos que nos preocupar…” Temos que conter o oba-oba de verdade e não só em palavras! Se bem que colocar o MA, Chiquim, Nandim, Cirilo como titu num há Oba-Oba que aguente.

    PS: Essas crônicas do Arthur são show msm.
    SRN

  • Só de ler o título já dá para saber que é texto do Arthur Muhlenberg!!! E como eu gosto desses textos!!! Abraços e SRN!!

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