Não sou contra maneiras diversas de jogar futebol, é óbvio. Mas time algum está isento de críticas apenas por liderar um certame. Ainda mais o nosso (futebolisticamente) pobre campeonato brasileiro. O Corinthians do ano passado era melhor que o atual líder, não só pela Liderança com L maiúsculo, com mais pontos de vantagem sobre os perseguidores mais próximos(?), como pelo futebol jogado. O futebol que se vê. Não o futebol das estatísticas, números que tanto utilizo, mas que são como óculos, ajudam a enxergar, mas sozinhos não servem para nada.
Sim, o Atlético de Madrid foi muito elogiado por ser competitivo abusando da marcação forte e da bola parada, das jogadas ensaiadas. Mas Diego Simeone jamais teve condições minimamente próximas de seus gigantescos oponentes. Com muito menos dinheiro do que Barcelona e Real, os superou algumas vezes e se igualou em outras tantas. Usando as armas que possui, um arsenal imensamente inferior ao dos rivais. O Palmeiras, por sua vez, é no Brasil, ao lado de Atlético e Flamengo, um dos que mais investe em seu time de futebol. Um cenário diferente e a cobrança idem.
Não é apenas o time de Cuca que tanto recorre ao arremesso lateral na área. Garotos da base vêm sendo treinados para isso e o rico Chelsea deixa o talento de Cesc Fábregas no banco para Ivanovic atirar a bola no bolo com as mãos. A reflexão é: há quem marque forte para ter a pelota e jogar, mas também existem os que, de posse da mesma, preferem desprezá-la. A atiram no meio de vários adversários para brigar pela sobra. A chamada “segunda bola”. Na maioria das vezes não dá em nada. Na minha concepção de futebol é algo aceitável em situações bem específicas, arma alternativa, eventualmente a última. Qual o problema em debatermos a respeito?
Na infinidade de espaços hoje existentes para análises sobre futebol, há quase uma lei, um código velado que “proíbe” questionar, e muito menos criticar, o vencedor, mesmo que tenha jogado mal. É mais cômodo analisar olhando a tabela e apenas os números, que em alguns casos funcionam como óculos fracos para nossa miopia, e o que se enxerga é algo distorcido. Foi assim que o time de Luiz Felipe Scolari ganhou prestígio na Copa das Confederações de 2013, com apenas um ótimo jogo, contra a Espanha. E surfou numa enorme onda que levou a seleção brasileira ao encontro do tsunami chamado 7 a 1. Se quisermos um futebol melhor, temos que usar as lentes certas.
A melhor situação de gol criada pelo Palmeiras no primeiro tempo contra o Coritiba foi com Moisés, mas não batendo lateral. Com os pés, ele colocou Gabriel na cara do gol, mas Wilson deteve o chute de Jesus. Antes do tento que abriu o placar, o menino acertou o travessão no desfecho de um lance primitivo após outro arremesso manual: três cabeçadas na pelota, Mina e Dudu ra cima, e o próprio Gabriel no poste. Sim, o primeiro gol foi em outro lance do gênero, na falha do arqueiro. Só depois que assumiu o placar a equipe foi capaz de mostrar que há vida além da bola aérea, com o belo lance do 2 a 0. Por que não reivindicar mais jogadas como aquela?
Meu questionamento, e disse isso ao treinador, com quem conversei na manhã de domingo — clique aqui —, é pelo do Cuca de 2007. Onde estaria aquele técnico inquieto que fez no Botafogo o que poucos conseguiriam? E com orçamento menor e elenco inferior aos rivais. Como o Atlético de Madrid, desafiava os mais poderosos e jogava mais bola. Só não foi vencedor. Mas com a experiência que tem hoje, conseguiria ser um técnico melhor e comandaria um time mais competitivo. A crítica, Cuca já sabe, é profissional, não pessoal, tampouco para o mal. Fosse assim, o Palmeiras, ouso afirmar, seria Líder com L maiúsculo. Como seu rival era há um ano.
PS: agradeço as palavras do amigo Mauro Beting ao abordar o tema em seu blog — clique aqui para ler. A intolerância que toma nossa sociedade dificulta simples exercícios mentais. É assim sobre assuntos mais sérios, não poderia ser diferente quando o tema é futebol. Mas seguiremos tentando, é nossa missão.
Fonte: Espn (Mauro Cézar Pereira)
Esse Mauro Cezar é muito bom comentarista
Pra quem viu ao vivo (meu caso) o “rebate” do Cuca ao Mauro, não tem dúvida que o Cuca é mesmo Chorão. Pau nele Mauro….. kkkk
Os burros não gostam de pensar e muito menos de ser questionado.
Caraca belo texto do Mauro!! Podemos trazer para nossa realidade FLAMENGO… hoje tem um monte q xinga qdo descordamos de alguma coisa.. Simplesmente por causa dos resultados… claro q tem alguns q exageram nas críticas… mas muitos aq estao qrendo ver apenas o Mengao mais forte…. sem precisar matar a gente do coração todo jogo. Kkk