A cúpula do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) vê as punições aplicadas a Palmeiras e Flamengo como exemplos para futuras decisões em casos de violência de torcida. Ambos os clubes tiveram setores de seus estádios fechados, sendo no caso palmeirense os locais das organizadas, por três ou cinco jogos. Há no STJD, no entanto, o reconhecimento de que serão necessários ajustes nas penas.
Na semana passada, o pleno do STJD decidiu fechar o setor Norte do estádio palmeirense, e 20% de arenas onde o Flamengo jogar, além de impedi-los de ter torcidas visitantes. Foram sanções pela briga entre torcidas dos dois times em jogo do primeiro turno, no Mané Garrincha.
Segundo o presidente do STJD, Ronaldo Piacente, as punições foram uma espécie de benefício do tribunal porque as diretorias dos dois clubes demostraram não ter ligação com as organizadas. Se não fosse por isso, os dois teriam de jogar com portões fechados sem nenhum torcedor.
”Foi o principal fator. Palmeiras e Flamengo informaram que não davam nada para as organizadas. Sim, vai ter isso para outros clubes que façam o mesmo”, contou Piacente. ”Se o clube beneficiar organizada, não terá essa ideia. Desde que não financie, a ideia é essa. A ideia é evitar punir os outros torcedores.”
Questionado como verificaria quais diretorias cumprem o pré-requisito, Piacente admitiu que não tem poder de investigar cada dirigente. Disse que vai realizar uma pesquisa a cada julgamento similar.
Em seguida, ele afirmou que a punição para torcida visitante era para impedir que os ingressos fossem repassados às organizadas. O blog questionou então por que as diretorias de Flamengo e Palmeiras dariam bilhetes às uniformizadas se teoricamente não têm relação com estas. ”Não sei se repassam. É só para garantir.”
Essa é uma das questões surgidas pelas penas aplicadas pelo STJD. Outro empecilho é que torcedores de organizadas podem acabar indo ao estádio sem uniforme, como admitiu o próprio presidente do tribunal.
”Cai por terra a punição se puderem entrar todos em outro setor. Cade ao clube fiscalizar. Não tem como evitar que dois ou dez membros entrem com camisas brancas (neutras). Mas não pode um grupo grande com faixas”, contou Piacente. Ele admitiu que o ideal seria um controle rígido na entrada, mas não acha que isso é possível.
Outra ajuste necessário ocorrerá se o Palmeiras não mandar algum jogo no Allianz Parque. Neste caso, o setor das organizadas no Pacaembu deve ficar fechado, segundo Piacente.
”Estamos quebrando um paradigma. É uma lei nova. Vão surgir problemas. É um primeiro passo. Vamos tentar acertar aos poucos”, contou o presidente do STJD.
Por fim, Piacente disse que a ideia da punição às organizadas surgiu de conversas com presidentes do clubes que relatavam ser ameaçados por estas. Segundo ele, as uniformizadas fazem chantagem exigindo benefícios ou soltarão rojões e brigarão para prejudicar os clubes, que seriam punidos com portões fechados.
Fonte: Rodrigo Mattos