A proposta era diferente. Ter Sheik e Guerrero mais próximos, Mancuello e Diego também, com alternância de posições entre os dois meias. Mas passou longe de dar resultado, como admitiu o técnico Zé Ricardo após a partida. As principais chances saíram no jogo aéreo – aproveitando a altura de Réver (1,92m), o que já havia acontecido contra o Internacional. Pelo chão, quem criou mais e com até certa facilidade foi o Corinthians. Os espaços no setor defensivo do Fla apareceram como há tempos não se via. E não foi culpa só de jogadores que deviam cuidar da marcação voltarem mais rápido, ma também disputas de bola pelo alto e posicionamento equivocado dos homens de proteção.
A velocidade do Corinthians surpreendeu os rubro-negros no início da partida mais de uma vez. Foi assim num lance banal, que saiu de um chutão após o gol de impedimento de Guerrero – esse assinalado corretamente. Vaz perdeu a disputa para Romero e Márcio Araújo, William Arão, distantes atrás do corintiano, e Réver, longe na frente do atacante rival, assistiram a Guilherme chutar colocado – com falha de Muralha.
Antes do Flamengo empatar com o gol de Guerrero de cabeça, em impedimento, o Corinthians teve mais duas chances claras de gol. Giovani Augusto escapou nas costas de Vaz, ajeitou para Guilherme, que tentou encobrir Muralha. Novamente, o atacante, que não fixava posição e confundia o setor defensivo do Flamengo, estava solto. Se tocasse então para Giovani de volta, o estrago poderia ser maior. Logo depois, Romero fintou Vaz e tinha Guilherme sozinho, mas o chute do paraguaio foi para fora para alívio de 60 mil pessoas no Maracanã.
Sheik longe do gol no primeiro tempo
A surpresa do dia era Emerson Sheik. E também Mancuello, que voltava ao time depois de quatro jogos sem entrar em campo. O argentino tem característica distinta de Everton, Gabriel e Fernandinho. Chuta mais – e foi assim que ameaçou duas vezes. Uma para defesa sem grandes esforços de Walter. A outra resultaria no gol de Guerrero, que foi anulado por impedimento. Mas ele não chega no combate de Rodriguinho, no segundo gol corintiano. A jogada se desenha no misto de espaço encontrado e rapidez corintiana. O autor do gol passa por Mancuello, toca a bola antes do carrinho de Réver e recebe na frente. Márcio Araújo não cobre, e Rodriguinho finaliza solto – claro que com a contribuição de um corta luz de rara felicidade de Guilherme, de longe o melhor jogador da partida no primeiro tempo.
Jogador mais velho em campo, Emerson, de 38 anos, tentava acompanhar lateral até o fundo, como fazia com disciplina impressionante nos velhos tempos de… Corinthians de Tite. Mas foi tímido no primeiro tempo e terminou sendo praticamente inútil a proposta de Zé de aproximá-lo de Guerrero, diante de tantas obrigações defensivas. A única boa jogada da dupla foi quando o peruano enfiou bola no meio da zaga corintiana, mas Walter saiu bem. Sheik ainda tentou tabela com Mancuello e chutou uma vez a gol, sem perigo na primeira etapa.
Fernandinho e dupla: os fatores da pressão rubro-negra
No campo de defesa, os corintianos fecharam os espaços do Flamengo. Com duas linhas de quatro postadas – Romero do lado direito e Marquinhos Gabriel na esquerda voltavam e muitas vezes Guilherme deixava o time paulista com 10 atrás da bola esperando o rubro-negro -, o Corinthians tapou bem as tentativas de troca de passe do Flamengo. A saída do time de Zé Ricardo não foi lá muito original: com 33 bolas na área, o jogo ficou disputa pelo alto.
Réver cabeceou quatro vezes nas várias tentativas do Flamengo no jogo aéreo. Uma delas iniciou a jogada do segundo gol de Guerrero. Para ter ideia, nos últimos jogos, o time rubro-negro havia levantado mais vezes a bola na área contra o São Paulo, com 18 tentativas. Contra o Internacional, quando Réver marcou de escanteio, foram três vezes mais bolas aéreas do que contra o Corinthians.
Como reconheceu Zé Ricardo, a “simples entrada” de Fernandinho melhorou o time do Flamengo. A primeira jogada do ponta foi vertical e com velocidade. A tabela com Guerrero virou chute a gol. No córner, o peruano empatou. A pressão do Flamengo, àquela altura com o Corinthians com um a menos, não tinha muita organização. “Faltou calma” e sorte, considerou Zé Ricardo. No fim, Sheik e Guerrero se encontraram com mais facilidade, mas as finalizações não foram boas.
O jovem técnico do Flamengo era um defensor do modelo de jogo que fez o Flamengo subir e se manter no alto da tabela durante todo o Brasileiro. A intenção de jogar com Sheik e Guerrero, e Mancuello no meio de campo, trazia uma aposta: um time mais técnico. Mas, ao mesmo tempo, mais lento. Os velocistas Everton (que não volta tão cedo) e Gabriel foram titulares na maior parte da trajetória do Fla. Zé deu a entender após a partida que a pré-determinação do time em atuar no modelo anterior confundiu um pouco a equipe. Tanto é que trouxe o time para o sistema antigo no intervalo. Na reta decisiva do campeonato, a dúvida – que pode trazer insegurança – é um desafio para Zé Ricardo e o time do Flamengo.
Fonte: Globo Esporte
“A intenção de jogar com Sheik e Guerrero, e Mancuello no meio de campo, trazia uma aposta: um time mais técnico. Mas, ao mesmo tempo, mais lento.” — Novidade… &;-D
Zé Ricardo deveria ter mantido o time jogando da maneira que já está acostumado. Nessa altura do campeonato não dá pra fazer muitas mudanças no sistema de jogo.
Não quero dar uma de defensor do técnico, mas não posso deixar de destacar o fato que é até engraçado, porque após a derrota pro Inter e a consequente lesão do Everton, a maioria bradava aos 4 ventos que o técnico não teria mais desculpas pra continuar com o esquema dos pontas velozes porque já estaria manjado e tal. Diziam ser sua obrigação jogar no 442 com o Mancuello.
Bem, agora após o novo fracasso sem vencer com o 442 dizer que deveria ter mantido a tática, pode até não ser, mas fica parecendo aquela história de engenheiro de obra pronta.
O problema não foi o Mancuello, e sim a utilização do Sheik no 1º tempo ao invés do Fernandinho e o excesso de bolas aéreas, que faz com que a reposição de bola num time com atacantes velozes se torne uma arma eficaz. A bola no chão do Flamengo faz com que o time adversário fique mais preso a marcação, tornando o contra ataque não muito eficaz. Se não existe a marcação na linha de frente, o adversário toma gosto e cresce, e obrigar o Sheik a idade dele fazer essa marcação é sacanagem com ele e a equipe. Até o Diego sumiu, sem falar no Arão, então o ZR errou feio nas últimas duas partidas ao mudar o esquema para um time sem as peças necessárias e o treinamento adequado.
SRN7
Não discuto isso, mas se valesse algo para o que quero dizer, eu procuraria todos os que pediram essa formação e principalmente os que a aprovaram logo após ela ser divulgada e verificaria se eles não fazem parte dos atuais “engenheiros de obra pronta”.
Na verdade o Zé Ricardo inverteu o esquema nos últimos dois jogos. Ao invés de jogar no 4-4-2 no Sul com Damião e Guerrero no ataque segurando os dois zagueiros lá atrás ele optou por adotar esse esquema contra os pixulecos. Garanto que qualquer um aqui dessa coluna não escalaria o Sheik contra os pixulecos.
Sheik no 1º tempo é loucura, e tentar jogo aéreo é a incoerência por completo.
SRN7
O time estava desconcentrado. Guerrero ficando impedido toda hora. Sistema defensivo marcando a bola e deixando os atacantes do Corinthians livres. Sem contar que ficou com espaço demais entre as linhas. Se a marcação tivesse boa, não saia nenhum dos dois gols do Corinthians.
O Flamengo surpreendeu com a bola no chão, e se tornou um time empolgante jogando dessa forma, e agora nos momentos decisivos o ZR resolve mudar a forma de jogar???
Ele é tido como grande estudioso e que estuda o adversário, será???
Todos sabem que o Corinthians tem na velocidade de seus atacantes a arma preferida para surpreender os seus adversários, então porque se utilizar do jogo aéreo se os nossos defensores não tem explosão para retornarem com segurança? Não tínhamos um Damião no 1º tempo, e cabeçada de Guerrero é do jeito que vimos, na marra (não desmerecendo os 2 gols, mas somos muito mais que isso).
Quando não se marca a saída de bola, o adversário toma gosto e o ímpeto cresce, então porque começar com Sheik e não com Fernandinho? Porque toda hora cruzar no 1º pau, e não na grande área aproveitando o que temos de melhor, Diego e Mancuello? São tantos questionamentos, e nenhuma resposta coerente do nosso técnico. O que vejo é um grande jogador como Mancuello ser queimado pelos equívocos do técnico. Viram como o Diego ficou sumido?
Se o ZR cismar de inventar, corremos o risco da libertadores ficar longe de um leve aroma no ar.
Torço para que o bom senso volte, e possamos seguir rumo ao hepta ou a fase de grupos da libertadores.
SRN7